Sessa apresenta Estrela Acesa, seu segundo disco
Álbum tem lançamento mundial pelo selo nova-iorquino Mexican Summer
O mais forasteiro entre os brasileiros, Sessa, se encontra hoje (24) em São Paulo – onde vai passar uma longa temporada – para lançar Estrela Acesa. O álbum, que chega com doze canções, já revelou os singles Gostar do Mundo, Canção da Cura e Pele da Esfera, agora traz Irmão de Nuvem como destaque. Produzido por Sessa e pelo baterista e percussionista, Biel Basile (O Terno / Maurício Pereira), o disco tem lançamento mundial pelo selo norte-americano Mexican Summer. Ouça aqui.
Apesar de Estrela Acesa (Mexican Summer) ser o seu segundo álbum, Sessa já carrega um currículo de peso. Grandeza (Risco), lançado em 2019, o levou para importantes festivais mundo afora, como o Desert Daze e Brasil Summerfest, nos EUA, Le Guess Who?, na Holanda, e o Tremor Festival, em Portugal, além de ter proporcionado uma importante apresentação para o canal DRTV, na Dinamarca, com a participação da orquestra de jazz da rádio pública de Copenhagen. Somando a tudo isso, estampou várias das principais publicações de mídia especializada, como as britânicas UNCUT e Mojo e a americana The FADER, que inclusive fez a premiere mundial de Canção da Cura, e ainda chegou ao celebrado KEXP.
Com todo esse histórico, a expectativa pelo segundo álbum se manteve alta e agora, Estrela Acesa vem embalado por uma atmosfera bastante fértil, na qual o amor sensual e divino sobrevive em meio à realidade esmagadora do presente: uma estrela, enfim, acesa.
Nas inspirações, Sessa aponta os arranjos de Duprat para Gil, Caetano, Gal e Jorge Ben, além disso, ele também conta ter mergulhado nas criações de Chiquinho de Moraes com Erasmo Carlos, além de Arthur Verocai, Clube da Esquina, entre outras referências que também apresentam um recorte bastante importante na história da música brasileira, como Paulinho da Viola e Baden Powell.
“Meu interesse em escrever sobre a fragilidade do corpo humano e suas experiências pelo mundo se mantém em Estrela Acesa. Talvez, ainda erótico, porém um pouco mais melancólico e menos inspirado pela euforia do apaixonamento. Pois com o tempo acho que é inevitável enfrentar as dificuldades de tais encontros, seus altos e baixos, mas, mesmo assim, manter a beleza viva”, comenta sobre o que o guiou na construção da obra. Além disso, Sessa se vê em um papel de devolver ao mundo tudo aquilo que absorveu e o inspirou por meio da vasta e importante discografia da música brasileira.
Tendo lançado Grandeza em 2019, as novas faixas foram compostas em 2020/21, entre Gonçalves, Minas Gerais e Nova York (EUA), e produzidas e gravadas no Estúdio Grilos, em Ilhabela (SP), no ano passado. “O Biel mora lá e o Marcelo Cabral, o baixista do disco, estava vivendo por lá também. Então, passamos algumas semanas nos reunindo para gravar. O tempo adquiriu uma suavidade agradável naqueles dias. E, depois de ter essas faixas, senti que tinha um som e uma onda para um disco. Na sequência, trabalhei com o nova-iorquino Simon Hanes e o bielorusso Alex Chumak nos arranjos de cordas e sopros”.
Faixa a faixa
Gostar do Mundo, primeiro single revelado, desde a composição foi pensada como a música que abriria o disco, e vem com um convite quase lúdico: “Chega mais pra cá / Moço lindo desse lugar / Vem me namorar / Sabe o mundo vai acabar”. Além disso, a virada inicial de baixo e bateria é como uma última chamada antes das portas do trem se fecharem para iniciar a jornada do álbum com seus túneis e campos abertos, passagens chuvosas e ensolaradas. “Para mim, essa faixa brinca com a tensão dos sentimentos às vezes associados à minha música, de leveza tropical, boas vibrações e a própria impossibilidade de sustentar isso no nosso contexto: mundo em uma pandemia, um presidente fascista, falta de perspectiva, enfim. O erotismo está lá, mas tingido de melancolia”. Assista ao clipe por Gabriel Rolim aqui.
