Carolina Zingler alça voo e lança Eu Viro Bicho, seu quinto disco de estúdio

Produção musical é assinada pela artista, conhecida por ser criadora da Esquina do Jazz

 

 “Com garras e dentes os bichos lutam para preservar aquilo que é importante para eles. Penso que é o nosso lado bicho que luta para mantermos nossa essência”, explica a gaúcha Carolina Zingler sobre o conceito do disco Eu Viro Bicho, que chega às plataformas de streaming. “Esse trabalho reflete sobre a força que nasce dentro da gente e que nos move pela caminhada da vida, nos alimentando de propósito”, continua. Com produção musical e mixagem pela própria artista, conhecida por ser criadora da chamada Esquina do Jazz, o álbum conta com 12 faixas que começaram a ser compostas ainda na pandemia, e que navegam por ritmos como groove, rock, ijexá e bossa nova. Ouça aqui

 

Vivendo entre o Brasil e Portugal, Carolina Zingler idealizou que o disco tivesse algo de marcante do seu país natal. “Acho que por passar esse tempo em Lisboa, senti vontade de me firmar nos traços da cultura do meu país. Eu queria fazer um disco que exalasse brasilidade, tanto na estética quanto nas composições”, conta. Quando fechou o repertório, percebeu que as músicas faziam alusões ao caminhar pela vida, com reflexões sobre propósitos e experiências que definem as pessoas. “É um álbum que discorre sobre a paixão que nos move, que alimenta e que cria sonhos, nos conduzindo pela experiência ímpar que é vida.”

 

Musicalmente, a ideia foi que o álbum soasse natural e espontâneo, buscando a sensação única da performance ao vivo. “Eu gosto da ideia de manter o espírito da execução musical. Por isso decidi gravar a base das músicas ao vivo. A percussão e a bateria ficaram na mesma sala de forma a se misturarem, violão e voz em outra, e o baixo separado dos dois primeiros núcleos. Minha meta era ouvir a banda tocando no disco tal qual soavam ali”, comenta. Banda esta que foi integrada por Bárbara Mucciollo (bateria e percussão), Fernando Lima (percussão), Tomás Gleiser (baixo), Cisco Vasques (guitarra), Eloiza e Estela Paixão (backing vocals), e Carolina Zingler nas guitarras, violões e vocais.

 

Participaram também Fábio Mello, que gravou em discos anteriores da artista, e que assina os arranjos de metais, e toca sax, nas músicas Mais Linda e Hey Psiu; e Rafael Lorga, integrante da banda Pietá, que participou como percussionista nas músicas Transformando o Céu, Ando Devagar e Sol.

 

Faixa a faixa

 

Hey Psiu dá início ao disco com um groove que nasceu durante a pandemia em parceria com Vanessa Garcia e Bárbara Mucciollo. “Essa música reflete o tempo que escorre pelas mãos, a percepção de que a vida é um sopro e que tudo é efêmero. Eu pensava muito nessa coisa de não poder abraçar, era um perigo encostar no outro, e isso está presente na letra. Eu ia sempre levar comida e supermercado para minha mãe e ficava de longe e tinha muita vontade de abraçá-la. Quando acontecem coisas assim a gente reflete sobre o que realmente importa, e percebe que as coisas mais valiosas às vezes podem passar batido sem a gente se dar conta”, comenta Carolina Zingler.

 

Transformando o Céu, single que deu o pontapé inicial aos trabalhos do disco, é a música que vem a seguir. “Escolhi essa para ser a canção de abertura dos trabalhos, primeiramente, porque gosto da maneira como esse groove rock que já ascende no início da música e desliza até chegar num ijexá malemolente, convidando a todxs para dançar. Mexendo o corpo vamos transformando tudo, liberando químicas, ressignificando sensações. É como um grito de libertação e liberação, um convite à coragem de se manter na força de sermos nós mesmos e seguirmos nosso caminho. Por isso, ela se  conecta com o espírito do disco como um todo.” 

 

Orixá, por sua vez, reflete a necessidade de cuidar do planeta e respeitá-lo. “Nessa música eu falo das florestas, do pulmão do planeta, da natureza, dos erros que o ser humano comete em relação a isso. Os vocais que abrem a faixa simbolizam a união de todos em ampliar o olhar para as questões ambientais do planeta. Canto sobre o meu desejo de amplificar a percepção disso.”  

