Ney Matogrosso – “Nu com a Minha Música”

Escute: https://SMB.lnk.to/ALBUMNuComAMinhaMusica

 

Assista ao clipe de “Quase um Segundo”: https://www.youtube.com/watch?v=mXbh2CWy9yk

 

Desde que surgiu à frente da explosão dos Secos & Molhados, em 1973, Ney Matogrosso passou a representar a liberdade personificada, um símbolo de insubmissão artística e comportamental. Faz o que quer, como, onde, quando e com quem ele decidir. Um pássaro em voo constante. Torna-se especialmente impactante para um artista com essa personalidade o isolamento a que todos fomos submetidos no último ano e meio, presos em casa e sem grandes perspectivas de saída. Criar era questão de vida, de voo. O álbum Nu Com a Minha Música (Sony Music) é resultado desse período. Mais do que um retrato desses tempos sombrios, o trabalho representa um mecanismo de libertação. Ou, como define o cantor, uma via para sair da escuridão. É um projeto especial na trajetória de Ney Matogrosso em muitos aspectos, portanto. Emocionais, artísticos, afetivos.

 

O gatilho que deu início ao trabalho foi disparado no final do ano passado, em meio à prostração geral em que todos caímos. Ney sentiu que precisava construir sua própria ponte de saída daquele clima macabro que a pandemia e suas péssimas notícias geravam diariamente. Sem a possibilidade de fazer shows, um álbum de estúdio era o melhor caminho. Foi em busca das listas onde anota, desde sempre, as canções que pretende um dia trazer para seu universo. Trata-se de um repertório que ele conheceu na voz de outros intérpretes e que o atingiram de imediato, tenham elas vindo da Era do Rádio ou de um compositor da novíssima geração. Em comum, essas músicas prezam por um discurso afinadíssimo com o que Ney desenhou em seus quase 50 anos de carreira fonográfica – de novo, a liberdade à frente de todas as coisas, não importa o tema ou o gênero da canção.

 

Quando concluiu que tinha as 12 faixas do álbum definidas, Ney Matogrosso foi entender os próximos passos dessa produção tão peculiar, muito diferente de todas as que fez no passado. Por razões óbvias, encontros com os músicos, preparações presenciais ou quaisquer outros tipos de aglomeração estavam descartados. O processo teria que ser um tanto mais solitário, feito remotamente, cada um em seu lugar seguro. Ney tirou os tons pelo telefone, combinou arranjos à distância e chegou às gravações das vozes sem nenhum ensaio. Tudo muito novo. Mas, se por um lado o método trouxe esses entraves logísticos, por outro abriu condições para que o álbum não tivesse que ficar restrito a apenas um estúdio, uma banda, um produtor, como costuma acontecer em tempos de normalidade. Sob essa prerrogativa, Ney foi atrás dos quatro produtores com quem vem trabalhando mais nos últimos tempos. Dividiu o repertório em quatro e entregou um trio de canções para cada um: Sacha Amback, Marcello Gonçalves, Ricardo Silveira e Leandro Braga. Também deu carta branca para que usassem as formações que achassem mais adequadas.

 

Nu Com a Minha Música é especial também por essas razões, já que o modo de produzir arte modifica necessariamente sua estética. As cores se abriram. Se há no álbum momentos densos de voz e piano, há também o Carnaval e a sacanagem em arranjos grandiosos. Toda essa diversidade criou um roteiro que mistura ficção e memória, como aconteceu também nas melhores obras geradas nesse período pandêmico. Como vimos, o clima tenso da pandemia fez com que nós, os recolhidos, nos voltássemos intensamente para dentro das nossas cabeças. E a música foi quem muito nos acolheu nesses tempos de introspecção. Todo esse sentimento está espelhado no repertório final do álbum de Ney.

 

Um grande exemplo desse nó que amarra música e memória, enriquecendo uma e outra com novos significados, se dá em “Quase um Segundo” (Herbert Vianna). Desde que ouviu no rádio pela primeira vez a hoje clássica balada pop dos Paralamas do Sucesso, em 1988, Ney se interessou por ela. Mas as razões pessoais para regravá-la se ampliaram infinitas vezes quando ouviu Cazuza dizer que essa era a única canção que ele tinha inveja de não ter composto. É, de fato, a mais cazuziana entre as baladas de Herbert. O próprio Cazuza regravou a música em seu último LP, “Burguesia” (1989), com interpretação dilacerante. É nessa gravação que se baseia a versão de Ney. O arranjo de Ricardo Silveira realça o clima blues que tanto agradava Cazuza desde os tempos de Barão Vermelho.

