Iara Rennó lança álbum “Oríkì“ em exaltação à tecnologia iorubá de saudação do espírito
Fruto de mais de 13 anos de produção, obra celebra a cultura mítica dos orixás com participações de nomes como Tulipa Ruiz, Carlinhos Brown, Criolo, Anelis Assumpção, Lucas Santtana, Thalma de Freitas, Curumin e Rob Mazurek
Uma exaltação à cultura dos orixás, influência fundamental na produção musical brasileira em todos os tempos, o álbum “Oríkì“ é também um marco na trajetória artística de Iara Rennó. Com sonoridade afro-brasileira singular e universal, a obra é fruto de mais de 13 anos de pesquisa, criação e produção. As 13 músicas, sendo 12 inéditas (“Ave Leve“ foi gravada por Virgínia Rodrigues no álbum “Cada Voz é Uma Mulher“) são dedicadas aos orixás mais populares no Brasil e foram compostas a partir de transcriações de orikis milenares da tradição nagô. As gravações, iniciadas em 2009 no icônico estúdio El Rocha, contam com participações de nomes como Tulipa Ruiz (num registro inédito que precede seu álbum de estreia), Anelis Assumpção, Lucas Santtana, Curumin, Criolo, Carlinhos Brown e Thalma de Freitas e enfim serão apresentadas ao público no dia 20 de maio, em todas as plataformas de streaming.
Primeira parte de uma obra composta por dois álbuns irmãos inéditos, “Oríkì“ & “Ori Okàn“, o disco ganha novos elementos para, finalmente, nascer para o mundo. Com linguagem musical que combina tambores tradicionais e instrumentação jazzística e pop, o aguardado álbum de Iara cria uma ponte por meio de tempos e camadas sinestésicas. Há uma atmosfera de mistério que aguça a percepção do ouvinte a sentir através do ritmo e da descrição de atributos qual orixá é celebrado pela música – já que na maioria delas o nome da entidade evocada não é citado. A idealização do projeto surgiu em 2009, quando Iara criou uma instalação sonora no Museu Afro Brasil, intitulada “Oríkì in Corpore“. A exposição contava com 12 obras, cada uma destinada a um orixá, que recebeu uma canção. O processo resultou no álbum “Oríkì“, obra fonográfica que permaneceu inédita e inacabada até então.
Algumas faixas tem letra do ensaísta Antonio Risério (publicadas em seu livro “Oriki Orixá“) musicadas por Iara. Outras foram criadas a partir de pesquisas dos oriki registrados por grandes conhecedores do tema, como o Babalorixá Sikiru Salami, originando o ‘neo oriki’ – poema contemporâneo de homenagem aos orixás. O segundo álbum – diferenciado pela sonoridade, conceito estético e forma de abordagem do assunto, e, a partir desse contraste, complementar ao primeiro – será lançado em 2023.
Com direção artística e produção musical da cantora, compositora e poeta, “Oríkì“ tem, além dos tambores tradicionais, instrumentação elétrica, diversificada e uma narrativa específica, própria dos oriki, para descrever os deuses africanos. Já o segundo disco promete uma instrumentação mais acústica e intimista, com canções que abordam o universo dos orixás de forma mais subjetiva. No time de excelentes músicos que performam nas faixas de “Oríkì“ estão nomes como Kiko Dinucci, Curumin, Maurício Badé, Guilherme Granado, Lucas Martins, Simone Sou, Marcelo Jeneci, Guilherme Held e Simone Julian.
Há dois anos, em 2020, a trajetória artística e pessoal de Iara levou a artista a mergulhar no processo de iniciação no candomblé. Foi no terreiro que concebeu uma nova safra de composições, numa ação espelhada de criação e renascimento. As novas músicas nascem conectadas com o projeto adormecido, ressaltando a relação de diálogo e complementaridade da obra. O material registrado em 2009 teve suas memórias atualizadas e recriadas com a vida que segue às gravações, resgatando a herança cultural dos oriki africanos e suas reverberações na música brasileira. Assim, “Oríkì“ é uma obra transpassada por bases e fundamentos que promovem um resgate histórico-cultural e uma história pessoal, trazendo valores simbólicos objetivos e subjetivos.
