Lenine relança álbum gravado em Paris, no Cité de la Musique
Lenine “InCité” é fruto de uma relação bem-sucedida entre Lenine e a França. Em dois shows gravados em 2004 para uma plateia lotada na casa parisiense Cité de la Musique, o projeto – ganhador de 2 prêmios Grammy Latino, com “melhor CD de música contemporânea” e “melhor canção” com “Ninguém faz ideia”, de Lenine e Ivan Santos – originou o DVD homônimo que será lançado pela primeira vez nas plataformas digitais e em versão deluxe. As 20 canções, sendo 8 inéditas nos serviços de streaming, foram remixadas e remasterizadas pelo produtor Bruno Giorgi, além dos vídeos remasterizados em HD, making off e encarte especial.
“InCité” surgiu a partir de um convite para Lenine participar do projeto Carte Blanche, um dos projetos de música popular mais importantes na Europa, realizado anualmente na sala de concertos Cité de la Musique, segundo o qual a casa de espetáculos dá carta branca a artistas internacionais para criarem espetáculos exclusivos. O projeto rendeu a gravação de um CD ao vivo, com músicas inéditas – como “Todas Elas Juntas Num Só Ser” (Lenine/Carlos Rennó), “Sentimental” (Lenine/Lula Queiroga/Arnaldo Antunes), entre outros – e um DVD, o primeiro de sua carreira, que inclui também sucessos como “Jack Soul Brasileiro” (Lenine) e “Paciência” (Lenine/Dudu Falcão).
Fotos Dalton Valério
Para acompanhá-lo nos shows, Lenine convidou Yusa, compositora, cantora, baixista e pianista cubana, que conheceu num festival internacional de cinema em Cuba, e o músico argentino Ramiro Musotto, que vivia no Brasil há anos e bebia, como poucos estrangeiros, nos ritmos brasileiros. O trio “cubamericano” se encontrou no Brasil e por aqui ensaiou durante duas semanas. O resultado está disponível à partir de 25 de junho, na íntegra, em todas as plataformas digitais e no canal youtube.com/lenineoficial.
Release original, por Véronique Mortaigne, jornalista do Le Monde, que faz parte do livreto relançado junto com o projeto.
Grande Lenine, com sua silhueta esguia, aportando num lugar bem cotado da cultura institucional francesa, a Cité de La Musique, com seu jeito singular de revolucionário rude, cabelos longos, jogos de palavras com umas boas piadas políticas intercaladas! A Cité de La Musique é toda feita em curvas e linhas, pois foi construída por Christian de Portzamparc, a coqueluche da nova arquitetura. Em 1999, Caetano Veloso conseguiu carta branca para realizar ali três dias de criações livres, com os convidados que desejasse. Entre eles estava Lenine, que desembarcou com uma ideia mais selvagem de rock tribal. Lenine e o Cité de La Musique já é uma história comum; uma confluência de pensamentos entre o carioca-recifense, o público francês e o grande auditório, todo construído em quadrados formados por painéis de madeira, muito chique, e com uma acústica das mais claras. Em 2000 ele voltaria para lá, no Grand Halle, para apresentar o CD “Na Pressão”, retornando com toda a força do seu rock mestiço, passando da declamação repentista às misturas eletrônicas e, ainda, ao violão saturado.
Mas neste Lenine InCité – resultado do convite para o artista realizar sua própria carta branca – ele chegou de um modo bem quieto, acompanhado de uma magnífica cubana, baixista, compositora, cantora atípica, Yusa, e de um percussionista argentino (radicado no Brasil), Ramiro Musotto. Uma pequena tribo de tramas bem justas, com o coração no swing e a cabeça nas estrelas. Negritude pop, ardores dos Caribes e percussões nascidas do caldeirão andino. Um programa onde o maracatu, a embolada e o hard-rock são habilmente transformados em influências.
E, então, Lenine lhes cede a palavra neste dia de primavera francesa. Ele os acompanha suavemente e, juntos, os três entronizam canções novas, a autêntica MPB, com olhos de trovador, poeta ambulante, saltimbanco que sabe relatar o ordinário, o cotidiano, o político. Sem dúvida nenhuma, Yusa dispõe de muitos recursos elétricos em seu baixo; ela tem também todas as diásporas negras das Américas em sua voz. Já Ramiro Musotto expressa toda a fogosidade de um argentino colocado em liberdade. Em troca, Lenine lhes oferece uma lição de sertão: “Lá no sertão / cabra macho não ajoelha / nem faz parelha com quem é de traição”.
