Bel Medula lança o disco “Fermentação”, terceiro ato de sua tetralogia em torno da canção e da palavra
O álbum acompanha o lançamento do livro de poemas Metodologia do Encantamento
A cantora, compositora e pianista Bel Medula apresenta Fermentação, álbum construído a partir da predominância do piano e da voz. Parte de um ciclo de quatro trabalhos — iniciado com os EPs Manifesto e Grão da Escuta (agosto/2025) —, o disco marca um terceiro ato que será concluído com um quarto álbum previsto para 2026. Fermentação tem como música de trabalho a canção Tempo pra Bailinho — que é acompanhada de visualizer em formato vertical produzido por Sofia Vidor —, uma parceria com Dionísio Souza (Kiai Grupo). Ouça aqui e assista aqui.
Marcado pelo caráter experimental de improvisos vocais e pela força da performance ao vivo, as doze faixas de Fermentação propõem uma escuta em que poesia, piano e respiração constroem imagens e atmosferas em tempo real. O disco emerge – através de quatro releituras e oito canções inéditas – da relação com elementos como o silêncio e do registro da essência da criação em seu momento de nascimento.
O projeto foi concebido em 2024 como um show solo de canções e poemas dirigido por Paola Kirst, e manteve esse espírito na gravação realizada no estúdio Pimenta Caseira, em Porto Alegre, por onde o processo de captação privilegiou o fluxo: voz e piano foram gravados simultaneamente, sem cortes ou edições, permitindo que inflexões, improvisos e acasos se tornassem parte da obra. A produção foi compartilhada entre Bel, Diogo Brochman e Luciano Zanatta (LucZan), parceiro frequente da artista.
“Unir nossas sensibilidades em favor daqueles momentos de estúdio, sabendo que a base dos sons viria deles e que seriam imutáveis foi o cerne desse processo de produção. Não é como se não houvesse nenhum senso crítico – não é um ‘vale tudo’, é mais sobre tentar escutar a ‘aura’ do momento. E isso pode ser encarado inclusive do ponto de vista da engenharia de som, pois requer que todos estejam escutando a si e aos outros bem e confortáveis no seu instrumento”, comenta o produtor e engenheiro de som Diogo Brochman.
A ênfase em timbres graves responde a uma marca já presente na trajetória da artista: se antes eles sustentavam seus trabalhos com música eletrônica, em Fermentação aparecem de forma orgânica, na ressonância dos instrumentos acústicos. Ao lado da voz e do piano, somam-se as participações de Tania Melo Neiva no cello; Nando Peters, Dionísio Souza e Kelvin Machado no contrabaixo; Sara Oliveira na voz e LucZan no sax barítono. Juntos, eles expandem a espacialidade das faixas, construindo imagens, cenários e sensações que convidam a uma escuta lenta e degustativa.
Junto ao lançamento de Fermentação, Bel Medula apresenta também Metodologia do Encantamento, seu primeiro livro de poesias, canções e práticas criativas, publicado pela editora Dec Studio, de Salvador. As duas obras dialogam entre si: enquanto o álbum valoriza a palavra poética em sua dimensão sonora, o livro reúne poemas e exercícios de criação que convidam a exercitar a sensibilidade. Na quarta capa, Marília Kosby descreve a escrita de Bel como “um inventário delicado-denso do catar o extraordinário naquilo que há de mais banal”, ressaltando a maneira como a artista transforma detalhes cotidianos em matéria poética.
Os lançamentos do disco e do livro serão celebrados por uma série de eventos em diferentes cidades. No dia 17 de outubro, às 19h, acontece o lançamento do livro no rooftop da Livraria Vanguarda, no Parque Una, em Pelotas (RS). Já no dia 28, às 19h, acontece a audição do álbum na Rádio Agulha, em Porto Alegre, com participação de Marcélo Ferla e Diogo Brochmann, com DJ set de Nanni Rios. No dia 30, às 19h, Bel apresenta o livro Metodologia do Encantamento na Livraria Baleia, também em Porto Alegre, em uma roda de conversa com Marilia Kosby e Nanni Rios. Em novembro, no dia 13, às 18h, o show de lançamento de Fermentação acontece no Centro Cultural da UFRGS, com entrada franca. No dia 24, Bel leva o lançamento do livro Metodologia do Encantamento ao Museu de Arte da Bahia, em Salvador, a partir das 16h, em uma roda de conversa com Flavia Goulart Roza e Claudia Sisan.
