BaianaSystem feat. BNegão | REZA FORTE em todas as plataformas digitais
Ouça aqui – https://links.altafonte.com/rezaforte
Clipe https://youtu.be/m_YuGaaUuWU
Até onde a vista alcança
- 01 de março. O Navio Pirata navega num mar de gente em uma celebração que tinha um misto de esperança no que poderíamos ser ou acreditar e, ao mesmo tempo uma certa angústia, uma sensação de que as coisas estavam caminhando de maneira perigosa. Dias depois desse emblemático Carnaval, tudo parou. E assim continua até os dias de hoje, quando nos aproximamos de mais um Carnaval, de mais um ano e o Navio precisa voltar ao ponto de partida. Uma linha do tempo perpassa pelo pensamento e se transforma num sentimento. Curiosamente uma sensação de atemporalidade, alinhada à atenção necessária do agora, do vibrar, do transformar, do acreditar em outros planos. O mundo é perigoso e precisamos de habilidade para navegar.
- 02 de fevereiro, festa das águas, da Rainha do mar. O Navio Pirata reinicia sua rota e lança nesse dia sua primeira mensagem: Reza Forte. Um canto que anuncia a primeira parte dessa travessia dividida em 3 atos. Primeira faixa a sair do novo disco do BaianaSystem, intitulado OXEAXEEXU, a música integra o “Navio Pirata”, primeiro ato que será lançado 12/02, sexta-feira de carnaval. Esse disco é também a terceira parte da parceria com o produtor Daniel Ganjaman, que também assinou o Duas Cidades (2014), e “O Futuro não Demora” (2018).
A reza se tornou um elemento muito presente durante todo o processo de criação e pesquisa do novo trabalho. De formas diferentes, línguas diferentes e nas mais diversas compreensões, o sentimento de recitar, suplicar, de conectar fazia todo sentido. Da África à América Latina, dos povos originários ao sertão com a força de suas rezadeiras, uma sintonia que une a todos pelo poder da palavra e do pensamento. “Fazendo a reza, fazendo a prece, tudo para, tudo chega pro lugar”, traduziu o parceiro de todas as hora BNegão, que em mais uma movimentação mágica conseguiu, em meio a toda tempestade, subir à bordo do Navio e trazer a força de seu canto, sempre presente na trajetória do BaianaSystem. Uma outra voz também ecoou nessa reza, vinda do outro lado do Atlântico. Joander Cruz sopra ao vento através de seu sax a saudade da Bahia e o lamento pelos tempos sombrios que estamos vivendo.
A “canção da não violência” que abre a música, extraída da Cantata para Alagamar (1979), traz o contexto político e social da disputa de terras no Brasil e a ligação dos movimentos sociais com a Igreja e pensamentos filosóficos. A força dessa peça, que já era usada pelo BaianaSystem em shows, é muito emblemática do papel da arte em retratar a realidade e transformá-la, e em sua forma se aproxima muito do contexto popular e mítico da reza.
Reza Forte antecipa o novo disco que se apresenta em 3 atos. Três palavras que se fundem dando um novo sentido e unificando as partes: OXEAXEEXU. O três como numeral e simbolismo, além de representar o sagrado, abre a percepção da realidade como um caminho diferente da dualidade, lados opostos, sim e não, que tem sido a tônica dos últimos tempos. O triângulo, a tríade, o triskel. A Santíssima Trindade, Iuá x Axé x Abá, Krishna, Brahma e Vishnu, o início, meio e fim, animal, vegetal e mineral. Seguimos como desde o início dos tempos, tentando entender sobre essa nossa viagem no planeta Terra e, entre guerras visíveis e invisíveis, buscando proteção para cada um de nós, que nesses tempos significa proteção para todos, olhos atentos e abertos para além do alcance. Folha de arruda, pé de coelho e sal grosso.
Luz, câmera, ação
A luz projetada na ideia, na reza, na lente, na tela, na cena, nos personagens, amplia a percepção e aprofunda a experiência audiovisual. O isolamento no qual a humanidade se viu colocada de maneira radical tornou a imagem ainda mais necessária para o entendimento da música, seja na criação ou na propagação. A obra como um real processo audiovisual nesse trabalho começou a se concretizar quando os sons que estavam atravessando o Atlântico num diálogo musical, voltaram em forma de imagens e aqui deram vida e possibilitaram dar uma nova dimensão ao que se vinha produzindo. África – Bahia reconectadas em som e imagem.
