Dadi lança seu novo álbum “Todo Vento”
Ouça aqui: https://orcd.co/todoventodadi
Vídeo: https://youtu.be/T0U3ncGqD4c
No meu dicionário musical, o sufixo dade finaliza com i; é dissílabo constante nos substantivos mais preciosos e caros: qualiDadi, musicaliDadi, liberDadi, generosiDadi. No meu léxico, dadi vem com maiúscula, tem corpo, cara, cabelo, boca, olhos e principalmente som: sonoriDadi. É característica daquilo que não tem idade. Sua atemporaliDadi considera o tempo presente do instante em que soam as notas quando sua musica se faz constante, onde passado e futuro se juntam, se fundem, e fundam o território fecundo infinito e “a tempo” da eterna contemporaneiDadi.
Não é à toa que o tempo parece não alcançar Dadi. Ele está à frente do tempo — mas toca o tempo todo no tempo —, e ao lado do tempo. Ou será que é o tempo que está sempre a seu favor e ao seu lado?
Conheci Dadi muito depois de conhecer sua música, ainda depois de saber que tantas das músicas que conhecia tinham suas digitais, foram feitas através de seus dedos — os 10 dedos de Dadi. Primeiro vieram o Novos Baianos: “Acabou Chorare“ e “N.B.F.C” (discos que quase furei de tanto que os ouvi) fizeram minha cabeça muito antes de eu sequer sonhar em ser músico, muito menos o baixista esquisito que por 20 anos fui.
Mas só viemos a nos conhecer tantos anos mais tarde. Acho que foi em 94 quando sugeri que Marisa o chamasse para sua banda. Depois disso, gravamos juntos meu primeiro disco, “12 de Janeiro”, e pude então testemunhar sua habilidade de fazer tudo ficar simples, tal a facilidade com que traduzia minhas ideias obtusas em notas, linhas e realidade.
Seu jeito de tocar me lembra meu mestre Paulinho Nogueira. Alguma coisa na forma como seu polegar bate no bordão, a curvatura da falange que, como um arco, lança o movimento com distinção e suavidade. Dadi toca de modo suave, nunca bruto; sua música é divinal e dadivosa. Sempre achei que ele deveria fazer uma versão de “Menina”, composição magistral de Paulinho.
Depois desse longo prólogo, encontro aqui a deixa para falar sobre o que realmente preciso: “Todo o Vento”, seu novo disco. Dadi em sua totalidade. Eis aqui uma pequena mostra, o mais recente exemplo da vastidão de sua obra: 7 canções, todas de sua autoria (solo e em parceria), um mosaico rico, um pequeno tesouro, um breve passeio pela sua extensa e elástica musicaliDadi.
Não vou me ater a resenhar ou descrever o que cada um de vocês irá ouvir e encontrar ali. A ficha técnica dá uma dimensão da magistral rede de amigos, de inúmeros círculos e dialetos. Para fazer um disco como esse é preciso ter senso e espírito, e Dadi é um polo aglutinador, uma enzima, um dínamo, homem nuclear e orbital. Ouvir música é ato solitário, individual e inalienável, mesmo quando feito em conjunto, na sala, no carro, na beira do palco. Ouçam e aproveitem. Poderia até dizer: ouçam e aprendam.
Nando Reis / Setembro de 2021
Tracklist
Um Pouco Pro Santo
Os Aromas da Floresta
Todo Vento
Pela Praia Pela Lagoa
Os Olhos Dela
Lady Girl
Sol
Com informações: Bebel Prates Assessoria de Comunicação