Faixa a Faixa por Bel Medula
Tempo pra bailinho – A canção que abre o álbum é uma composição minha onde a voz dialoga com o baixo de Dionísio Souza. Fala sobre a necessidade de pausa e a urgência do tempo, onde as experimentações e improvisos trazem brincadeiras vocais que convidam para tratar a vida com leveza.
Amuletos – Canção que fiz sobre poema da poeta rio-grandina Daniela Delias, que teve uma primeira versão, para voz e eletrônicos, no álbum PeleOsso (2019). Agora, a canção ganhou arranjo para piano e voz e conta com o cello de Tânia Mello Neiva, ampliando seus mundos de significados.
Vertigem – A partir dos versos que a poeta Marília Kosby me dedicou, criei esta canção, onde trago também uma relato sobre miopia e sua relação com a vertigem, em uma experiência metalinguística em que piano e voz dialogam com o baixo de Nando Peters. A canção termina em clima de tango, flertando com os ritmos do sul do mundo.
A medula da noz – A canção propõe um exercício metalinguístico, onde o jogo entre as palavras ‘medula’ e ‘noz’ remetem a inter-relação entre a persona artística Bel Medula e Isabel Nogueira. O baixo de Nando Peters traça contornos para a poesia.
Barco sem mapa – Um caminho entre universos e paisagens sonoras é o que esta canção propõe. Este arranjo foi criado ao vivo, em que meu piano e minha voz dialogam com o baixo de Dionísio Souza – ele natural de Rio Grande, eu, natural de Pelotas. A canção propõe um improviso fluido e experimental. A voz explora sussurros e nuances, trazendo os contornos do movimento das águas que o mar e a lagoa têm.
Um sorvete de manhã – A canção fez parte do álbum A Dança do Caos, de 2023, e agora ganha uma versão em que piano e voz conversam com o sax barítono de Luciano Zanatta. Aliada a um maior destaque para as palavras, o improviso e a experimentação trazem um olhar poético para o cotidiano.
Canção de amor – Tecida a partir da observação de detalhes aparentemente simples, a canção celebra o amor e seus encantamentos cotidianos. A participação especial de Sara Oliveira nos vocais e Kelvin Machado no baixo em diálogo com o piano criou o ambiente singelo para esta celebração amorosa.
Falta pele – Esta canção, criada em 2019, foi gravada pela primeira vez para o álbum PeleOsso. É a terceira canção do álbum e fala sobre amor. Nesta versão traz meu piano e voz em uma brincadeira com o sax barítono de Luciano Zanatta, para quem eu compus a canção. O tango do final traz um novo drama, que dialoga com a próxima música do álbum.
Te dei o mar – O vento, fúria de imensidão, o som das pedras, os abismos. A canção traz imagens que remetem a universos amplos. Criada em 2019, teve sua primeira gravação para o álbum Semente (2021) e agora chega em uma versão expandida em que piano e voz dialogam com o baixo de Dionísio Souza em uma versão criada ao vivo no estúdio.
Desejo – O poema Desejo faz parte do livro Metodologia do Encantamento, que está sendo publicado junto com o lançamento do álbum e também faz parte do show Fermentação.
Jandira – A penúltima canção do álbum celebra e evoca a cabocla Jandira, entidade das matas e das águas. Como todas as canções do álbum, uma gravação em fluxo, sem cortes ou edições, onde a voz dialoga com o piano em tempo real. Uma prece, abrindo caminhos para uma das canções do quarto álbum do ciclo: Café.
A língua inventada – Inspirada nas Cartas do Deserto, que são dispositivos para criação musical. Aqui a improvisação vocal aparece explorando sons e vocalidades para além da linguagem tonal. Gravada em um único take, e com uma segunda voz, dialogando com a primeira. Audre Lorde escreveu que “a linguagem criada para hospedar oprimir não será aquela que irá nos libertar”, e a partir deste alargamento da linguagem, me aproximando da poesia sonora, criei esta faixa.