E o mergulho mais profundo se deu mais uma vez na Ilha de Itaparica. Como num pulo de dentro da capa do álbum “O Futuro não Demora”, Felipe Brito abre um canal para acessarmos a ancestralidade e tornar Reza Forte algo ainda maior. As filmagens do clipe, que aconteceram nesse lugar definidor da história do Brasil, revelaram muito de quem somos, do que podemos realizar e como o respeito e o olhar para os que estão próximos podem nos ajudar nesse momento da história. Numa terra onde os terreiros de Candomblé convivem ao lado dos terreiros de Eguns, onde os Caboclos de Itaparica desfilam nas ruas em 7 de janeiro comemorando a Independência do Brasil, numa representação identitária híbrida que remete a nacionalidade brasileira e a mestiçagem de seu povo, tudo foi conduzido com naturalidade e guiado pelas pessoas da ilha.
O professor e Ogan Osvanil Junior, sexta geração da dinastia do clã Daniel de Paula, do culto dos eguns de herança africana, conduziu a reza ao Terreiro do Barro Branco, na casa Ilê Axé Omin Togun. Para surpresa geral, uma casa de Yemanjá, que acolheu a todos numa celebração que abriu caminho para adentrar na mata, local onde o grupo dos Caboclos ensaia e vive na prática o exercício de juntar arte e cultura em sua essência. Mar, rio, mangue e mata, como um organismo único, são protegidos no extremo norte por uma fortaleza de pedra e cal, o Forte de São Lourenço, erguido em 1631 e que replica o que aconteceu em toda a costa brasileira num simbólico que perpassa a história de nossa formação como povo.
A sensibilidade para amarrar todo esse processo veio da diretora Belle de Melo, que entre o encantamento de conhecer Itaparica e sua cultura por dentro e a agilidade para conduzir equipe, roteiro e as pessoas da comunidade envolvidas, trouxe a clareza e inspiração necessárias para unir tantos elementos. Elementos que apareciam a cada momento como surpresas, mas pareciam magicamente já fazerem parte da história. Como a presença decisiva do ator Fábio Lago, vindo como um feixe de luz diretamente de Ilhéus, sua terra natal, para dar vida a um personagem fundamental, trazendo para todos de maneira viva a força do seu ofício, um brilho que se fazia ver mesmo ao sol do meio-dia. Ou o menino Nadinho, que apareceu para todos de maneira tão natural que não se sabe se saiu do mar, do mangue ou da mata, mas trouxe a certeza de que a luz estava presente a todo tempo.
REZA FORTE (Russo Passapusso/SekoBass/B Negão)
sample – Cantata para Alagamar
CANTATA PRA ALAGAMAR
Primeiro, Nunca Matar
Segundo, Jamais Ferir
Terceiro, Estar sempre atento
Quarto, Sempre se unir
Quinto, Desobediência às ordens de vossa excelência que podem nos destruir
Folha de arruda pé de coelho e sal grosso
Planeta terra
I wanna get high
no mundo cão do dinheiro
eu vou sem medo de errar
não quero guerra
no mundo cão do dinheiro eu vou sem medo de errar
na despedida o povo sempre chora
tirando urucubaca e sanguessuga do corpo
é perigoso o mundo é perigoso
habilidoso mano habilidoso
— B Negão
Espada de São Jorge
Banho de descarrego, nêgo
Proteção
Desde sempre
Desde cedo
Bate na palma da mão
O universo inteiro ressoa
Na palma da mão
Na onda do som
Coração
Tambor
Intuição
Wifi
dos ancestrais
Livre acesso
conexão
Direto da fonte
É Dica certeira