Sobre o grande palco, Lenine canta sem qualquer pesar uma canção de amor, “Crença”. Paira uma certa sobriedade no ar; daria para se ouvir um inseto voar. É uma surpresa. Esperava-se o canibal, e eis o apaixonado, o sábio: “Mesmo quando tudo pede um pouco mais de calma / Até quando o corpo pede um pouco mais de alma / A vida não para”. Na sequência, o comitê de liberação de energias, do qual Lenine permanece o líder inconteste, conquista de vez a plateia: o público avança em direção ao palco, dançando ao som de “Todas elas juntas num só ser”. Outra canção de amor – tocada, porém, dentro de um ritmo explosivo – e, em seguida, “Jack Soul Brasileiro”. Em trio, sob as luzes, Lenine profetisa com eloquência um mundo singular. Ninguém faz ideia, anarquistas e mercenários, as putas e os babalorixás. A Cité dança, Lenine é in, e os humanos, em geral, são todos um pouco xamãs, pois é o que Lenine nos disse numa certa noite de abril.
Créditos
Gravado ao vivo na Cité de La Musique nos dias 29 e 30 de abril de 2004 | Paris
(Vídeo remasterizado em HD em 2020. Áudio remixado e remasterizado em 2020.)
PROJETO
Produção: Lenine
Direção artística: Lenine
Concepção: Anna Barroso e Lenine
Coordenação e Direção Executiva: Márcia Dias
Produção Executiva: Andrea Comodo
Produção de Base: Luciana Campos
Assistente de Produção: Zezé Cortes
Produção França: Frédéric Gluzman
Assessoria de Imprensa: Mario Canivello
Equipe Cité de La Musique: Laurent Bayle, Hugues de Saint Simon, Elisabeth Delcourt,
Hamid Si amer, Mélanie Ley, Marie Noëlle Barrière, Fabiola Boussard, Lise Béraha
DVD
Direção de vídeo: Lia Renha
Direção artística: Lenine, Lia Renha e Lucio Kodato
Direção de Fotografia: Lucio Kodato
Figurino: Cristina Kangussu
Engenheiro de vídeo: Samuel Kobayachi
Unidade Móvel de Vídeo: O.D.C Télévision
Câmeras: Michael Altman, Gérard Breistroff, Guillaume Allaire, Didier Mulot
Unidade móvel de áudio: Le Voyageur
Engenheiro de Gravação: Alvaro Alencar
Assistente de Gravação: Celine Genevery
Produção Executiva: Andrea Comodo
Produção França: Rosangela Meletti
Edição: Flávio Nunes
Coordenção de Pós: Jorge Luiz Cavalcanti
Pós Produção: Yumes Produções e Estudios Mega
MÚSICAS
Mixagem: Álvaro Alencar com assistência de Fernando Rebelo (mix 2004) e Bruno Giorgi (mix 2020)
Masterização: Ricardo Garcia no estúdio “Magic Master” (2004) e Bruno Giorgi no estúdio “O Quarto” (2020)
01 – Caribenha Nação / Tuareguê Nagô (LENINE / BRÁULIO TAVARES)
02 – Vivo (LENINE / CARLOS RENNÓ)
03 – Ninguém faz ideia (LENINE / IVAN SANTOS)
04 – Sonhei (LENINE / BRÁULIO TAVARES / IVAN SANTOS)
05 – Relampiano (LENINE / PAULINHO MOSKA)
06 – Anna e eu (LENINE / DUDU FALCÃO)
07 – Virou areia (LENINE / BRÁULIO TAVARES)
08 – Do it (LENINE / IVAN SANTOS)
09 – Paciência (LENINE / DUDU FALCÃO)
10 – Todos os caminhos (LENINE / DUDU FALCÃO)
11 – Tomando el centro (YUSA)
12 – O marco marciano (LENINE / BRÁULIO TAVARES)
13 – Olho de peixe (LENINE)
14 – Crença (LENINE / DUDU FALCÃO)
15 – Rosebud (O Verbo e A Verba) (LENINE / LULA QUEIROGA)
16 – Todas elas juntas num só ser (LENINE / CARLOS RENNÓ)
17 – Candeeiro encantado (LENINE / PAULO CÉSAR PINHEIRO)
18 – Sentimental (LENINE / ARNALDO ANTUNES / LULA QUEIROGA)
19 – Lá e lô (LENINE)
20 – Jack Soul Brasileiro (LENINE / ALMIRA CASTILHO / ALVENTINO CAVALCANTE / AYRES VIANNA / JOÃO DO VALLE / JACKSON DO PANDEIRO / BUCO DO PANDEIRO / GORDURINHA)
Assessoria de Imprensa Lenine – Anna Braz