Grupo Delírio Cabana lança seu novo EP
Afeto, corpo e encantaria guiam o lançamento das seis primeiras canções autorais do grupo manauara Delírio Cabana, que surgiu no curso do Rio Amazonas entre Manaus e Santarém.
Ouça aqui: https://onerpm.link/deliriocabana
Assista os Vídeos: https://youtube.com/playlist?list=PLmBVX_IQpl3rofzOjpV5ZeLWd5akQLjtS&si=vDYXlplEDfH61c0A
“O EP recebe o nome da banda porque reflete memórias e emoções que viemos acessando desde o nosso encontro. Algumas composições antecedem a formação do grupo, mas mergulham em sentimentos que se sucederam daí, com nossas idas e vindas a São Paulo, Manaus, Santarém e Belém. Falam de saudade, desejo e liberdade, na perspectiva de quatro amigos migrantes que carregam lembranças dos rios e temperos de casa.” (Luli Braga)
Nos anos 1990, o grupo amazonense Carrapicho levou o boi-bumbá às paradas internacionais com Tic Tic Tac, enquanto coletivos como o Raízes Caboclas já afirmavam a força das tradições amazônicas dentro da música brasileira. É nessa continuidade que se insere o Delírio Cabana, quarteto formado por Bruno Mattos, Gabriella Dias, Luli Braga e Nando Montenegro, que lança em 17 de outubro seu primeiro EP.
A história começou em 2023, quando os quatro músicos viajaram de Manaus, no Amazonas, até Alter do Chão, no Pará. Hospedados numa cabana, passaram duas semanas criando, convivendo e experimentando sons. Dessa vivência nasceu uma cabana que, além de abrigo, virou metáfora de encontro: agora feita de vozes, ritmos e afetos apresentados em seis faixas autorais que compõem o EP homônimo ao grupo: Delírio Cabana.
O EP abre com “Tempero”, já lançada como single, composição de Nando Montenegro que sintetiza a proposta do grupo: juntar células rítmicas da música tradicional da Amazônia às camadas da MPB contemporânea, do pop e da música latina.
Na sequência, “Ânima” mergulha na intimidade da entrega. É a música brega-pop do grupo, em um trocadilho entre o arquétipo feminino de jung “ânima” e o verbo animar, convida o ouvinte a se deixar ser masculino e feminino como se quer ser.
“Guaraná”, escrita pelas mãos dos quatro integrantes, traz versos que atravessam a noite e amanhecem em ritmo de carimbó, com cordas de Caio Britto (violoncelo) e Diego Alessandro (violino). “Gengibirra” revisita o bolero-brega com teclados de Lucas Mesquita. Já “Quando Você Vier (Tucumã)” canta saudade em ritmo de xote e melodia guiada pela sanfona de Danilson Sampaio.
O encerramento vem com “Chove Não Molha”, composição de Bruno que brinca com a programação de chorinho que acontece toda sexta-feira, no Lanche da Dona Glória, em Alter do Chão.
Os arranjos são de Bruno Mattos, que também executa as linhas de baixo, guitarra e violão das faixas. A percussão é de Tércio Macambira, e os sopros são de Marcelo Martins (trompete), Francirbone (trombone) e Crhistofer Santos (saxofone), além das cordas de Caio Britto (violoncelo) e Diego Alessandro (violino) e da sanfona de Danilson Sampaio em “Quando Você Vier”. Divididas entre os quatro integrantes, as vozes formam as texturas e harmonias vocais do Delírio Cabana.
A produção musical é assinada por Lucas Cajuhy e Bruno Mattos, com Cajuhy também responsável pela engenharia de gravação, mixagem e masterização, além da criação de beats que dialogam com a tradição percussiva.
Visualmente, o trabalho é acompanhado por ensaio de Laryssa Gaynett e uma série de visualizers dirigidos por Bruno Belch, em que cores, sementes, corpos, figurinos e expressões traduzem o repertório em imagem. O styling é de Hendryl Nogueira, com figurinos e acessórios da marca Yanciã Amazônia, que valoriza artesãos e matérias-primas regionais. As peças manuais autorais da marca amazonense Glitch também compõem o visual da banda.
Cada integrante traz uma história que fortalece o coletivo. Luli Braga, de Manaus, acumula experiências desde 2020, quando lançou seu álbum de estreia, Sinuose, seguido de apresentações em festivais como SeRasgum (PA), estúdio Showlivre (SP) e, mais recentemente, no Festival Sou Manaus Passo a Paço 2025. Residiu em São Paulo/SP por dois anos, período durante o qual transitou por diversos centros e espaços culturais, como CCSP, Ocupação 9 de Julho, Mundo Pensante, Picles, entre outros.
