Lia de Itamaracá lança “Dorme, Pretinho”
Lia de Itamaracá celebra a chegada de 2023 com “Dorme, Pretinho”, uma mensagem de aconchego. Composição da Rainha da Ciranda e de Beto Hees traz referências musicais que nos conectam a infância e resgatam a esperança de tempos melhores por vir.
Clipe: https://youtu.be/20PP4kRulVg
Ouça aqui: https://bfan.link/dorme-pretinho
“Dorme, Pretinho” é uma resposta revestida de poesia musical para todo o sofrimento provocado pelos últimos quatro anos de um projeto político que causou grande dano para sua comunidade na Ilha de Itamaracá e para todo o país. Foi a partir do desespero que viu nos olhos dos seus e da intranquilidade com o futuro que Lia sentiu o desejo de levar um pouco de sossego e amparo para sua gente. A mensagem, que vem de uma forma lúdica e única, anuncia os novos tempos para sua ilha e para todos os brasileiros, que já podem voltar a sonhar, pular ondas com a Lia de Itamaracá.
O single, que vem de uma forma lúdica e única, anuncia os novos tempos para sua ilha e para todos os brasileiros, que já podem voltar a sonhar e a pular ondas com Lia de Itamaracá. A composição, assinada por Lia em parceria com Beto Hees, é uma adaptação da canção de Mercedes Sosa intitulada ‘Duerme Negrito’, com destinos muito semelhantes, mães e filhos, em ambas as versões, estão ligados pela fragilidade e beleza da existência. Se, por um lado, a necessidade de subsistência é inevitável, a ternura que os une é ainda mais necessária
No videoclipe desta canção de ninar de Lia, Rainha da Ciranda e Patrimônio Vivo do Estado de Pernambuco, as imagens da praia, das redes onde as mães ninam seus filhos e de uma Lia etérea se alternam no embalo da voz grave, mas acolhedora da Rainha da Ciranda: “Dorme, dorme pretinho, que mamãe está pescando, pretinho. Dorme, dorme Maria, que mamãe está pescando, Maria”.
Quando a música termina, temos a oportunidade de conhecer quem são aquelas pescadoras: mulheres fortes, que aprenderam na infância a arte de pescar ostras, mariscos e caranguejos com seus pais, e passam a tradição para seus filhos. A mãe de Lia, Matildes, também foi uma delas. Ambas são representadas no clipe que, na verdade, se conecta com outras mães, em todo o Brasil.
Em sua longa trajetória entre música, cinema e cozinha, Lia aprendeu a como despertar os sonhos de muita gente que cruzava o seu caminho para encher a barriga e acabava se despedindo com o coração preenchido de sonhos. Em “Dorme, Pretinho” e em seu trabalho no centro cultural, Lia de Itamaracá deixa claro que essa habilidade segue mais viva do que nunca.
O videoclipe traz toda a boa energia que precisamos para entrar nessa nova era com muito mais esperança, amor, música e poesia.
Quem é a Rainha da Ciranda
1.80 de altura, voz grave, nascida em 1944 na Ilha de Itamaracá, nordeste do Brasil; cantora, compositora, atriz e merendeira escolar durante décadas; Patrimônio Vivo do Estado de Pernambuco. Esta é Maria Madalena Correia do Nascimento, a Lia de Itamaracá, mas pode chamar também de Rainha da Ciranda.
O reconhecimento não é à toa. Lia preserva a tradição da ciranda desde os anos 1970, uma expressão popular esquecida pelo poder público e que ironicamente representa o que temos de mais brasileiro e ancestral.
Lia começou a se interessar pela ciranda aos 12 anos. Ninguém de sua família tinha relação com a música, e tampouco existiam cirandeiros na pequena Ilha de Itamaracá, onde sempre viveu. Começou a cantar em um bar da cidade onde trabalhava como cozinheira depois que uma música que carregava seu nome, atribuída a Antônio Baracho, começou a tocar nas rádios locais. A faixa – nomeada “Quem me deu foi Lia” – traz aquele que é até hoje um dos versos mais conhecidos da ciranda: “Essa ciranda quem me deu foi Lia, que mora na Ilha de Itamaracá”.
Lia gravou seu primeiro LP, Rainha da Ciranda, em 1977, pelo selo Tapecar, sem muitos recursos fonográficos ou técnicos. Com nove faixas, traz a simbólica “Quem me deu foi Lia”. Após um longo período longe dos estúdios, Lia finalmente retornou em 2000 com o álbum Eu Sou Lia, lançado pela Ciranda Records e relançado pelo selo Rob Digital.
Com Eu Sou Lia a voz rascante da Rainha da Ciranda começou a ganhar o mundo, uma vez que o álbum foi distribuído também na França e ganhou atenção da imprensa especializada. O jornal norte-americano The New York Times a classificou como “diva da música negra”. Para o francês Le Parisien, sua voz é comparável à da cabo-verdiana Cesária Évora. O álbum contou com produção de Beto Hees, personagem essencial para profissionalizar a carreira de Lia.
Em seu terceiro trabalho, Ciranda de Ritmos (2008), a Rainha da Ciranda inova no repertório ao adicionar o saxofone e ritmos tradicionais do nordeste e de Pernambuco em especial, como o coco de raiz e o maracatu, ao vai e vem da ciranda. O álbum foi um sucesso e a turnê ganhou não apenas vários estados do Brasil como também países da América Latina e da Europa.