 

Eu Viro Bicho, faixa que dá nome ao disco, surge a partir da contemplação de que os bichos, de forma genuína, sabem o que é essencial e harmônico, e fazem de tudo para proteger a si e seu espaço. “No mundo dos humanos, tudo nos atravessa de alguma forma, somos julgados e julgamos. Diferente dos bichos, nós muitas vezes nos desconectamos de nossa força interior por conta de padrões inventados, propagandas que nos induzem a desejar o que nem precisamos e a nos comparar com o outro. Nos deixamos invadir, até sem perceber. Mas tem alguma coisa dentro da gente que nos sinaliza quando as coisas entram nesse loop automático. Eu Viro Bicho é um chamado para perceber isso e nos empoderar da nossa própria força.”  

 

Mais Linda, o segundo single a apresentar o álbum,  traz um instrumental dançante e alto astral. “É uma mensagem para todas as mulheres, do quanto somos maravilhosas, lindas, poderosas, e como sentir isso vai se refletindo e nos alimentando sempre que a gente se posiciona nessa direção na nossa caminhada pela vida.”

 

Meu Amor e Meu Cansaço, única canção do disco que não foi criada por Carolina Zingler, tem autoria de Jards Macalé, Thomas Harres, Kiko Dinucci e Romulo Fróes. “Eu me apaixonei por essa música quando me apaixonei pela Vanessa, minha companheira. Ela me mandou essa música quando estávamos nos conhecendo e eu fiquei hipnotizada pela música. Achei a atmosfera muito instigante e escutava no repeat.”

 

Tu e Eu fala do encontro com o amor, que arrebata e conduz para muitas surpresas e aventuras na vida. “Ela tem essa cara de bossa nova meio canção, que brinca com compassos compostos e se desenvolve por uma melodia ascendente. É uma composição minha em parceria com Vanessa Garcia, Lu Panisson e Mateus Ávila. Fizemos ela dia 31 de janeiro de 2021, em meio a pandemia, quando decidimos passar um tempo juntos.” 

 

Ando Devagar é um samba com bossa que está presente também – em outra versão – na discografia da banda Sexy Groove, da qual Carolina Zingler faz parte. Cuíca, surdo, tantan e tamborim são tocados por Vanessa Garcia, Bárbara Mucciollo, Fernando Lima e Rafael Lorga. “Ela fala sobre esses atravessamentos e urgências que nos induzem a estar sempre correndo, nos hipnotizando em um loop de ansiedades que nos distraem do agora.  Por muitas vezes ficamos remoendo o passado, ou idealizando o futuro, até sofrendo por achar que não chegamos lá. Para mim, a música fortalece esse exercício de ter fé que tudo já é e que não preciso me ‘pré-ocupar’ com o que virá.”

 

My Heart Ain’t Blue, única canção do disco em inglês, é um jazz com um toque de bossa nova, que fala de um coração que antes era triste e passou a ser feliz pela chegada de um novo amor.

 

Rio é uma música com violão e vocalizes que traz ambiências etéreas e flutuantes. “Essa faixa é um portal, uma espécie de passagem para um outro estado vibracional. O disco como um todo tem mais de um viés, musicalmente falando. Tem a onda dos grooves, dos ritmos afro-brasileiros, e a parte que fala da alma do planeta, da natureza, representada pelas músicas Sol e Orixá. Por conta disso, senti que para chegar na música Sol, precisava de um portal que levasse o ouvinte até a energia dela. Então Rio é como se fosse uma ponte que leva o ouvinte da música Orixá, que está no início do disco, até a música Sol.” 

 

Sol traz uma instrumentação mais pesada nos ritmos, com bateria, congas, agogôs e caxixis gravados por Bárbara Mucciollo, Fernando Lima e Rafael Lorga, misturados ao groove do baixo de Tomás Oliveira, o violão de Carolina Zingler, os vocais de Estela e Eloiza Paixão, e a guitarra atmosférica de Cisco Vasques. “Essa música representa a voz das florestas, das águas, dos solos, do magma, do que é elementar, do coração do planeta. É um grito contra a exploração e destruição. Sol canta sobre a queima das florestas, o desaparecimento dos rios, a exploração mineral, a dor que sentem esses grandes e nobres universos ao serem maltratados, abusados, sugados por um sistema voraz, opressor e anti-natural que os invade sem clemência.”

