CÉU lança seu novo álbum “UM GOSTO DE SOL”
Ouça aqui: http://lnk.to/umgostodesol
Clipe “Chega Mais”: https://youtu.be/j7gnzpge0f4
Céu vivia em Nova York em 1998, quando escreveu sua primeira canção. Dividia o tempo entre o curso de música, motivo que a havia levado para fora do Brasil, e as funções de faxineira, chapeleira, garçonete e outros trabalhos que pagavam o aluguel na nova cidade. Até ali, sua relação com a música estava de todo associada ao ofício de intérprete. Cantar repertório alheio foi a primeira escola prática, a maneira de encontrar a própria musicalidade e, no final das contas, o que deu a ela as ferramentas fundamentais para que descobrisse seu lugar de compositora logo em seguida. Cantar era tudo e o desejo de fazer um álbum de intérprete se manteve nos planos por todo o tempo. Mas a produção autoral se impôs desde seu trabalho de estreia, “Céu”, de 2005. E a ideia de represar as próprias composições para se dedicar a outros autores foi sendo naturalmente adiada. Até agora. Após cinco trabalhos autorais, “Um Gosto de Sol” é o primeiro álbum em que Céu se coloca apenas como intérprete, dando voz a uma dúzia de canções escritas por outros autores. Produzido por Pupillo, o álbum é resultado do impacto da pandemia na vida da artista.
Em julho do ano passado, Céu me procurou para ajudar na escolha deste repertório. Mas muito do que acabou sendo gravado e está na versão final de “Um Gosto de Sol” já constava da primeira lista que ela me apresentou, feita com a ajuda de Pupillo, seu marido e produtor, e de Edgard Poças, seu pai. É um projeto particularmente pessoal, como se vê. Familiar, até. E a semente que motivou sua concepção foi justamente a falta de motivos para compor um álbum autoral. O recolhimento. A inevitável introspecção. Nos momentos iniciais da pandemia, quando a sensação de incerteza apenas aumentava a cada novo dia – e nenhum dia era realmente novo -, Céu agiu como boa parte da humanidade e foi buscar acolhida no único ponto de segurança possível àquela altura: a memória. Olhou de volta para os primórdios de sua formação, que remetem aos discos que ouviu na infância na casa dos pais, ao rock e à música pop descobertos na adolescência, aos shows que viu e que fez antes de se tornar compositora. A viagem pessoal fez com que o repertório de “Um Gosto de Sol” refletisse a artista em todos os escaninhos de sua fundação musical, em espectro tão amplo que pode surpreender até – e principalmente – seus seguidores mais fiéis.
O samba está representado no álbum em cinco períodos bem distintos, temporal e esteticamente. Dessa linhagem, a seleção de canções parte da basilar tríade de compositores Ismael Silva, Lamartine Babo e Francisco Alves, parceiros em “Ao Romper da Aurora”, samba gravado por Ismael em 1957. Visita a obra autoral de João Gilberto em “Bim Bom”, pequena joia lançada pelo genial cantor como lado B do compacto simples de 1958 que tinha como lado A a faixa “Chega de Saudade” e inaugurava a Bossa Nova. Passa pela fase mais envenenada da dupla Antonio Carlos & Jocafi em “Teimosa”, de 1973, que na nova versão ganhou backing vocais de Russo Passapusso, do BaianaSystem. Segue com uma Alcione de 1979, “Pode Esperar”, composição de Roberto Corrêa e Sylvio Son, que já imprimia ares feministas ao discurso da diva maranhense. E deságua no pagode 2000 com “Deixa Acontecer”, canção de Carlos Caetano e Alex Freitas estourada pelo grupo Revelação, de Xande de Pilares, que Céu leva aqui em sensacional dueto com Emicida.
O pop nacional está representado no álbum por sua maior estrela. Primeiro single de “Um Gosto de Sol” a chegar às plataformas de música, “Chega Mais” é parceria de Rita Lee e Roberto de Carvalho lançada originalmente em 1979, justamente no LP que inaugurou não apenas a carreira solo de Rita – e sua fase de maior sucesso popular, ao lado do marido Roberto –, mas também a primeira pedra do que viria a ser o nosso pop dali em diante.