No Brasil, Lia também crescia e chamava a atenção de artistas da nova geração da música brasileira em busca da valorização das nossas raízes. O grupo pernambucano de manguebeat Nação Zumbi a convidou para dar voz à faixa “João Galafuz”, do álbum Rádio Samba, e o rapper Rincón Sapiência fez o mesmo no premiado álbum Galanga Livre (2017). Dois anos depois, a Rainha da Ciranda foi homenageada pelo maior bloco de carnaval do mundo, o pernambucano Galo da Madrugada.
Foi neste mesmo ano que Lia, aos 75 anos, lançou Ciranda Sem Fim (2019) pelo selo Natura Musical, com um repertório mais variado e contemporâneo, ousando no bolero e no brega e conectando o nordeste ao restante do mundo. A produção é de DJ Dolores, um dos grandes representantes do movimento manguebeat, e outros artistas reconhecidos participam com suas composições, como Chico César, Alessandra Leão e até Carlos Gomes, compositor de ópera do século XIX.
A ciranda
Enquanto no restante do Brasil a ciranda é vista como uma brincadeira infantil, nos estados do nordeste, e em especial em Pernambuco, ela é uma expressão cultural de origem africana que reúne canto, dança e poesia em uma roda animada. Forma-se uma roda em que todos dão as mãos, cantando em um ritmo quaternário lento, com o compasso marcado pela zabumba e outros instrumentos de percussão. A roda é formada principalmente por adultos, mas as crianças também podem participar – a ciranda é uma tradição plural e inclusiva, como diz uma das letras de Lia: “minha ciranda não é minha só, ela é de todos nós”.
As letras são simples, fáceis de aprender para que todos na roda possam cantar, e giram em torno de temas cotidianos. Os movimentos de ir e vir lembram as ondas do mar, nas palavras da própria Lia. E é na areia da praia que nossa rainha escreve suas letras desde menina.
Não há consenso sobre a origem da ciranda. O Dicionário do Folclore Brasileiro, de Luís da Câmara Cascudo, relata que a dança chegou ao Brasil no século XIX por meio de portugueses e espanhóis. Aos olhos de Lia de Itamaracá, ela começou com as mulheres dos pescadores, que ficavam na beira da praia, de mãos dadas, cantando no ritmo das ondas enquanto esperavam que o mar trouxesse seus homens de volta.
A atriz Lia
Lia mostra seu talento e força também no cinema, na TV e em séries de streaming. Suas participações mais recentes foram no elogiado filme brasileiro “Bacurau” (2019), dirigido por Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles, e na série “Santo” (2022), uma produção espanhola da Netflix que se passa entre Brasil e Espanha. A Rainha da Ciranda não tem penas, mas pode mesmo voar.
DORME, PRETINHO (Lia de Itamaracá/Beto Hees)
Dorme, dorme Pretinho
Que mamãe está pescando Pretinho
Dorme dorme Maria
Que mamãe está pescando Maria.
E vai trazer muitos peixes para ti
E vai trazer carne de ostras para ti
Um jereré bem cheinho de Siri
E vai trazer muitas conchas para ti.
Se meu pretinho não dorme
Vem o Papa-Figo e zap..
Te rouba o sorriso, taque bum, taque bum
Isso não é bom.
Dorme, dorme pretinho
Que mamãe está pescando, pretinho
Dorme, dorme Maria
Que mamãe está pescando, Maria
Tá pescando, sim
Tá pescando todo dia
Tá pescando sim
Tá pescando lá no mangue
Tá pescando sim
Tá pegando caranguejo
Tá pegando sim
Pro Pretinho e pra Maria
Tá pescando sim.
Dorme, dorme pretinho
Que mamãe está pescando, pretinho
Dorme, dorme Maria
Que mamãe está pescando, Maria
Dorme, dorme pretinho
Que mamãe está pescando, pretinho
Dorme, dorme Maria
Que mamãe está pescando, Maria
Dorme, dorme pretinho
Dorme pretinho
Dorme, dorme pretinho
Dorme meu pretinho
Lia de Itamaracá – Voz
Leo Mendes – Violão
Antônio Januário – Caixa
Gangga Barreto – Ganzá
Tony Boy – Surdo
Dando do Sax – Saxofone
Biu Negão – Trombone
Bibiu do Trompete – Trompete
Arranjo de cordas, violino e violas – Felipe Pacheco
Direção artística – Marcus Preto
Produção musical e percussão – Pupillo
Produtores Executivos: Thabata da Fonseca e Beto Hees
Capa (Colagem): JHÊ
Fotografia: Daryan Dornelles
Selo: Amplifica Records
Clipe
Direção e roteiro: Lia Letícia
Produção executiva: Beto Hees
Direção de fotografia: Ytallo Barreto
Coordenação técnica: Hamilton Filho
Produção: Marcos Paulo
Assistência de direção: Mia Aragão
Montagem e assistência de fotografia: Adalberto Oliveira
Figurino: Jane Travassos
Produção e arte: Sol Esoje e Sara da Ilha
Design gráfico: Lili Nascimento
Maquiagem e Cabelo: Felix Oliveira
Assistência de Produção: Robson Gomes da Silva e Hilderlandes da Silva Santos
Elétrica: Wilkson Souza, DG Santos e Roni Paixão
Alimentação: Dona Nalva e Benta
Motorista: Flávio, Edna Blau
Barqueiros: Lego e Mudo
Realização: Centro Cultural Estrela de Lia
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Com informações: Bebel Prates Assessoria de Comunicação