“Oríkì“, o álbum, faixa a faixa
“Oríkì“ abre com a saudação geral “Àgò Mo Júbà Orí Ọkàn Oríkì”, composta por Iara e interpretada pelo trompetista e cornetista norte-americano Rob Mazurek, que já colaborou com lendas como Pharoah Sanders, Yusef Lateef, Bill Dixon e Roscoe Mitchell e fundou o São Paulo Underground. Gravada no estúdio El Rocha há 13 anos, a abertura saúda alguns dos principais orixás cultuados no Brasil e que serão cantados individualmente ao longo das doze faixas seguintes do álbum, na voz de Ronaldo de Oxalá, Ogan do terreiro de Candomblé Ilê Opó Aganju, de Salvador. Começa a jornada maravilhosa por “Oríkì“: seja bem-vinde a esta imersão por todos os sentidos por meio da tecnologia de saudação do espírito.
Quem inaugura as celebrações de “Oríkì“ é Exu, orixá do movimento, da transformação e dos caminhos, que possui a tecnologia de se deslocar no espaço-tempo. Com synths e calimbas eletrônicas assinados por Kiko Dinucci, única faixa totalmente criada e gravada em 2022, “Laròyé L’Ọ̀nà” é em si uma viagem temporal, já que inaugura a obra e foi a última faixa a ser concebida, no encerramento de um longo ciclo criativo. Composta a partir da tradução livre de Iara para o oriki de Exu, encontrado no livro “Tratado de Orikis”, a música representa exatamente a pedra do Itan (relatos míticos) iorubá “Exu matou um pássaro ontem com a pedra que só atirou hoje”. A faixa conta com percussão de Maurício Badé e Alysson Bruno e magistral arranjo de sopros escrito por Ed Trombone – gravado por Ed e Daniel Verano.
Na terceira faixa, quem encontra Iara para saudar Ogun é Criolo, em “Patakorí O”, com voz gravada em 2022 sobre a base de 2009. Criolo conheceu e incentivou a obra desde 2009 e agora, presenteia o orixá com a vitalidade e força de sua voz. Composição de Iara a partir de estudo de diversos oriki tradicionais para Ogun, a faixa traz Simone Sou na bateria e percussão, Lucas Martins no baixo, Maurício Badé na percussão e Guilherme Held na guitarra, e conta ainda com o coro de uma das mais novas gerações de cantores da família materna da artista, os Espíndola, integrado pela irmã Luz Marina e pelos primos Dani Black, Clarice e Lucas Espíndola.
Também registrada em 2009, a base de “Ewe O” ganhou voz e teve melodia e letras recriadas por Iara em 2022. A composição assinada pela cantora se deu a partir de estudo de diversos oriki tradicionais para Ossain, mas com uma interpretação mais livre. A música traz na introdução o linguista e músico Dámilaré Faladé – que recita um oriki tradicional para Ossain.
Um dos grandes parceiros musicais de Iara, seja como instrumentista, produtor musical do álbum “Flecha“ (2016) ou em diversas composições de canções, Curumin canta ao lado da artista e toca bateria em “Uma Flecha (Òkè Aró)“. Segundo single lançado do álbum “Oriki“. A sintonia entre Iara e Curumin saúda o orixá Oxóssi, associado à caça, às florestas, aos animais, à fartura e ao sustento. Assinada por Iara, a composição foi inspirada em um Oriki (poesia de saudação que fornece atributos) transcriado pelo poeta e ensaísta Antonio Risério, a partir de traduções do Babalorixá Sikiru Salami e do fotógrafo e etnólogo franco-brasileiro Pierre Verger de orikis tradicionais. Iara canta, toca guitarra e assina a produção da música, que traz arranjo de metais de Daniel Verano e Marcelo Monteiro. A faixa conta ainda com Lucas Martins (baixo), Maurício Badé (Percussão), Daniel Verano (trompete), Marcelo Monteiro (sax barítono) e Paulo Henrique (trombone).
