Clássico de Lia de Itamaracá, o álbum Ciranda de Ritmos ganha formato digital
Obra rendeu a cantora circulação pelo Brasil e também pela Europa
Rainha da ciranda e reconhecida como patrimônio vivo da cultura brasileira, oriunda de Pernambuco, Lia de Itamaracá lançou recentemente, via selo Boia Fria Produções, a versão digital de seu elogiado e já clássico disco Ciranda de Ritmos – acesse aqui.
Trata-se do terceiro disco de estúdio da carreira de Lia, que o lançou em 2008, com direção musical do flautista potiguar Carlos Zens. Na época, Ciranda dos Ritmos teve sua produção contemplada com recursos do edital Petrobrás Cultural e até hoje é tido como um dos melhores trabalhos já divulgados por Lia. Até então encontrado somente no formato físico (CD), agora o álbum alcança as plataformas digitais, em mais um movimento de Lia, que pretende dialogar e se aproximar ainda mais de um público jovem que vem resgatando sua história e trajetória por meio da internet.
Com direção musical e participação do flautista e compositor potiguar Carlos Zens, Ciranda de Ritmos tem seu conceito inspirado sobretudo no músico e saxofonista de 90 anos, que acompanhou Lia por quase 4 décadas – Seu Bezerra ou Bezerra do Sax. Seu Bezerra foi autor de seis das 14 faixas do álbum, que inclui cocos, maracatus, frevos, maxixes e cirandas. Na época de lançamento do disco, a turnê de divulgação de Ciranda de Ritmos levou Lia para a Europa e também a colocou num giro pelo Brasil, numa programação que chegou a promover 49 apresentações em 55 dias.
O arranjo da canção “Recife” ficou por conta do Maestro Ademir Araújo, homenageado do carnaval recifense de 2008. Maestro Formiga, como é conhecido, levou a banda sinfônica da cidade para executar seus arranjos em estúdio. Participaram do disco artistas indígenas da tribo Fulni-ô, de Águas Belas (PE); Seu Luiz Paixão, mestre rabequeiro da Zona da Mata pernambucana; e as Filhas de Baracho – Severina e Dulce – que fizeram vocal para Lia em quase todas as faixas.
O choro de Naná
Uma curiosidade especial dos bastidores de gravação de Ciranda dos Ritmos envolve o percussionista pernambucano Naná Vasconcelos (in memoriam). De acordo com o livro “Lia de Itamaracá: Nas Rodas da Cultura Popular” (CEPE Editora), a autora Michele Assumpção revela que durante um dos dias de estúdio, no espaço Fábrica (Recife), Naná chegou de surpresa no local e pode acompanhar parte da gravação. Ao sair da sala, Lia encontrou com Naná, que a abraçava, chorando, chamando-a de “minha mãe preta”.
Ainda de acordo com Assumpção, “o músico, que na época era o grande responsável pela abertura do Carnaval do Recife, perguntou se Lia gostaria de fazer parte da abertura daquele ano, no dia 1o de Fevereiro. E foi assim que Lia embarcou numa experiência inusitada, cantando cirandas ao lado de Naná, Elza Soares e Marisa Monte”. Ouça Ciranda de Ritmos aqui.
Sobre Lia de Itamaracá
Maria Madalena começou a ficar conhecida como Lia de Itamaracá nos anos 1960 e é autora do famoso refrão, recolhido por Calazans: “Oh cirandeiro / cirandeiro oh / a pedra do teu anel / brilha mais do que o sol”. Lia de Itamaracá começou a participar de rodas de ciranda aos 12 anos e foi a única dentre 22 irmãos a se dedicar à música. Segundo ela, trata-se de “um dom de Deus e uma graça de Iemanjá”.
A compositora Teca Calazans foi uma das primeiras pessoas interessadas na cultura popular nordestina a reconhecer o talento de Lia, o que levou a alguns trabalhos desenvolvidos em parceria, como o resgate de músicas em domínio público e novas composições. Na discografia de Lia encontram-se os álbuns: A Rainha da Ciranda (1977), Eu Sou Lia (2000), Ciranda de Ritmos (2008) e Ciranda Sem Fim (2019).
Patrimônio da cultura brasileira, sobretudo da música e poesia oral de Pernambuco, atualmente Lia de Itamaracá vem se apresentando pelo Brasil e fora dele com a tour do disco mais recente, incluindo no repertório clássicos teus como “Quem Me Deu Foi Lia”, e “Morena de Pernambuco”.
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Boia Fria Produções
Há 13 anos no mercado, a Boia Fria Produções é uma produtora cultural, editora musical e selo fonográfico com foco na música negra em todas as suas vertentes, indo desde a MPB, passando pelo jazz, samba, funk setentista, até o rap e soul music nacional. Já trabalhou com artistas de renome como Azymuth, Seu Jorge, Racionais MCs e Elza Soares, e foi responsável pelas carreiras dos rappers Dexter e Rincon Sapiência. Atualmente, administra a carreira de Amanda Magalhães e também se dedica a projetos como o Mestres da Soul e o SP RAP, eleito pelo público do Guia da Folha o melhor festival de 2014, além dos festivais Fico em Casa BR, Favela em Casa e do projeto Diversidartes, que reúne artistas com múltiplas deficiências.
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Com informações: DA LIRA CULTURAL Assessoria de Imprensa