Gabriella Dias, também de Manaus, é formada em Licenciatura em Música pela UFAM. Cantora e professora de canto, apresentou o espetáculo Canto das Águas no Teatro Amazonas (2019), foi atração do Sou Manaus Passo a Paço 2022 e lançou singles autorais como Rio Negro Sazonal, que dialoga com o ciclo das águas amazônicas.
Nando Montenegro, manauara radicado em Belém, é formado em Produção Musical pelo Centro Universitário Belas Artes de São Paulo e em Canto Popular pela EMESP Tom Jobim; lançou em 2025 seu primeiro EP solo, RUMO, e desde 2022 mescla rock alternativo e manifestações populares amazônicas no trio Batuc Banzeiro, tendo passado por eventos como TedX Amazônia (2024), Sou Manaus Passo a Paço 2024 e Festival Vozes da Amazônia 2023 (Casa Natura Musical – SP).
Já Bruno Mattos, manauara em São Paulo, é multi-instrumentista, arranjador e diretor musical; também integrante do Batuc Banzeiro, é formado em Música pela Faculdade Souza Lima (SP) e especializado em arranjo pela EMESP, integra a banda do mestre de carimbó Silvan Galvão, toca baixo no grupo baiano Flerte Flamingo e acompanha artistas como Luê, Liège, Marcelo Nakamura e Gabi Farias.
Com shows já realizados em Parintins, Alter do Chão, Manaus e São Paulo, o Delírio Cabana apresenta agora o registro que consolida sua história e entrada no mercado fonográfico, trazendo para o público suor e encantaria, do rabo da noite à boca do dia.
Dando continuidade ao legado da música feita na Amazônia, o Delírio Cabana reafirma o lugar do Amazonas no território cultural brasileiro contemporâneo.
Faixa a Faixa
“Tempero” é sobre aquele gostinho que fica na boca depois que a gente prova algo gostoso. Não é exatamente sobre saudade, acho que tá mais para o desejo de repetir a dose” (Nando Montenegro)
“Ânima” veio de um trocadilho entre o verbo animar e o arquétipo de Jung que seria a parte feminina das pessoas, expressando como alguns encontros têm o poder de fazer a gente sentir as coisas com mais leveza. Com os versos da Raidol, a música ganhou profundidade, trazendo a ideia da saudade e da distância dos rios Guamá e Negro, que banham Belém e Manaus. É uma canção de desejo, entrega e de estar confortável para ser quem é, aceitando e manifestando a parte feminina dentro da gente. (Bruno Mattos)
“Guaraná” é uma canção de um tempo-espaço onde o real e o fantástico se misturam. O arranjo tem um mistério típico das noites de beira de rio enquanto a letra pinta cenas de uma paixão que parece mais um feitiço. A música faz referência ao Rio Tapajós e a rodas de carimbó, fazendo referência a Alter do Chão onde formamos o Delírio Cabana. Sem dúvida é a faixa que traz a encantaria amazônica pro nosso EP. (Nando Montenegro)
“Gengibirra” é uma música de superação. Ela traz essa coisa de ter o coração partido por alguém, passa pela raiva, mas termina numa reflexão sobre amor próprio, que a gente pode fazer o nosso lugar onde a gente quiser e nossa felicidade longe de relações abusivas que nos fazem sofrer. (Bruno Mattos)
“Tucumã” é uma música que fala de saudade, né? De alguém que foi embora de Manaus pra pessoa amada que ficou. E aí eu acho que tem essa analogia da saudade da pessoa amada e das memórias afetivas de Manaus através da culinária. Quando a canção diz ‘meu bem, quando você vier, traga uma porção daquele nosso tucumã? Algumas coisas fazem falta até demais, mas nada mais que o nosso dengo de manhã’, ela tá falando dessa experiência nostálgica que é estar longe da nossa cidade e dos nossos amores. (Gabriella Dias).
“Chove não molha” remete a festa, a essa energia de gente, de descontração e de alegria que acontece no Chorinho do Lanche da Glória, lá em Alter do Chão, e fala também sobre um flerte, né? Um flerte que acontece nesse cenário de troca de olhares, com a figura do boto. Pra mim é muito saudosista porque retrata o cenário onde a banda nasceu. E é uma música muito alegre, que traz na poesia o flerte de uma forma descontraída, e com elementos da nossa cultura. (Gabriella Dias)
Redes Sociais:
www.instagram.com/deliriocabana
www.youtube.com/@deliriocabana
Com informações: Bebel Prates Assessoria de Comunicação