 

Bailarina traz o disco ao seu fechamento com uma metáfora sobre a transformação de uma bailarina que sai da caixa, rompe padrões e vai para o mundo dançar. “A melodia dessa música é uma dança por si só. O tempo entre as notas me soa como um bailado, e quando chegou essa melodia para mim através do meu violão, eu vi uma bailarina dançando lindamente desenhando movimentos no meu imaginário: plena, brilhante, encantadora, fascinante. A bailarina dessa canção é uma mulher inteira e plena que segue seu coração para trilhar o caminho da sua vida. Eu gravei essa música voz e violão juntos para manter a essência viva e fluida do movimento da melodia da música. Na pré produção, usei um cello virtual para compor o arranjo e ver como soava. Depois usei um cello de verdade, que foi gravado pelo Riccieri. Quando eu estava mixando achei interessante manter o cello virtual e fazer ele ir se tornando um cello real, dialogando com essa metáfora de algo ganhar vida, como a bailarina que sai da caixa.” 

 

FICHA TÉCNICA

 

Direção Artística, Produção Musical e Mixagem: Carolina Zingler

Direção Artística: Vanessa Garcia

Arranjos: Carolina Zingler em colaboração com os músicos que gravaram

Captação Base: Gustavo Breier

Arranjos de Sopros: Fábio Mello

Captação de Sopros: Jorge Lacerda

Captação de Overdubs: Carolina Zingler

Edição: Tomás Gleiser

Masterização: Arthur Joly

Processamos Analógicos e Pós-produção: Raul Misturada

Violões, Guitarras e Vocais: Carolina Zingler

Bateria e Percussão: Bárbara Mucciollo

Percussão: Fernando Lima

Baixo: Tomás Gleiser Oliveira

Guitarra: Cisco Vasques

Backing Vocals: Eloiza Paixão e Estela Paixão

Consultoria audiológica: Renato Pimentel e Tiakov

Ritmos (Transformando Céu, Ando Devagar e Sol): Rafael Lorga

Flugel e Trompete: Gabriel Barbalho

Cello (Bailarina): Riccieri

Cuíca: Mestre Dú da Cuíca

Tan Tan: Vanessa Garcia

Sax: Fábio Mello e Hemerson Calandrini

Trombone: Felipe Arthur Moritz

Fotografia e Direção de Arte: Cisco Vasques

Projeto Gráfico: Tom Martinez

 

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SOBRE CAROLINA ZINGLER

 

Carolina Zingler é uma cantora e violonista brasileira que compõe, produz e interpreta suas canções. Nascida no Sul do Brasil, ela viaja o mundo levando sua música e renovando constantemente suas influências musicais.

Estudou Produção Fonográfica no Rio de Janeiro e mais tarde, Engenharia de Áudio em São Paulo, especializando-se em Produção Musical, Trilhas Sonoras e Engenharia de Áudio. Em São Paulo, é sócia do Gerência Records, que produz discos e trilhas para filmes.

Em 2011, lançou seu primeiro álbum autoral Butterfly, seguido de Birds Flying High (2015), Mantras da Mata (2018) e Inspiration Sessions Vol I (2020). Seu trabalho foi amplificado em 2015, depois de criar a sua cena de música de rua que passou a ser conhecida como “Esquina do Jazz”. Na esquina da Peixoto Gomide com a Avenida Paulista, onde apresentava-se, ganhou notoriedade e repercussão na mídia, rendendo entrevistas com Jô Soares, Ronnie Von e no programa Metrópolis.

 

A artista pensa suas performances na rua como uma intervenção urbana onde a cidade e os horizontes em que escolhe atuar se tornam um palco vivo que se fundem com a música, criando uma experiência sensorial sempre singular. Cada apresentação é planejada com atenção aos detalhes do ambiente, de modo que a música e o espaço urbano se entrelacem de forma harmoniosa, convidando o público a participar pela simples presença.

 

Em 2019, Carolina Zingler seguiu em turnê pela Europa que passou por oito países e resultou na websérie documental Take my soul to fly (2020). Além disso, levou a Esquina do Jazz para diversos países. Entre Lisboa, São Paulo e Florianópolis, além dos shows, produções musicais e projetos audiovisuais, ela mantém a tradição de tocar na rua com sua guitarra a tiracolo.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Com informações: CAFÉ 8 Assessoria

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