Antes de sua estreia com o álbum “Efêmera” (2010), Tulipa Ruiz canta na música “Feito Chuva (Arroboboi)”, dedicada a Oxumarê, em gravação inédita de 2009, realizada no estúdio El Rocha. A composição de Iara Rennó nasce a partir de oriki transcriado por Antonio Risério, que por sua vez parte das traduções de Sikiru Salami e Pierre Verger de oriki tradicionais. Oxumarê tem o poder da divinação e caminha entre o céu e a terra como uma cobra que se transforma no arco-íris, trazendo a abundância e está ligado às mudanças de ciclos. Tocam na faixa Guilherme Granado (vibrafone e marimba), Curumin (bateria), Maurício Badé (percussão), Iara Rennó (chocalho) e Lucas Martins (baixo).
Composição de Iara a partir de estudo de oriki tradicionais para Nanã mas com uma interpretação mais livre, a mântrica “Saluba” conta com arranjos vocais sofisticados que transpassam a base etérea construída por percussão de Maurício Badé e vibrafone de Guilherme Granado.
Em “Pedra de Raio (Káwo Kábiyèsí Ilè)”, Carlinhos Brown traz sublimes contrapontos num diálogo melódico com a voz de Iara, cantando para Xangô. Mais uma música nascida a partir de oriki transcriado por Antonio Risério, a faixa traz percussão de Maurício Badé, bateria de Curumin, baixo de Lucas Martins e clavinet, wurlitzer e juno de Marcelo Jeneci.
Ventilada pela sabedoria firme da voz de Anelis Assumpção, a faixa “Éèpà Ripá Ọya O” é dedicada a Iansã. Juntos, os timbres de Iara e Anelis transcendem a faixa que parece fundir-se com os sons da ventania num sopro certeiro. O ambiente instrumental para elevar tal magia vem das mãos de Simone Sou (bateria e percussão), Guilherme Held (guitarras), Alfredo Bello (moog), Lucas Martins (baixo), Daniel Verano (trompete) e Paulo Henrique (trombone).
Única música feita a partir da tradução da letra de um Orin (uma cantiga iorubana), “Ave Leve (Ore Yèyé O)” celebra Oxum. A faixa traz destaque para o coro da família Espíndola, contando com a irmã de Iara, Luz Marina, e seus primos Dani Black, Clarice e Lucas Espíndola, acompanhados pelo piano de Marcelo Jeneci e baixo acústico de Márcio Arantes.
Em mais um dos preciosos encontros vocais de “Oríkì“, Lucas Santtana e Iara saúdam Omolu em “Dentro da Boca (Atotô)”, numa faixa introspectiva e enigmática.No processo de desaguar “Oríkì“, a penúltima faixa, “À Flor D’Água (Odòyá)”, é oferecida a Iemanjá. Co-produzida por Simone Sou e com arranjo de sopros Iara Rennó e Simone Julian, a faixa conta com kalimbas, percussão e programação eletrônica de Simone Sou, flautas e clarone de Simone Julian, baixo acústico de Alfredo Bello, violão de Iara Rennó e percussão de Maurício Badé e Alysson Bruno.
Em “Bàbá Ori“, Iara convida outra grande parceira de vida e arte, Thalma de Freitas, para saudar Oxalá em sua companhia, no encerramento do álbum. A reverência convertida em canção pop foi composta a partir de poemas tradicionais de saudação à Oxalá, orixá da cultura de Ifá na África e cultuado em Candomblés, Umbandas, Santerias, entre outras religiões nas Américas, por onde chegou a diáspora africana. A faixa conta ainda com Marcelo Jeneci (Clavinet e wurlitzer), Lucas Martins (baixo), Curumin (bateria), Maurício Badé (percussão), Paulo Henrique (trombone), Daniel Verano (Trompete) e com o coro da família Espíndola.