Faixa que batiza o álbum, “Um Gosto de Sol” é uma parceria de Milton Nascimento e Ronaldo Bastos pinçada do clássico álbum “Clube da Esquina”, de 1972. A sofisticação harmônica e melódica da canção são exemplares da originalíssima escola mineira comandada por Milton naquele período e segue com capacidade para impactar os músicos e ouvintes mais exigentes daqui e de fora. No caminho contrário, é na simplicidade da construção de “Feelings” que moram suas características mais potentes, com força para unir – ou, ao menos, para confundir – as fronteiras entre música brasileira e internacional. Composta em inglês pelo brasileiro Morris Albert em 1974, a canção ganhou o mundo de maneira avassaladora e foi gravada por estrelas do jazz e do pop mundial, de Nina Simone a Caetano Veloso, de Offspring a Joe Pass – e, segundo documentos, teria sido registrada até por Elvis Presley se a morte não o tivesse alcançado antes.
Da mesma maneira que o samba, o pop internacional também é abordado por Céu em suas mais diferentes facetas em “Um Gosto de Sol”. O álbum traz uma versão quase bossa nova para a psicodélica “May This Be Love”, faixa que abre o lado B do clássico álbum gravado por Jimi Hendrix em 1967, “Are You Experienced”. Passa pelos anos 1980 em “Paradise”, composição de Andrew Hale, Stuart Matthewman, Paul S. Denman e Sade Adu que puxou o álbum “Stronger Than Pride”, sucesso mundial de Sade em 1988. E chega à década de 1990 com dois nomes fundamentais: Fiona Apple, autora de “Criminal”, de 1997; e os Beastie Boys, donos de “I Don’t Know”, do ano seguinte.
Também foram criadas para o álbum duas vinhetas instrumentais: “Sons de Carrilhões”, de João Pernambuco, e “Salobra”, de Andreas Kisser, Pupillo, DJ Nyack e Céu – só para desmentir quem disser que não há nada autoral no setlist. Ambas ganharam a adesão e os beats do DJ Nyack.
Mas nada é o que parece. Ou melhor: nada está como era antes. O impulso por criar leituras realmente novas de cada canção se faz notar em todos os momentos do álbum, desde a concepção dos arranjos até as interpretações vocais. Embora Céu tenha sempre valorizado ambientações eletrônicas em seus álbuns autorais, as primeiras imagens impressas em sua memória afetiva remetem ao universo do violão brasileiro. Sendo memória e afeto os dois ingredientes fundamentais de “Um Gosto de Sol”, nasceu daí a opção conceitual por colocar o instrumento acústico como peça-chave de todo o álbum. Mas era preciso conciliar duas pontas: de um lado, exaltar a grandeza das escolas clássicas de Dilermando Reis, Garoto e Baden Powell, entre outros geniais violonistas que Céu ouviu durante toda a primeira parte da vida no toca discos do pai; do outro lado, honrar todo o universo musical que conheceu depois, por conta própria, em uma vida dedicada à liberdade de ouvir sem se importar com a procedência. Que instrumentista seria capaz de resolver essa equação?
Das partes boas de ser casada com o próprio produtor, Céu dividiu a questão com Pupillo. E foi ele quem trouxe a solução, que se materializou na forma de um vídeo postado no instagram de Andreas Kisser. Nele, o guitarrista do Sepultura tocava um chorinho ao lado do filho. Parecia inacreditável: o fundador da maior banda de metal do Brasil – uma das maiores do mundo – tocava violão de náilon. E bem. Dali até fazer o convite, a dúvida que primeiro surgiu foi: por que raios Andreas Kisser toparia entrar em uma empreitada dessas? Por que pararia seu dia para se dedicar a fazer os violões para um álbum de intérprete. Pupillo rebateu, prático: “Porque ele deve estar em casa, trancado e entediado feito a gente”. E estava. Kisser topou assim que recebeu o telefonema. Mais do que isso, aprendeu a tocar violão de sete cordas especialmente para a feitura deste álbum. A banda de “Um Gosto de Sol”, portanto, é formada basicamente por Pupillo (bateria, percussão e produção do álbum), Andreas Kisser (violão de sete cordas) e Lucas Martins (baixo). Mas conta também com participações adicionais de Hervé Salters e Rodrigo Tavares (teclados), do veterano maestro Jota Moraes (vibrafones) e do DJ Nyack (beats e programações).
