Cantora mineira Aline Calixto lança “Clara Viva”, álbum em que celebra a obra de Clara Nunes
Ouça aqui: https://bit.ly/alinecalixto_claraviva
Show de lançamento, no dia 17 de agosto, no Grande Teatro do Sesc Palladium (Belo Horizonte)
https://bileto.sympla.com.br/event/85315/d/208148
“Há 10 anos, recebi um convite pra fazer um show em homenagem à Clara. Não hesitei um só segundo, por se tratar de uma das maiores cantoras que esse país já conheceu e também por ela sempre ter sido uma das minhas grandes referências. Uma mulher que rompeu inúmeros paradigmas e fez uso de sua visibilidade para disseminar uma parcela da cultura brasileira, muitas vezes, negligenciada. Agora, passada uma década, esse mesmo show, que me marcou tanto, vai se materializar através de álbum. Esse registro é um verdadeiro sonho que se torna real”, afirma Aline.
Segundo Vagner Fernandes, “Clara Nunes já foi reverenciada por muitas cantoras. Mas poucas ousaram trilhar por caminhos não óbvios. Aline o faz de forma grandiosa e surpreendente. Seleciona canções que não integram os “greatest hits” da inigualável mineira, sem esquecer de registrar, no entanto, parte importante de um cancioneiro ainda muito presente nas memórias afetivas da coletividade. Sabiamente, pesca “Tributo aos orixás”, samba-de-enredo de 1971, do extinto bloco Foliões de Botafogo, que Clara gravaria em “Clara, Clarice, Clara, álbum de 1972. Pois foi justamente tal preciosidade, de autoria encabeçada por Mauro Duarte, que impulsionou Aline Calixto a gerar “Clara viva” há dez anos, durante um evento literomusical de que participamos juntos. Jamais testemunhara, até ali, uma interpretação tão perfeita, além da impressa por Clara, para essa criação suntuosa de Duarte.
Materializado o projeto, o que há é um verdadeiro relicário musical que só potencializa a dimensão extraordinária do legado de Clara Nunes. Embalado pela sonoridade que alude às folias de reis, com caixa, pandeiro, viola, triângulo e flauta, Aline recorre às origens de sua homenageada, cujo pai, Seu Mané Serrador, era integrante de um grupo que saía anualmente pelas ruas da cidade para comemorar o nascimento de Jesus, por doze dias, indo de porta em porta nas casas, cantando e dançando. Como toda companhia de reis, Aline Calixto também tem o seu estandarte, semelhante ao do bloco “Filhas de Clara”, do qual é fundadora. Mas, sem nos deixar dúvidas, denota com “Clara viva” que, apesar de “filha”, tem identidade e luz próprias.”.
Vagner Fernandes é jornalista, escritor e biógrafo de Clara Nunes
Faixa a Faixa por Aline Calixto
1 – Guerreira
Guerreira é meio que uma música de apresentação, onde Clara explicita sua mineiridade, sua conexão com o samba e principalmente, sua devoção religiosa. Na faixa ela saúda vários Orixás e entidades e reforça sua ligação com seus Orixás de cabeça Ogum e Iansã.
2 – Você Passa e Eu Acho Graça
Esse foi o primeiro samba mesmo que Clara Nunes gravou. Composição do também mineiro Ataulpho Alves e de Carlos Imperial, um samba dolente que marcou de vez a entrada de Clara no mundo do samba.
3 – Fuzuê
Sempre fui fã do trabalho autoral do Toninho Nascimento, que ao lado de Romildo Bastos assina essa música. Clara deu voz a “Fuzuê” que é a perfeita união do samba e da capoeira. É de fato uma das minhas preferidas e jamais gravaria um tributo a Clara sem que essa música estivesse.
4 – Conto de Areia
A mesma dupla de “Fuzuê” também assina essa que se tornaria o samba mais conhecido de Clara Nunes. Foi a primeira música dela que eu tive contato.
5 – Afoxé pra Logun
Afoxé pra Logun é o mais lindo afoxé que já ouvi. Composição do mestre Nei Lopes, que Clara gravou no disco “Nação” e que agora também faz parte de “Clara Viva”. Um belíssimo afoxé que conta a história do orixá Logun Edé.
6 – Nação
Um samba belo, forte, que retrata o nosso país entrelaçando a história com o orixá Oxumaré. A faixa deu o nome ao último disco que Clara gravaria. Uma verdadeira obra prima composta pelo também mineiro João Bosco, por Paulo Emílio e Aldir Blanc. Assim como Clara também sou de uma religião afro-brasileira, a Umbanda. E essa não é somente uma homenagem a Clara, mas também ao meu orixá de cabeça que é Oxumaré.
7 – Um Ser de Luz
É a única faixa do disco que não foi interpretada por Clara por se tratar de uma homenagem póstuma a ela. Um samba carregado de afeto, emoção e saudade. Em “Clara Viva”, optei por registra-lo somente a capela, quase como uma oração entoada em memória de uma das maiores cantoras que esse país conheceu.
8 – Tributo aos Orixás
Essa é mais música dedicada aos orixás. Relata como os orixás chegaram ao Brasil através do povo negro escravizado. É uma linda e forte homenagem aos orixás e no meu disco quis celebrar essa força unindo minha voz às percussões, como fazemos nos terreiros: o casamento entre vozes e tambores.
9 – A Deusa do Orixás
Essa faixa conta um dos Itans (histórias) sobre a orixá Iansã e sua relação com Ogum e Xangô. Assim como Clara, também sou filha de Iansã, então mais que natural dar mais uma vez voz a essa interessante história de amor.
10 – Feira de Mangaio
Embora Clara fosse sempre associada diretamente ao samba, ela se rendeu a outras searas e acredito ser importante trazer essas outras faces dela. “Feira de Mangaio” é um forró pra ninguém botar defeito, composto por Sivuca e Glorinha Gadelha.
11 – O Mar Serenou/Coroa de Areia
O medley de duas composições que vão homenagear a rainha do mar, Iemanjá. Em “Clara Viva”, convidei três cantoras representantes da cena musical mineira para junto comigo saudar a mamãe sereia, Júlia Tizumba, Vi Coelho e Eliza de Sena.
12 – Morena de Angola
Outro grande clássico do cancioneiro de Clara que não poderia ficar de fora. Interessante canção por diversos aspectos. Se trata de um samba feito por Chico Buarque especialmente para ela, inspirado na viagem que ambos juntamente com outros artistas brasileiros fizeram a Angola.
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Com informações: BEBEL PRATES Assessoria de Comunicação