Uma noite histórica que celebrou meio século de poesia e samba
No dia 17 de novembro, o Theatro Municipal de São Paulo recebeu um espetáculo que transcendeu o formato tradicional de show para se tornar uma verdadeira celebração da música brasileira. “Jorge Aragão — 50 anos de Poesia” transformou o palco centenário em um grande encontro entre arte, memória, emoção e representatividade, reafirmando a importância do compositor como um dos pilares do samba contemporâneo.
Com ingressos gratuitos e plateia formada por públicos variados — incluindo estudantes da rede pública, quilombolas, ONGs, educadores, artistas e fãs —, o projeto cumpriu sua missão: aproximar a obra de Aragão de diferentes segmentos da sociedade, democratizando o acesso a uma das trajetórias mais ricas da música nacional.
Um espetáculo inédito na carreira de Aragão
Nesta apresentação, Jorge Aragão não esteve apenas como músico, mas também como personagem de sua própria história. O formato, idealizado por Tânia Aragão e dirigido por Afonso Carvalho, trouxe um componente teatral que elevou a experiência. O ator Raphael Logam entrou em cena como narrador e testemunha da vida artística do sambista, costurando com sensibilidade os capítulos dessa jornada e contracenando com o compositor em momentos chave.
Essa narrativa dramatúrgica ofereceu ao público uma viagem pelos bastidores de 50 anos de criação — desde os dias de Cacique de Ramos, passando pelas primeiras gravações de Beth Carvalho, até a consolidação de Aragão como um dos maiores autores da música brasileira.
Sucessos que atravessam gerações
O repertório revisitou alguns dos maiores clássicos do compositor. “Malandro”, “Vou Festejar”, “Coisa de Pele”, “Tendência”, “Lucidez”, “Moleque Atrevido” e “Identidade” foram momentos de pura comunhão com o público, que cantou cada verso como quem reconhece ali parte da própria história.
A banda, com direção musical de Jerominho Fernandes, entregou arranjos sólidos e refinados, respeitando as gravações originais, mas com frescor suficiente para que tudo soasse atual. A performance de Aragão — voz firme, interpretação madura e presença serena — mostrou que sua poesia segue pulsante como sempre.
Palco, luzes e memória: uma experiência expansiva
A cenografia desenhada por Zé Carratu dialogou de forma elegante com a grandiosidade do Theatro Municipal, criando um ambiente visual que uniu teatralidade e música sem excessos. A acessibilidade também esteve presente: todo o espetáculo contou com transmissão em Libras.
Além do palco, o público pôde explorar a exposição dedicada à carreira do compositor, instalada em áreas do teatro. Desenvolvida por Gilberto Borges e com curadoria de Vera Pasqualin, a mostra apresentou fotos, painéis, vídeos e documentos que remontam a trajetória de Aragão — da juventude em Padre Miguel às parcerias que mudaram o samba brasileiro.
Um projeto de impacto social e cultural
“Jorge Aragão — 50 anos de Poesia” é uma iniciativa do Ministério da Cultura via Lei de Incentivo, com realização da Aragão Music e da Música & Mídia Produções, e traz consigo compromissos sólidos com sustentabilidade, inclusão e legado cultural. Materiais recicláveis e estratégias para reduzir impacto ambiental reforçam essa postura responsável da turnê.
Conclusão: uma noite inesquecível
No Theatro Municipal lotado, Jorge Aragão celebrou 50 anos de carreira com um espetáculo que emocionou pela beleza estética, pela força poética e pela representatividade. A noite não foi apenas um resumo de sua trajetória — foi a prova de que sua obra continua viva, relevante e profundamente conectada ao povo brasileiro.
Uma homenagem à altura de um artista cuja música segue ensinando, inspirando e celebrando a vida — sempre com poesia.
Fotos: Marco Antônio Vieira Cunha
Agradecimentos: Coringa Comunicação