Céu gosta de dizer que esse é, sim, um trabalho sobre esperança. Não numa tentativa de criar novas canções que simulassem um belíssimo futuro logo ali adiante – o que então, à sombra da pandemia, nos pareceria tão pouco crível. Mas em um movimento que pudesse fortalecer justamente o que tínhamos – e sempre tivemos – de mais sólido e mais potente: nossa história e nosso afeto. Como indivíduos, é claro, e também coletivamente, como o país cuja identidade sempre esteve tão perfeitamente ligada e representada pela música popular. Pela música que compusemos para nós mesmos e por aquela que trouxemos, por desejo ou identificação, para dentro do nosso quintal. E onde pudemos colher, pelas frestas da quarentena, um gosto de sol e um bocado de calor.
Por MARCUS PRETO / Novembro de 2021
FAIXA A FAIXA por CÉU
Ao Romper da Aurora
Gravada originalmente por Ismael Silva
Álbum “Ismael canta…Ismael” (1957)
Samba de Ismael Silva, abre alas do meu disco, com esse fundador da primeira escola de samba do Brasil chamada “Deixa Eu Falar”. Grande compositor e cantor, que por curiosidade teve uma relação íntima com os meus pais, uma relação de amizade e de esperança. E eu acho que essa é uma canção de alguma esperança também. E para mim, além de lindíssima canção, trouxe o tom do que eu gostaria de trazer para o disco todo. Então por isso, abre o disco e também já antecipando o meu amor e carinho por coisas antigas brasileiras e pelo samba.
Teimosa
Gravada originalmente por Antonio Carlos e Jacofi
Álbum “Antonio Carlos & Jocafi” (1973)
A segunda canção traz um tipo de samba que só a Bahia, só os Soteropolitanos – Antonio Carlos e Jocafi – poderiam ter feito. Tem um traquejo, uma malemolência, um charme, que só a Bahia é capaz mesmo. Eu sou apaixonada por esses compositores e quis cantar letra que fala de teima, de ser teimosa – porque eu sou uma pessoa teimosa (Risos). E ainda tive o luxo de ter Russo Passapusso nos backing vocals, fazendo um falsete ali no coro. Eu sou muito fã de coros masculinos no falsete.
Chega Mais
Gravado originalmente por Rita Lee
Álbum “Rita Lee” (1979)
Puxa, eu tinha certeza que eu tinha que ter algo da Rita Lee. A Rita Lee é uma grande ídola, é uma referência. Ela é o retrato da cidade de São Paulo que deu certo. Onde a Pompeia – bairro que eu vivi um período com minhas grandes amigas – onde a Pompeia é mais rock, onde São Paulo é mais rock, onde as ideias vem em forma de gota de colírio alucinógeno (Risos). Porque o Brasil me obriga né? Enfim, Rita é mulher, é feminismo, é liberdade, é rock, é o Tropicalismo, e é extremamente brasileira também.
I Don’t Know
Gravado originalmente por The Beastie Boys
Álbum “Hello Nastie” (1998)
Bom, quando eu comecei a me descobrir como compositora, eu tinha 18 anos e tava passando uma temporada em Nova York. Eu tenho a impressão de que eu era vizinha do MCA, dos Beastie Boys, ali no Lower East Side, porque eu o via todo dia de patinete de tarde, de noite, de dia. E eu já era muito fã de Beastie Boys naquela época então eu ficava com aquele olho de curiosidade. E depois que eu gravei essa canção é que eu descobri que exatamente naquele ano de 1998-1999, eles tinham retornado a Nova York para gravar o “Hello Nasty” – que é exatamente o álbum que tem a canção que eu gravei no disco. Eu achei isso muito curioso e fiquei feliz em trazer e enaltecer esse trio punk, que depois se descobriu no rap, brancos e judeus compondo uma bossa nova. Tem algo nisso que me atrai profundamente.