 

E a memória individual se expande para memória afetiva do Brasil em “Espumas ao Vento” (Accioly Neto). Ney ouviu a famosa gravação de Fagner ecoando como um hino, tantas vezes e em tantos lugares do país, que logo entendeu haver algo muito profundo ali, desses fenômenos que só acontecem com as mais grandiosas canções românticas. O arranjo de Leandro Braga encontra o tom exato para a voz de Ney, como se ele a tivesse pescado no repertório dramático de Ângela Maria, ambiente tão caro ao intérprete.

 

Também é de Braga o piano que soa como instrumento solitário em “Noturno”, composição de Vitor Ramil lançada pelo autor no álbum “Longes” (2004). A pedido de Ney, Ramil escreveu uma nova estrofe: “Eu vivo cada segundo/ De cada hora despida/ Tudo é nudez e passagem/ Tudo é visagem e amor/ Eu ouço cada palavra/ De cada frase não dita/ A minha boca era tua/ A tua boca era minha”. O cantor queria que a letra trouxesse à tona o encontro sexual-amoroso que na versão original estava apenas insinuado.

 

Se na canção de Ramil a sexualidade é abordada em um bordado lírico de imagens e palavras, em “Faz um Carnaval Comigo”, de Jade Baraldo e Pedro Luís, o tema é tratado no aqui e no agora, descrevendo a pegação em tempo real: “Não quero saber de hora/ Tá rolando, tá agora/ Te devoro, me devora/ Amanhã vê no que deu”. A música já havia sido gravada por Pedro, Jade e Batman Zavareze em 2019. Na versão de Ney, contou com a produção de Ricardo Silveira e um ótimo naipe de sopros.

 

Pequena obra-prima escrita pela dupla Itamar Assumpção/Alice Ruiz e lançada por Alzira Espíndola no álbum “Amme”, de 1991, “Sei dos Caminhos” estava no baú de Ney Matogrosso desde então esperando sua hora para ser regravada. Marcello Gonçalves fez o belíssimo arranjo em que o universo tão particular de Itamar é sutilmente citado na costura fina entre as frases do clarinete de Anat Cohen e a marcação rítmica das palmas. Também ficou nas mãos de Gonçalves e de Cohen a missão de criar a base de “Sua Estupidez”, standard de Roberto e Erasmo Carlos. Ney imaginou dizer a letra como um desabafo dito na cama, ao pé do ouvido. Nesse clima, a nova versão foge da conotação de fim de romance que regia as gravações de Roberto, de Gal Costa e de Ná Ozzetti, por exemplo.

 

O produtor Sacha Amback cuidou das duas canções mais novas do pacote. Lançada em 2019, “Estranha Toada”, de PC Silva e Martins, abre o álbum de estreia do jovem cantor e compositor pernambucano Martins e foi descoberta por Ney Matogrosso em uma das festas na casa do empresário Zé Maurício Machline, onde o som sempre apresenta surpresas. A intensidade da letra capturou rapidamente a atenção de Ney e deu a tônica do arranjo épico, ornamentado com metais e cordas. “Boca” também é novinha. Foi lançada em 2020 por Rafael Rocha com participação do próprio Ney. No dia em que colocou voz na faixa do álbum de Rafael, o convidado cravou: “Essa eu vou trazer pra mim”. Trouxe, mas com modificações. Como a composição original havia sido pensada para duas vozes, sem respiro entre um verso e outro, Ney pediu ao autor uma edição na letra. Rafael pescou as melhores frases e criou outras especialmente. Um quarteto de sopros engrandece o arranjo.

 

Essas oito gravações inéditas de Ney Matogrosso se somam às outras quatro lançadas em um EP em 1ºde agosto (dia que Ney completou 80 anos), completando as 12 faixas de Nu Com a Minha Música.

 

 

Com arranjo de piano e violoncelo criado por Sacha Amback, “Mi Unicornio Azul” revela-se absolutamente atual, sobretudo pelo discurso. A música foi escrita por Silvio Rodríguez em 1982 e lançada no álbum “En Vivo”, que o autor dividiu no mesmo ano com Pablo Milanés – como ele, um expoente da Nova Trova Cubana. Os versos aparentemente surrealistas parecem ocultar uma mensagem homoerótica, de um amor vivido (e proibido) entre dois homens, algo impensável em Cuba e naquele período. O unicórnio, como se sabe, é um símbolo ligado ao imaginário gay.