Oríkì, por definição
Ori (cabeça, destino, espírito, essência ancestral) e ki (do verbo saudar).Oriki significa Saudação ao Espírito.
“Um Oriki é acima de tudo uma reza, uma evocação. Um Oriki é uma oração que une não só palavras bonitas, mas sentimentos e sentidos, e que às vezes nem saem do jeito que deveriam sair, na hora em que a gente quer, mas somente na hora em que eles, os orikis, querem.(…) Tudo é motivo para um oriki. Devemos praticar bastante, mas nunca só com a razão, porque somente as palavras vindas do coração sabem orar.”
Ana Maria Gonçalves, em Um Defeito de Cor.
Os oriki chegaram ao Brasil nos navios negreiros, carregados nos corpos dos africanos escravizados. Com o passar do tempo, os afro-descendentes foram adquirindo novos hábitos, abandonando velhas tradições e inventando novas – processo natural de adaptação a um novo ambiente, a novas condições de existência, e nesse processo, seu uso como rito cotidiano e social foi por vezes abandonado.
No entanto, os oriki foram preservados na esfera do sagrado, pela vida cultural-religiosa do candomblé: os oriki de orixás, que são milenares e vêm sendo repetidos através das gerações. Mais recentemente os oriki vêm recuperando seu valor artístico-cultural, sendo reconhecidos como uma “poética subterrânea” que repercute no espaço do texto criativo do Novo Mundo”. No Brasil, essa valorização começa a partir da década de 1960 – corroborada pelas primeiras traduções para o português feitas por Síkírù Sàlámi, Sylvio Lamenha e Pierre Verger, com uma gradativa disseminação de oriki e de “neo-oriki”, por exemplo nas letras de Caetano Veloso e Gilberto Gil. É portanto imprescindível que esta ressignificação enquanto herança cultural da raiz africana esteja na pauta hoje.
Apesar das culturas Iorubá, Banto e Jejê serem as bases do que chamamos de cultura brasileira – tanto mais e nossa música – toda essa expressão tem sido marginalizada e oprimida durante séculos, vítima do racismo e do preconceito religioso, por isso a necessidade desta reafirmação constante e também de se levar o conhecimento para o público leigo, hoje e sempre. Além de criação artística, “Oríkì“ e “Orí Okàn“ é também memória, resgate e história, que cria uma ponte do passado com o presente. Uma contribuição para a preservação cultural que fomenta sua pesquisa e relação com outras artes (dança, música, literatura) na sociedade como um todo.
Sobre Iara Rennó – Cantora, compositora e poeta possui mais de 100 músicas gravadas por intérpretes como Elza Soares, Ney Matogrosso, Lia de Itamaracá, Gaby Amarantos, Jaloo, Ava Rocha e Virgínia Rodrigues. A artista atua também como instrumentista, arranjadora, apresentadora, atriz, poeta, diretora artística, diretora e produtora musical. No final de 2021 estreou seu primeiro filme, “Transflorestar – Ato I”, na 19ª Festa Literária Internacional de Paraty. Obra híbrida com direção, roteiro e atuação de Iara Rennó, montagem e videoarte de Mary Gatis, direção de arte de Alma Negrot e participações de Curumin e Ed Trombone, apresenta parcerias com Ava Rocha, Tetê Espíndola e Alzira E, além de falas documentais do xamã yanomami Davi Kopenawa e da filósofa burquinabesa Sobonfu Somé.