Na sequência, Canção da Cura, segundo single do disco, traz o característico balanço do samba com um compasso rítmico e versos que remetem a um encontro entre Paulinho da Viola, Baden Powell e Clube da Esquina. Quanto ao tema, Sessa diz: “Esta é uma canção de separação, uma canção sobre a impossibilidade do amor, enquadrada no contexto de um ritual inventado para curar os corpos machucados dos amantes ‘estragados pelo mimo de amar’, como diria Drummond no poema Destruição. Além disso, ela também reflete alguns dos principais temas do álbum: canções de cura, fazer música, combinar sons como forma de dar sentido às emoções, de estar vivo”. Assista ao clipe por Gabriel Rolim aqui.
Sereia Sentimental caminha pelo universo lúdico, que se revelou em Gostar do Mundo: “Criei alguns tipos de personagens imaginários no disco, meio como um exercício de construção de mundo, uma forma de me desligar de doses tão altas de realidade que os últimos anos nos deram . A sereia sentimental é particularmente curiosa, pois segundo o mito, as sereias são criaturas que hipnotizam os marinheiros pelo seu canto, fazendo-os desaparecer em alto mar, por isso, inspiram mais frieza do que um sentimento amoroso e é também uma homenagem à minha companheira muito canceriana”.
Quarta faixa do disco, Música, Sessa é literal. Música pela música: o que é? O que faz uma canção cantar , “bater junto de alguém”? E, de forma um tanto quanto discreta, porém direta, questiona teorias do que viria a ser considerado ‘música’: “Ritmo fere o cálculo”, diz a letra. “Claro que a música pode incluir o cálculo, o raciocínio também, mas não pode ser apenas isso ou ser melhor do que outras músicas por causa dessas qualidades. Algumas dessas ideias e provocações foram lindamente discutidas nas obras de Tom Zé e Walter Franco e, um pouco sem querer, sinto que essa gravação se relaciona com eles”, comenta.
Única canção instrumental do álbum, Helena, segue a linha de desenvolvimento que Sessa vem traçando desde faixas como Infinitamente Nu e Língua Geral, que estão em Grandeza. “Eu gosto desse espaço que ´sobra´, quando a composição não inclui uma letra.. Foi também uma das primeiras músicas que imaginei para o disco, e criei a orquestração em colaboração com o arranjador Alex Chumak. Esta faixa me traz a sensação de estar imerso, de testemunhar o poder do movimento da água, a sua profundidade, cor e cheiro, e, por consequência, as emoções e memórias”.
Terceiro e último single pré-álbum, Pele da Esfera foi produzida por uma cachorrinha: “Ao fim do primeiro dia no estúdio já tínhamos feito duas músicas, quando estávamos começando a trabalhar em ‘Pele da Esfera’. Percebi que Cabral, que eu não conhecia pessoalmente antes daquela diária, estava um pouco preocupado. Então, ele disse que seu cachorro, que tinha apenas alguns meses de idade, estava sozinho em casa. Entramos no estúdio apenas para criar um rascunho da faixa, a fim de que ele pudesse voltar para cuidar da Lili . Tocamos um pouco e a vibe no take era tão relaxada e especial que acabou entrando no disco. ”.
Sétima faixa, Dor Fodida, foi escrita em um período de auto-isolamento que Sessa passou no apartamento de um amigo, no Queens, em Nova York. “Foi um período pesado que vivi por causa da pandemia, e não tinha mais nada a fazer além de escrever músicas. Era inverno e o vento uivava como louco, as pessoas estavam morrendo, não tinha perspectiva que me movesse, eu não sabia quando ia conseguir trabalhar com música como antes – tocar ao vivo, essas coisas. Daí comecei a pensar em pessoas que estavam testemunhando isso de posições piores do que eu que, pois, além de não ter muito trabalho, eu estava indo bem, sabe? ‘Dor fodida, dor comum até o vento uiva, até a chuva chora’. Difícil escolher uma música de um disco que a gente fez mas é uma das minhas preferidas. A introdução é exatamente o primeiro take que fizemos valendo ”.
Irmão de Nuvem, Sessa descreve apenas como “canção em louvor à amizade” na forma de mais um dos personagens imaginários do disco o “Irmão de Nuvem” que faz dupla com a “Sereia Sentimental”
Caminhando para o fim do álbum, vem De Que Lado Você Dorme?, que brinca com o imaginário de casais que estão juntos há algum tempo, mas não só. “A que horas seu parceiro vai para a cama, ele/ela tem que acordar cedo para trabalhar enquanto você dorme? O contrário? Em que lado da cama as pessoas escolhem dormir? O que você come? Que hábitos, restrições alimentares as pessoas desenvolveram nos anos que passaram juntos? Isso é cansativo e tira a atração inicial e o erotismo, ou é bonito ver alguém envelhecer no mundo, crescer na vida? Mas ao mesmo tempo as perguntas diretas ‘De que lado você dorme? O que você come? De que lado de mim?’ revelar algum aspecto desconhecido do outro que soa como uma cantada entre dois estranhos, ou ainda o estranho que o outro sempre guarda independente de o quanto pensamos conhece-lo”.