Agenda
Lançamento do livro em Pelotas (RS) com show de Pedro Nogueira, Mari Mariana e Nubia Kalú – participação especial de Bel Medula
Dia: 18 de outubro
Horário: 20h30
Local: Utopia Casa Bar | Rua Antônio dos Anjos, 908
Entrada franca
Audição do álbum em Porto Alegre (RS) com Marcélo Ferla, Diogo Brochmann e Bel + DJ set de Nanni Rios
Dia: 28 de outubro
Horário: 19h
Local: Rádio Agulha | Av. Cristóvão Colombo, 545 – Floresta
Entrada franca
Lançamento do livro em Porto Alegre (RS) com roda de conversa com Marilia Kosby e Nanni Rios
Dia: 30 de outubro
Horário: 19h
Local: Livraria Baleia | R. dos Andradas, 351 – Centro Histórico
Entrada franca
Show de lançamento em Porto Alegre (RS)
Dia: 13 de novembro
Horário: 18h
Local: Centro Cultural da UFRGS | R. Eng. Luiz Englert, 333 – Farroupilha
Entrada franca
Lançamento do livro em Salvador (BA) com roda de conversa com Flavia Goulart Roza e Claudia Sisan
Dia: 24 de novembro
Horário: 16h às 18h
Local: Museu de Arte da Bahia | Av. Sete de Setembro, 2340 – Corredor da Vitória
OUÇA AQUI | ASSISTA O VISUALIZER AQUI
FICHA TÉCNICA
Fermentação, um disco de Bel Medula, 2025
Bel Medula: voz, piano e direção artística
Luciano Zanatta: sax-barítono em Sorvete de manhã e Falta pele
Tânia Mello Neiva: violoncelo em Amuletos
Sara Oliveira (banda Quarto ao Lado): voz em Canção de amor
Dionísio Souza (Kiai grupo): baixo em Tempo pra Bailinho, Te dei o mar e Barco sem mapa
Nando Peters: baixo em Vertigem e Medula da Noz
Kelvin Machado (banda Quarto ao Lado): baixo em Canção de amor
Gravação, mixagem e masterização: Diogo Brochmann (Dingo), estúdio Pimenta Caseira
Produção musical: Bel Medula, LucZan e Diogo Brochmann
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SOBRE BEL MEDULA
Bel Medula é Isabel Nogueira, compositora, artista sonora, produtora musical e musicóloga natural de Pelotas, com sede em Porto Alegre (RS). Sua produção transita pela canção, pela música eletrônica e pela experimentação sonora, em rituais que entrelaçam glitch, tecnofeminismos e cyberancestralidade. Bacharel em Piano e Doutora em Musicologia pela Universidade Autônoma de Madri, é professora da UFRGS e coordena o Grupo de Pesquisa Sônicas: Gênero, Corpo e Música, além de ser especialista em escuta profunda pelo Deep Listening Institute (EUA), ministrando workshops no Brasil e no exterior.
Com mais de duas décadas de trajetória, lançou álbuns e colaborações por selos do Brasil, Itália, Peru, Argentina e Estados Unidos, entre eles Vestígios Violeta (2014), Voicing (2016), PeleOsso (2019), Luna (2020), Semente (2021), Abala Ladaia (2022), A Dança do Caos (2023), Jacy (2024) e Caleidoscópia (2024), além dos EPs Manifesto e Grão da Escuta (2025). Em 2025, apresenta Fermentação, álbum em formato de piano e voz que integra um ciclo de quatro obras a ser concluído com Café (2026).
Com performances que transitam entre música, poesia e arte sonora, participou de festivais no Brasil e no exterior, como Kinobeat (2016 e 2019), Música Estranha (2017), FIME (2016), Morrodalia (2020 e 2022), Novas Frequências (2020), Electric Medway (Reino Unido, 2021), Feminoise (Argentina, 2018) e Topia (Berlim, 2021). Indicada ao Prêmio Açorianos pelo disco PeleOsso (2020), Bel Medula tem como diferencial a constante experimentação e a capacidade de transitar entre linguagens — música, arte sonora, poesia, audiovisual e performance —, envolvendo um público que aprecia a escuta como experiência criativa e sensível.
Com informações: ASSESSORIA DE IMPRENSA CAFÉ 8