Em junho de 2021 lança “Pra Te Abraçar“, disco de músicas inéditas produzido a partir da web série homônima. Em 2020, lançou o álbum “AfrodisíacA“, projeto intersemiótico reunindo poesia, música e videoarte. Em 2019, trabalhou principalmente em dois grandes projetos, os musicais “Macunaíma Ópera Tupi“, “Transcriação“ (SESC Vila Mariana, SP, fevereiro) e “Pretoperitamar – O Caminho Que Vai Dar Aqui“ (SESC Pompéia). Entre discos solos e em grupo, sua produção contempla nove álbuns, entre eles “Arco e Flecha“ (2016, Yb music/ Selo Circus). Em 2018, gravou na TV Cultura o programa Pratinho da Iaiá, onde atua como apresentadora e assina a trilha. Em 2015, Iara lançou sua primeira aventura literária, o livro de poesia “Língua Brasa Carne Flor” (Editora Patuá). Foi cursando a Faculdade de Letras na USP que Iara iniciou a musicalização de trechos do livro “Macunaíma – O Herói Sem Nenhum Caráter“, o que veio a se tornar seu maior e mais importante projeto, gerando diversos frutos, como disco Macunaíma Ópera Tupi (Selo SESC 2008), tão reconhecido pela crítica e público e que derivou diversos espetáculos desde então, tais como “Macunaíma No Oficina – Ópera Baile“ (Teatro Oficina – dezembro de 2010); “Macunaíma Ópera Tupi – Trans_criação“ (Sesc Vila Mariana, fevereiro de 2019); “Macunaíma Música e Prosa – Aula Show“; e “MACUNAS“, em diversos shows que circularam pelo Brasil durante muitos anos e com breve passagem pela Europa. Seu primeiro projeto autoral na música foi a banda DonaZica, encabeçada por Iara, Andreia Dias e Anelis Assumpção, que lançou os álbuns “Composição“ (2003) e “Filme Brasileiro“(2005). Iara iniciou sua carreira cantando com a mãe Alzira E além de ter integrado a banda de Itamar Assumpção como vocalista, no período entre 2000 a 2003. De 1998 a 2002 cursou a Faculdade de Letras da FFLCH, USP SP.
ORÍKÌ
Ficha técnica
Intérpretes convidados: Thalma de Freitas, Anelis Assumpção, Criolo, Carlinhos Brown, Curumin, Lucas Santtana, Tulipa Ruiz e Rob Mazurek
Músicos: Kiko Dinucci, Curumin, Maurício Badé, Lucas Martins, Simone Sou, Marcelo Jeneci, Guilherme Held, Guilherme Granado, Marcelo Monteiro, Ed Trombone, Daniel Gralha, Paulo Henrique, Alfredo Bello, Marcio Arantes, Simone Julian e Alysson Bruno.
Coro: Lucas Espíndola, Luz Marina, Clarice Espíndola, Dani Black
Gravação e mixagem: Gustavo Lenza
Masterização: Felipe Tichauer
Produção musical: Iara Rennó
Arte e design gráfico: Mayra Muniz
Animação: Dreamland Digital
Direção de Arte (fotos e visualizers): Felipa Damasco
Fotografia: Cai Ramalho
Assistente fotografia: Ro Rocha
Moda/Figurino: Naná Milumbê
Assistente de Figurino: Claudia Petrodo
Apoios Moda/Figurino: Dani Guirra, Ojire Art, Helena Pontes, Mônica dos Anjos e acervo pessoal do artista convidado
Maquiagem/ Beleza: Chris Ravenna
Assistente de arte e objetos: Thaís Regina
Gibo Laboratório Fotográfico Profissional
Direção artística: Iara Rennó
Produção executiva: Paloma Espíndola
Coordenação: Juliana Sá
Comunicação: Fernanda Couto
Marketing digital: Dreamland Digital
Consultoria yorùbá: Dámiláre Fáladé
Lançamento: Dobra Discos
Realização: Governo do Estado de São Paulo, Secretaria de Cultura e Economia Criativa, ProAC Editais 2021 e Macunaópera Produções Artísticas
Com informações: Fernanda Couto Assessoria de Imprensa