Talvez a mais melancólica do álbum, Ponta de Faca traz em sua melodia uma ilustração que remete à letra. “É sobre a impossibilidade de comunicação, palavras que servem para ferir em vez de comunicar e a noite que vem para esfriar e reforçar essa melancolia”.
Você é a Música funciona como um mantra, uma afirmação no verso simples, que muitas vezes são os mais difíceis de fazer. “Você é a música, não deixem te dizer que não / Você é a música, cabeça, carne, coração” levei a mensagem para um ângulo ritualístico com uma batida louca incisiva como a espinha dorsal da música sobre a qual cantam as vozes soltas, flutuantes sobre a base”.
Para terminar, Estrela Acesa, “vem me guiar”, convida Sessa.
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FICHA TÉCNICA
- Gostar do Mundo
- Canção da Cura
- Sereia Sentimental
- Música
- Helena
- Pele da Esfera
- Dor Fodida
- Irmão de Nuvem
- Que Lado Você Dorme?
- Ponta de Faca
- Você é a Música
- Estrela Acesa
Músicas
Sessa: Vocais, Guitarra Nylon, Percussão
Biel Basile: bateria, percussão, piano
Marcelo Cabral: Baixo
Ciça Góes: Voz e Percussão
Ina: Vocais e Percussão
Paloma Mecozzi: Vocais e Percussão
Lau Ra: Vocais e Percussão
Kate Goddard – violino
Ruby Wang – Violino
Hannah Selin – Viola
Ansel Cohen – Violoncelo
Simon Hanes – Regência
Gabriel Milliet: Flautas
Vocais arranjados por Ciça Góes, Ina, Paloma Mecozzi, Lau Ra, Biel Basile e Sessa
Faixas da banda arranjadas por Biel Basile, Marcelo Cabral, Mikey Coltun, Cem Misirlioglu e Sessa
Cordas arranjadas por Simon Hanes exceto “Helena” arranjada por Alex Chumak e “Irmão de Nuvem” arranjada por Alex Chumak e Simon Hanes. Flautas arranjadas por Alex Chumak.
Produzido por Sessa e Biel Basile. Produção adicional de Mikey Coltun.
Todas as faixas gravadas por Sessa e Biel Basile entre junho e agosto de 2021 no Estúdio Grilos, Ilhabela, SP e Sítio Santa Inês, Piracaia, SP, exceto “Helena” gravada por Nick Graham Smith no Pendulum, São Paulo, SP em outubro de 2020. Cordas gravadas por Al Carson, assistido por Robert Aceto na Gary’s Electric, Brooklyn, NY. Mixado por Seth Manchester em Machines With Magnets, Providence, RI. Masterizado por Dave Cooley no Elysian Masters, Los Angeles, CA.
Todas as músicas escritas por Sessa
Controle de direitos autorais Sergio Victor Sayeg (BMI)
Identidade Visual
Arte por Joshua Nazario, capa da foto de Biel Basile.
Fotos no encarte do vinil por Biel Basile e Helena Wolfenson.
Letra traduzida do português para o inglês por J. Westfal.
Design por Alex Tults.
Direção de arte de Sessa e Jonathan Shedletzky.
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SOBRE SESSA
Fundador do grupo psych-funk Garotas Suecas, Sessa estreou o seu projeto solo oito anos depois de deixar o grupo formado em São Paulo. Foi vivendo nos EUA que produziu o primeiro álbum, Grandeza, lançado pelo Selo Risco em 2019. A partir de então, vem explorando diversos territórios pelos EUA e Europa e sendo reconhecido por importantes veículos de imprensa mundiais, como The FADER, UNCUT, BBC, Aquarium Drunkard, KEXP, KCRW, NPR, entre outros.
Após lançar Estrela Acesa pelo selo americano Mexican Summer, o artista se prepara para passar uma longa temporada no Brasil.
Com informações: CAFÉ 8 ASSESSORIA DE IMPRENSA