 

Três décadas mais nova é “Se Não For Amor, Eu Cegue”. Ney Matogrosso também conheceu essa parceria de Lenine e Lula Queiroga na casa de Zé Maurício Machline. Em algum momento da tarde, o shuffle do som os levou à gravação original de Lenine, lançada no álbum Chão (2011). Ney teve que interromper os passos de dança do anfitrião: “Zé, que música é essa? Ele está dizendo ‘se não for amor, eu cegue’? É isso mesmo? Quero gravar isso”. Mais uma para o baú que viria à tona agora. O arranjo que Ricardo Silveira preparou para a versão de Ney Matogrosso tem Renato Neto no piano, Claudio Infante na bateria, Zero na percussão e Liminha no baixo.

 

Com letra de Paulo Coelho, “Gita” é um clássico absoluto do repertório de Raul Seixas. O clima épico da versão original é mantido aqui, sob a produção de Leandro Braga, que também toca o piano. Leandro criou um grandioso arranjo de sopros e cordas. E Ney manteve inclusive a fala de Raul na introdução: “Eu que já andei pelos quatro cantos do mundo procurando/ Foi justamente num sonho que Ele me falou”.

 

Faixa que dá nome ao álbum, “Nu Com a Minha Música” é uma composição de Caetano Veloso lançada no LP Outras Palavras (1981). Sua letra remete às excursões que tantos artistas da música brasileira fizeram pelo interior paulista até pelo menos meados dos anos 1980. Ney tem nítidas as memórias de estrada que Caetano descreve tão bem. Lembra especialmente da turnê do LP Bandido (1976), nos primeiros anos de sua carreira solo, quando percorreu justamente esse circuito. Na nova gravação, a canção ganha divisão rítmica mais acelerada sob a produção de Marcello Gonçalves.

 

Todo esse movimento incomum de Nu Com a Minha Música acabou por fazê-lo cumprir à risca a máxima nietzschiana que afirma: temos a arte para não morrer da verdade. A verdade não nos servia, era preciso inventar outro roteiro. E o álbum de Ney Matogrosso deu, primeiro, o caminho para que seu intérprete escapasse da morbidez da pandemia, florescendo pela música. Agora, mostra a estrada para nós, seus ouvintes, colorindo o percurso de volta à vida um tanto mais ensolarada que está por chegar, logo ali.

 

MARCUS PRETO /  outubro de 2021

 

Foto: Marcos Hermes

 

Faixas: 

 

  1. Nu com a Minha Música
  2. Quase Um Segundo
  3. Espumas ao Vento
  4. Noturno
  5. Faz Um Carnaval Comigo
  6. Sei Dos Caminhos
  7. Se Não For Amor Eu Cegue
  8. Sua Estupidez
  9. Mi Unicórnio Azul
  10. Estranha Toada
  11. Boca
  12. Gita

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Com informações: Assessoria de Imprensa – Sony Music  –  Perfexx Assessoria – www.perfexx.com.br

#SIGA NO INSTAGRAM
Hoje, 07/11, é aniversário do cantor e compositor Johnny Rivers que completa 83 anos.

#johnnyrivers #happybirthday #boomerangmusic
Hoje, 07/11, é aniversário da cantora e compositora Joni Mitchell @jonimitchell que completa 82 anos.

#jonimitchell #happybirthday #boomerangmusic
Lançado em 1983, há exatamente 42 anos atrás era lançado o segundo álbum ao vivo da banda The Doors @thedoors "Alive She Cried".

Gravado ao vivo entre 1968 a 1970 em 
New York, Detroit, Boston, Copenhagen
The Doors

Jim Morrison – vocals
Robby Krieger – guitar
Ray Manzarek – organ, keyboard bass
John Densmore – drums

Tracklist:

1. Gloria (Van Morrison) (6:19)
2. Light My Fire (The Doors) (Incl. Graveyard Poem (Jim Morrison)) (9:54)
3. You Make Me Real (The Doors) (3:04)
4. Texas Radio And The Big Beat (The Doors) (1:53)
5. Love Me Two Times (The Doors) (3:18)
6. Little Red Rooster (Willie Dixon) (7:05)
7. Moonlight Drive (Incl. Horse Latitudes) (The Doors) (5:33)

#thedoors #aliveshecried #boomerangmusic
Em 07/11/1981, há exatamente 44 anos atrás era lançado o segundo álbum de estúdio do cantor e compositor Ozzy Osbourne @ozzyosbourne “Diary Of A Madman”.

