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Tempo bom para Maria Bethânia
Universal Music Brasil anuncia reedição de vinis, lançamento de compilações digitais e box de CDs para celebrar seis décadas de carreira da cantora, em 2025, e seus 80 anos, em 2026
Em fevereiro de 1965, Maria Bethânia estreava no espetáculo “Opinião”, substituindo Nara Leão, integrante do elenco original ao lado de Zé Ketti e João do Vale. Ali, aos 18 anos, em suas primeiras apresentações fora da Bahia natal, Bethânia se afirmava desde o início como estrela única, de brilho original. Naquele palco, ao interpretar canções como “Carcará”, ela deixava instantaneamente de ser uma revelação local e anunciava seu destino de voz farol do Brasil.
Agora, em fevereiro de 2025, a Universal Music Brasil — gravadora fundamental na trajetória da cantora — dá início às celebrações pelas seis décadas de carreira de Bethânia, contadas a partir do marco de “Opinião”. E prepara o terreno para as comemorações em torno de seus 80 anos, em 2026. Ao longo dos dois anos, serão lançadas compilações digitais, reedições de vinis clássicos e um box de CDs. Saiba mais aqui .
O pontapé inicial é a compilação “Os Grandes Sucessos de Maria Bethânia”, disponível nas plataformas a partir do dia 13 de fevereiro. Diferentes compositores e momentos de sua carreira estão representados no repertório, de “Olhos nos olhos” (Chico Buarque, 1976) a “Onde estará o meu amor” (Chico César, 1996); de “Negue” (Adelino Moreira e Enzo de Almeida Passos, 1978) a “Reconvexo” (Caetano Veloso, 1989). Veja a lista completa:
Cheiro de amor (Paulo Sérgio Valle/ Jota Morais/ Ribeiro/ Duda Mendonça)
As canções que você fez pra mim (Roberto Carlos/ Erasmo Carlos)
Fera ferida (Roberto Carlos/ Erasmo Carlos)
Olha (Roberto Carlos/ Erasmo Carlos)
Olhos nos olhos (Chico Buarque)
Reconvexo (Caetano Veloso)
Não dá mais pra segurar (Gonzaguinha)
Brincar de viver (Guilherme Arantes/ Jon Lucien)
Louvação a Oxum (Ordep Serra/ Roberto Mendes)
Negue (Adelino Moreira/ Enzo de Almeida Passos)
Onde estará o meu amor (Chico César)
Tocando em frente (Renato Teixeira/ Almir Sater)
Diamante verdadeiro (Caetano Veloso)
Costumes (Roberto Carlos/ Erasmo Carlos)
O catálogo da Universal Music Brasil — que inclui os acervos da Polygram, Philips, EMI e Elenco — guarda parte significativa da discografia de Bethânia. Cobrindo dos anos 1960 aos 1990, o arquivo documenta não só a consolidação de seu estilo personalíssimo como o aumento de sua popularidade — ela foi a primeira cantora brasileira a vender um milhão de discos, com “Álibi” (1978), e a que mais vendeu na década de 1970.
Está coberto por esse período também o nascimento da linguagem dos espetáculos de Bethânia a partir do diálogo com o teatro — na parceria com o diretor Fauzi Arap. Da mesma forma, há encontros marcantes com artistas como Chico Buarque e Edu Lobo.
Essa história será lembrada e celebrada nas reedições de discos históricos em vinil, a serem lançados ao longo de 2025 e 2026. A lista inclui álbuns como:
“Edu e Bethânia” (1967): A dupla dava os primeiros passos na carreira, mas eles já se mostravam grandes. O disco, lançado pela Elenco, traz dez canções, cinco das quais têm a voz da cantora. Uma delas, “Pra dizer adeus” (parceria de Edu e Torquato Neto), aparece em interpretação comovente.
“Rosa dos Ventos — O show encantado” (1971): O álbum traz o registro ao vivo do show homônimo, exemplar dos mais finos da parceria da cantora com Fauzi Arap. Cruzando canções de compositores como Chico, Caetano, Sueli Costa, Batatinha e Jards Macalé com textos de Fernando Pessoa e Clarice Lispector, entre outros, é Bethânia em essência.
“Drama” (1972): Recém-chegado do exílio em Londres, Caetano assina a produção musical do disco — e também algumas canções do repertório. Pelo menos duas se tornariam clássicas: “Esse cara”; e “Iansã”, parceria com Gilberto Gil que passou a ser uma das assinaturas de Bethânia. A gravação de “Volta por cima” também é antológica.
“A cena muda” (1974): Novamente juntos, Bethânia e Fauzi Arap montaram um espetáculo de forte conteúdo político, desde o título que explora a ambiguidade entre o adjetivo “muda” (calada) e o verbo “mudar”. No repertório, compositores como Gonzaguinha, Paulinho da Viola, Chico, Gilberto Gil e Noel Rosa.
“Chico Buarque & Maria Bethânia ao vivo” (1975): Outro registro de um show, agora com a cantora na companhia de um dos compositores mais gravados por ela. Encontro poderoso, seja quando cantam sozinhos ou em duetos como “Sem fantasia” e “Sinal fechado” (canção de Paulinho da Viola que os dois já haviam gravado separadamente).
“Pássaro proibido” (1976): A gravação de Bethânia para “Olhos nos olhos”, presente aqui, é marcante em sua carreira. Puxado por ela, o álbum rendeu à cantora seu primeiro Disco de Ouro. Com arranjos e repertório refinados, incluindo uma rara composição de Bethânia (a faixa-título, com versos dela e melodia de Caetano).
“Memória da pele” (1989): O disco abre com uma de suas mais fortes canções-assinatura, “Reconvexo”. Ali, a cantora dá voz aos versos que Caetano escreveu para ela cantar, afrontosa, em primeira pessoa. Há ainda Alceu Valença (“Junho”), Djavan (“Tenha calma”), Lupicínio (“Vingança”) e uma parceria de João Bosco com Waly Salomão (a faixa-título).
“Ao vivo” (1995): Registro da turnê de “As canções que você fez pra mim” (1993), com parcerias de Roberto e Erasmo. Além das canções da dupla, ela passeia por um repertório de sucessos e novidades. Entre elas, o samba da Mangueira feito em homenagem a ela, Gal, Gil e Caetano, além de outras que nunca tinha gravado, como “Todo o sentimento”.
As reedições vão se juntar a outros quatro LPs que já estão disponíveis nas lojas: “A tua presença” (1971); “Mel” (1979); “Talismã” (1980); e “As canções que você fez pra mim” (1993). Além dos vinis e das compilações digitais, um box de CDs reunindo álbuns da primeira década da carreira de Bethânia reforçará as homenagens à cantora. Outras iniciativas serão anunciadas nos próximos meses. Afinal, o arquivo é riquíssimo e há muito o que se celebrar para dar conta da grandeza — larga no tempo e funda na alma do Brasil — da obra de Bethânia.
“A trajetória de Maria Bethânia é marcada por interpretações inesquecíveis e uma escolha musical sempre precisa. Cuidar desse repertório é garantir que sua obra continue tocando diferentes gerações, mantendo viva a força e a identidade de sua arte”, diz Paulo Lima, presidente da Universal Music Brasil.
Por Leonardo Lichote
Com informações: www.universalmusic.com.br
Universal Music Brasil