Da repetição dos loops nascem as músicas e novo disco do duo Tartamudo
Depois dos singles “Countergambit” e “Convite ao Prazer” com Scandurra, banda apresenta “A loop is a loop is a loop”
“A loop is a loops is a loop”: este é o nome do primeiro disco do duo instrumental Tartamudo, formado por Wilton Rossi (guitarras, teclados, loops, baixo) e Zepedro Gollo (bateria eletrônica, loops, teclado). Os dois são velhos conhecidos da cena brasiliense. Wilton já passou pelo Divine e Superquadra ao lado do incansável Cláudio Bull, duas bandas que marcaram a música da capital federal entre as décadas de 1990 e 2000. Enquanto Zepedro desbravava o cinema nacional fazendo roteiro, montagem e trilha sonora de filmes como “Se Nada Mais Der Certo” (2008), de José Eduardo Belmonte e “O Último Cine Drive-in” (2014), de Iberê Carvalho.
O álbum é inspirado no verso do poema “Sacred Emily” da estadunidense e importante artista e ativista Gertrude Stein, que ajudou a revelar grandes nomes da arte moderna quando morava na França, desde Picasso, a Matisse, passando por Hemingway e Scott Fitzgerald: “a rose is a rose is a rose”.
“A repetição sugere a materialidade do objeto, no caso, a rosa, resgatando um significado que se perdeu na banalização da flor mais famosa. Há diversas versões e paródias desse verso. Nós trazemos a ênfase para o nível celular do nosso processo criativo: o loop. Tudo que criamos é transformado em repetições e nosso método consiste basicamente em trabalhar camadas de elementos repetidos até que o arranjo seja encontrado, polido e finalizado. Enfim, o título desse álbum de estreia aponta para o ponto seminal do nosso processo, de onde todo o trabalho emerge” comenta Wilton Rossi.
A repetição está no nome do disco, no ponto central de como as músicas são criadas (loop) e também no nome da banda, pois “tartamudo” é um substantivo masculino para “gago”, a personificação da repetição. O que também se reflete nas artes escolhidas pela banda para representar visualmente o som, que já puderam ser conferidas nos lançamentos de “Countergambit” (essa com clipe) e a versão de “Convite ao Prazer” da banda paulista Gang 90, essa contando com as participações especiais de Edgard Scandurra e da própria Taciana Barros. Ambas as músicas fazem parte do disco.
“’A loop is a loop is a loop’ reflete um exercício de contenção do Tartamudo. As músicas passaram a ter um pouco menos de elementos e não se alongam como em trabalhos anteriores. Estamos visando uma ideia central que concentre a força de cada música. É uma busca pela síntese. A arte reflete esse esforço, pois cada imagem aponta para um elemento visual, um ícone que representa de alguma forma o trabalho em questão”, explica Wilton.
O disco também está repleto de participações especiais (além das supracitadas), como o brasiliense Kelton ao lado de Jair Marcos, guitarrista da cultuada banda paulista Fellini, em “Heist”; em “O Intruso”, temos o bluesman Carlos Café; e fechando o álbum, a versão para “Êxtase”, música de Guilherme Arantes, essa com um feat com a cantora Mila Fá.
“Fizemos nossa versão de ‘Êxtase’, do Guilherme Arantes, e o resultado nos agradou demais. Achamos que a música não poderia abrir mão da voz (diferente de nossa versão de ‘Tudo tudo tudo’ do Caetano, que ficou instrumental). A mensagem na música, que fala da experiência da paternidade, é tocante, linda. A Mila Fá tem uma voz maravilhosa e uma formação musical que tornou o trabalho com ela uma experiência encantadora para nós. Fizemos a gravação em casa, no nosso estúdio, num clima bem intimista que caiu bem com a música. O resultado ficou realmente muito bonito”, elogia Wilton.
Já as músicas passam pelo dub, ambient, música clássica e MPB, mas especificamente refletem, neste álbum, a batida pesada e direta do funk carioca, as guitarras angulares do Gang of Four e do PIL, os riffs do B-52’s, a batida motorik do krautrock, o groove de Madchester, a soul music e o amálgama musical do trip hop, o ambient ácido de Aphex Twin e as paisagens sonoras de Brian Eno. Sem contar a admiração – sempre presente – por Caetano Veloso. “Caetano é o nosso David Bowie, só que ainda melhor. Um artista plural, um intelectual que amamos e que representa a maior ambição artística que podemos almejar. Ele seguramente nos influencia de muitas outras maneiras. Até nas nossas brincadeiras no estúdio, que envolvem muitos trechos e trocadilhos de letras dele. Aliás, como é bom poder tocar um instrumento!”, brinca Wilton.
Confira o disco “A loop is a loop is a loop” nas principais as plataformas digitais.
Deezer: https://www.deezer.com/br/album/299519542
Youtube: https://www.youtube.com/watch?v=EaOw6KiVPws&list=OLAK5uy_mZyUNP4Fpb-HHCiV1yE_sSMnv-LLMIvKY
Mais sobre Tartamudo
Tartamudo é um duo de multi-instrumentistas com foco na criação de camadas musicais repetitivas, desenvolvendo sonoridades que variam de criações ruidosas e baseadas na distorção até melodias ambient sensoriais e imersivas.
As influências do duo vão da repetição do krautrock (Neu!, Kraftwerk, Can), à música minimal e aos tape loops da avant garde (Philip Glass, Steve Reich, Terry Riley), ao ruído da No Wave e do Velvet Underground, chegando até à linguagem visual do cinema experimental (Chris Marker, Kenneth Anger, Robert Frank).
Tartamudo é música na sua forma mais primitiva, algo que opera no seu corpo com base no volume e na repetição. É uma busca por algo mais elementar e primal. Provavelmente sua pulsação vai se acelerar e seu corpo vai se mover, quer você queira ou não. Tartamudo é aquela pessoa que tem dificuldade na fala e, portanto, gagueja. Ou seja, ela repete algumas palavras ou sílabas, enquanto a dupla brasilense repete os sons.
Tartamudo é Zepedro Gollo (bateria eletrônica, loops, teclados) e Wilton Rossi (guitarras, teclados, loops, baixo).
Redes Sociais
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Instagram: https://www.instagram.com/tartamudomusic/
Youtube: https://www.youtube.com/channel/UCpATyBH4pfOZalKPC5e4nGg/featured
Com informações: Favorite Assessoria