Deixa Acontecer
Gravado originalmente por Revelação
Álbum “Nosso Samba Virou Religião” (2001)
Bem, o pagode estourou no Brasil na década de 90. E não é para menos, os caras trouxeram o samba em outro formato, em um formato mais popular, romântico e pop. Eu amava. Eu gostava de dançar, eu gostava de cantar. Acho que foi uma das primeiras vezes que eu me revelei publicamente cantando. Foi quando eu tava em um ônibus, em Porto Seguro na Bahia, com vários adolescentes da minha idade. A gente tinha uns 15-16 anos. A gente estava numa excursão e começou a cantar. Tinha um microfone aberto no busão e eu cantei várias músicas do pagode. Eu queria muito trazer alguma coisa do pagode pro álbum, e o mais incrível de tudo é poder ter um feat do meu ídolo maior, um cara de extrema importância para a revolução social que o Brasil tem que fazer, porque a gente tá ainda no capitulo um. Mas eu acredito muito toda vez que eu escuto esse cara, que é o Emicida. Imagina a honra pra mim dividir um track com esse cara, e ainda numa canção extremamente popular, extremamente brasileira, que todo mundo reconhece. Quantas vezes eu já cantei essa música, quantas vezes eu já ouvi versões dessa música. Então eu me permiti trazer um pouco da minha versão, junto com o Emicida.
Salobra (Interlude)
Eu sempre flertei com os beats, né? Então quis trazer o DJ Nyack que é referência, que é um cara que eu me aproximei na pandemia por conta do Laboratório Fantasma, que virou um amigo, uma pessoa que eu quero perto. Sou muito fã desse cara. Um alto conhecedor de música brasileira e de música mundial, de DJ. Ele fez esse beat e eu botei uns vocais em cima. Eu achei interessante manter essa minha linhagem de trazer beats, porque eu faço isso desde sempre. E esse disco é um disco todo orgânico, mas eu sempre gosto de colocar umas vinhetinhas, e costurar. E, dentro dessa vinhetinha, eu achei que tinha espaço pra beat.
Feelings
Gravado originalmente por Maurice Albert
Álbum “Feelings” (1975)
Feelings foi a música polêmica, vamos dizer. Porque ela é icônica, uma música que explodiu, que tem versões desde The Offspring até Nina Simone; e o mais curioso, é que é de um brasileiro, rs. Ela tem uma coisa cafona assim, mas ao mesmo tempo linda (justamente pela cafonice). Eu sou uma pessoa que prezo muito pela cafonice. Eu gosto. Eu acho que são nesses momentos que a gente é mais a gente. E eu tinha uma briga particular com essa música porque teve um evento onde eu queria dormir em casa porque eu tava com meu bebê pequeno e tava tendo uma festa e o povo não parava de cantar muito alto essa música, rs. Então eu fiquei com bode, mas ao mesmo tempo eu gosto dessa música por ela trazer de maneira linda e perfeita os clichês todos. E é muito curioso que é um brasileiro que fez. Então a gente testou ela e no final a gente amou.
Um Gosto De Sol
Gravado originalmente por Milton Nascimento
Álbum “Clube da Esquina” (1972)
Bom, essa é uma canção grandiosa dos gênios, dos grandes, Milton Nascimento e Ronaldo Bastos. Eu já conhecia essa canção mas quando eu reescutei com atenção, caíram lágrimas pela potência estrutural, harmônica, melódica e de letras. Eu quis trazer uma música com uma densidade, num tempo atípico, e me permitir me desafiar cantando algo dessa grandeza. Eu fiquei muito emocionada com tudo que aconteceu no estúdio no momento dessa gravação, com o que a música é capaz de fazer. Eu acho que o Pupillo também trouxe referências do Naná Vasconcellos, o grande Naná Vasconcellos; percussionista, parceiro do Milton. Enfim, foi muito emocionante. E leva o nome do disco que tem a ver com toda a história por trás.
May This Be Love
Gravado originalmente por Jimi Hendrix
Álbum “Are You Experienced” (1967)
Eu sempre fui dada às canções do Jimi Hendrix em que ele canta. Eu acho a voz dele linda. Acho o jeito que ele canta lindo. Eu acho as melodias — a gente não precisa ficar falando do Jimi Hendrix porque todo mundo sabe do brilhantismo dele. Mas esse lado cantor e cancioneiro dele sempre achei muito pop, muito lindo. E queria trazer uma canção dele com essa psicodelia, em que eu também me reconheço em alguns momentos.