Line-up:

Ozzy Osbourne (vocals)
Randy Rhoads (guitars)
Bob Daisley (bass)
Lee Kerslake (drums)
Additional musicians: Louis Clark (Strings)

Track list:

	1.	Over The Mountain
	2.	Flying High Again
	3.	You Can’t Kill Rock And Roll
	4.	Believer
	5.	Little Dolls
	6.	Tonight
	7.	S.A.T.O.
	8.	Diary Of A Madman

#ozzyosbourne #diaryofamadman #randyrhoads #bobdaisley #leekerslake #boomerangmusic
Hoje, 07/11, é aniversário do guitarrista Tommy Thayer @tommy_thayer_official da banda Kiss @kissonline que completa 65 anos.

#tommythayer #happybirthday #Kiss #boomerangmusic
Em 06/11/2015, há exatamente 10 anos atrás era lançada a caixa com 3 discos do cantor e compositor country Genuine "Alan Jackson" Story.

Tracklist

Disc One
1. Blue Blooded Woman
2. Here In The Real World
3. Wanted
4. Chasin’ That Neon Rainbow
5. I’d Love You All Over Again
6. Don’t Rock The Jukebox
7. Someday
8. Dallas
9. Midnight In Montgomery
10. Love’s Got A Hold On You
11. She’s Got The Rhythm (And I Got The Blues)
12. Tonight I Climbed The Wall
13. Chattahoochee
14. Mercury Blues
15. (Who Says) You Can’t Have It All
16. Summertime Blues
17. Gone Country
18. Born Too Late (Previously Unreleased)
19. If Tears Could Talk (Previously Unreleased)
20. Seven Bridges Road – LIVE (Previously Unreleased)

Disc Two
1. Livin’ On Love
2. I Don’t Even Know Your Name
3. Tall, Tall Trees
4. I’ll Try
5. Home
6. Little Bitty
7. Who’s Cheatin’ Who
8. There Goes
9. Between The Devil And Me
10. A House With No Curtains
11. I’ll Go On Loving You
12. Right On The Money
13. Gone Crazy
14. Little Man
15. Pop A Top
16. The Blues Man
17. It Must Be Love
18. Wings (Previously Unreleased)
19. Seguro Que Hell Yes (Previously Unreleased)
20. The Star-Spangled Banner (Previously Unreleased)

Disc Three
1. Where I Come From
2. When Somebody Loves You
3. Where Were You (When The World Stopped Turning)
4. Drive (For Daddy Gene)
5. Work In Progress
6. That’d Be Alright
7. It’s Five O’Clock Somewhere—with Jimmy Buffett
8. Remember When
9. Too Much Of A Good Thing
10. Monday Morning Church
11. Like Red On A Rose
12. A Woman’s Love
13. Small Town Southern Man
14. Good Time
15. Country Boy
16. Sissy’s Song
17. As She’s Walking Away—Zac Brown Band featuring Alan Jackson
18. Love Is Hard (Previously Unreleased)
19. Ain’t Just A Southern Thing (Previously Unreleased)

#alanjackson #countrymusic #genuine #boomerangmusic
Em novembro de 2002, há exatamente 23 anos atrás era lançado o 8° álbum do cantor, compositor e guitarrista Eric Clapton @ericclapton o ao vivo e duplo "One More Car One More Rider".

Também foi lançado em DVD

Eric Clapton e banda 

Eric Clapton – guitar, lead vocals
Andy Fairweather-Low – guitar, backing vocals
Billy Preston – Hammond B-3 organ, keyboards, backing vocals
David Sancious – piano, keyboards, melodica, guitar, backing vocals
Greg Phillinganes - Hammond B-3 organ, keyboards/synthesizers
Nathan East – bass guitar, backing vocals
Steve Gadd – drums

Tracklist DVD

1 Key To The Highway
2 Reptile
3 Got You On My Mind
4 Tears In Heaven
5 Bell Bottom Blues
6 Change The World
7 My Father's Eyes
8 River Of Tears
9 Goin' Down Slow
10 She's Gone
11 I Want A Little Girl
12 Badge
13 Hoochie Coochie Man
14 Have You Ever Loved A Woman?
15 Cocaine
16 Wonderful Tonight
17 Layla
18 Will It Go Round In Circles
19 Sunshine Of Your Love
20 Over The Rainbow

#ericclapton
#onemorecaronemorerider #boomerangmusic