confie e creia, bebê (pode crê)
Em outros planos
Vô te dizê
A vida é muito mais do que os olhos podem ver
Veja você
Voz – Russo Passapusso
Participação especial – BNegão
Guitarra Baiana – Roberto Barreto
Baixo, programação beat, sample e synth – SekoBass
Percussão – Ícaro Sá e Japa System
Guitarra – Junix 11
Sax soprano – Joander Cruz
Sax tenor e sax barítono – Vinícius Freitas
Coro – Angela e Tita
Gravado nos estúdios Ilha dos Sapos e Casa das Máquinas
Mixado por Daniel Ganjaman
Masterizado por Fernando Sanches
Produzido por Daniel Ganjaman e BaianasSystem
Selo: Máquina de Louco
Capa: Cartaxo / Foto: Robério Braga
Ficha Técnica do Clipe
Direção: Belle de Melo
Pesquisa: Russo Passapusso, Cartaxo e Felipe Brito
Roteiro: Belle de Melo
Produtora: Máquina de Louco / CAVE
Diretor de Produção: Marcelo Cintra
Produção Executiva: Marcelo Cintra e Rafael Kent
Produção: Thiago Galdino
Direção de Fotografia: Daniel Primo
Primeiro Assistente de Fotografia/Foquista: Cristiano Moraes
Segundo Assistente de Fotografia: Antonio Jorge Junior
Elenco:
Pescadores:
Russo Passapusso e BNegão
Soldados: Tenente: Fábio Lago
Soldados: Iago Gomes, Vicente Benin Ortiz, Gustavo Tito, Jonh Pitter Reis, Matheus Menezes e Tiago da Silveira.
Criança: Reginaldo dos Santos Neto (Nadinho)
Capoeiristas: Mestre Wellington Squiva, Professor Daga, Professor Neném e Graduada Boneca.
Os Guaranis: Cacique: Hildo Peixoto
Caboclos: Alberto Rocha do Nascimento, Antonio Sacramento Conceição, Antonio Silva Monteiro, Daniel de Santana Brito, Luis Antonio Silva Conceição, Rafaela Santana de Brito e Samuel Alves da Silva Jr.
Candomblé:
Ilê Axé Yá Omim Togum – Barro Branco
Ilê Olukotum – Barro Branco
Yalorixá: Ana Maria Paula dos Santos
Mãe: Priscila de Paula Santos Castro
Rezadeira: Nadira Maria Roque de Paula
Osvanil Roque de Paula Junir, Robson Leite Dias, Pedro Henrique da Silva Pereira,, Antônia Conceição, Gabriela Santos de Castro, Larissa Santos de Castro, Josenilda dos Santos, Pamela Elen Alves dos Santos, Rita Costa de Paula, Bartolomeu Paula dos Santos, Jorge Paula dos Santos, Dionisio Daniel de Paula Neto, Kauan Daniel Santos de Castro, Reginaldo dos Santos Neto, Dandara Conceição dos Santos e Dionise Almeida de Paula.
Produção de Elenco: Marcio Nonato
Produtor Local: Felipe Brito
Direção de Arte: Tamara Soriano
Produtor de Objetos: Elder Nascimento
Contra Regra: Andre Cardoso
Styling: David Souza
Assistente de Styling: Marie Silva
Produção de Moda: Hugo Machado
Assistentes de Maquinária: Neto Borges e Ícaro Santos
Edição: Belle de Melo
Color: Lucas Bergamini / Cora Post
Designer: Léo Claret
Catering: Restaurante Manguezal e Restaurante Jardim da Ilha
Motoristas: Gabriel dos Santos, Bahia e Begatur.
Agradecimentos:
Grupo Squiva Nativa, Associação Cultural Grupo Indígena Os Guaranis, Comunidade do Barro Branco, OrbeCam, Quanta Salvador, Pousada Nel Blu, Remix, Emanoel Pitta de Brito, Professor Junior, Tânia Assumpção, Rafael Kent, Goli Guerreiro, Antônio Riserio, Alice Carvalho, Lucas Souza, Luizinho e Isadora, Augusto Albuquerque, Sacatar e ao BaianaSystem.
Lançamento do disco OXEAXEEXU
12/02 – Primeiro ato – Navio Pirata
05/03 – Segundo ato – Recital Instrumental
26/03 – Terceiro ato – América do Sol
Com informações: Bebel Prates- Assessoria de Comunicação