Bim Bom
Gravado originalmente por João Gilberto
Álbum “Chega de Saudade” (1959)
Bom, o João Gilberto faz parte do cancioneiro brasileiro, da genialidade da música brasileira, e eu queria muito trazer algo dele. Ele não fez muitas canções, ele fez algumas poucas – as poucas que ele fez, eu gosto muito, e essa é uma delas. Ela tem essa coisa haicai. Muito simples, letra pequena, e ao mesmo tempo tão brasileira – que eu amo. Tão singela, e ao mesmo tempo, grandiosa. E a gente fez um arranjo que enaltece a batida dele, eu acho que o Pupillo se guiou muito para fazer a bateria dentro da própria batida do violão do João. A gente se divertiu muito fazendo os coros. Enfim, foi muito gostoso.
Paradise
Gravado originalmente por Sade
Álbum “Stronger Than Pride” (1988)
Sade Adu é uma referência enorme. Meu pai sempre fala que ele acha que eu comecei a cantar por causa dela. Por que ele lembra exatamente o dia que ele me deu “Love is Stronger Than Pride” e eu fiquei trancada no quarto escutando. Acho que foi através da Sade que eu tive contato com outro tipo de fazer música. Antes tudo era dentro de um formato muito intérprete no Brasil, isso dentro do meu conhecimento porque eu era muito pequena, devia ter 10 anos. Mas sempre tinha essa coisa muito do Brasil, muita bagagem – harmônica, melódica, profunda. Tinha muitos saberes das músicas que eu conhecia do Brasil e de repente chega uma mulher lindíssima cantando as coisas da vida e compondo, meio que sendo uma banda mas não era um banda, era ela. Mostrando a possibilidade de um outro mundo cantando com um timbre mais quente, mais baixo, mas ao mesmo tempo com muita personalidade, e potência também. Então, isso me cativou profundamente e eu queria trazer algo dela. Acabei escolhendo essa icônica que é “Paradise” – super desafiadora, afinal isso é um hino mesmo. Mas era isso, eu me abri a brincar com as canções e tirar elas dos lugares de ícones e botar elas em outros formatos. Afinal, eu sempre acreditei que música é para a gente cantar. Sade na veia.
Sons De Carrilhões (Interlude)
Gravado originalmente por João Pernambuco
Álbum “Sons de Carrilhão” (1926)
Sons de Carrilhões é um clássico do violão brasileiro. Eu escutei muito isso em casa – meu pai sempre foi muito dessa erudição brasileira, do choro, de todos esses estudos para violão acústico brasileiro. Quando a gente viu o Andreas aquecendo a mão e estudando Sons De Carrilhões, a gente se emocionou, e eu falei: “Andreas, vamos fazer uma vinheta disso daí!” E aí eu juntei o DJ Nyack, como eu falei lá no começo. Eu queria fazer vinhetas trazendo beats, e aí o Nyack fez essa interpretação.
Pode Esperar
Gravado originalmente por Alcione
Álbum “Alerta Geral” (1978)
A Alcione, na minha opinião, é a maior cantora do Brasil de longe. É uma potência. É indescritível. Não só como voz, mas como mulher, com toda potência da feminilidade que ela traz. Rasgada. Eu acho que como mulher eu me vi na fala dela, nessa letra, e me emocionei. Eu não conhecia essa música; eu conhecia o disco, e algumas do disco, mas não conhecia essa. Quando eu ouvi eu me apaixonei muito pela música. Fiquei no repeat durante a pandemia, ouvindo direto, e quis gravar mais um samba da potência e da grandeza da Marrom.
Criminal
Gravado originalmente por Fiona Apple
Álbum “Tidal” (1997)
A Fiona Apple chegou assim, dando aquele nó na cabeça. Transgredindo a coisa da artista rock que toca piano. Piano é um instrumento que na minha cabeça, quando ela chegou em 1995, era uma coisa meio clássica. E chega aquela menina com aquela pegada rock. Linda e forte. Magra com a voz grave e potente, poetisa mas com muita raiva. Contando das questões do feminismo, do masculino, e do feminino. Se colocando no lugar de má porque aprontou com um bom menino, e então isso me impactou. Gosto de sempre saber o que ela ta fazendo, o que ela tá falando – me conecto com a arte da Fiona Apple.
Com informações: BEBEL PRATES ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO