Tagore lança novo álbum produzido por Pupillo

“Maya”, videoclipe da faixa que dá nome ao disco, já está disponível no canal do artista no YouTube

 

 Assista ao clipe de “Maya”

 

A bateria abre o caminho para um violão ensolarado clarear o horizonte, seguido de uma guitarra em transe, que envolve os acordes originais numa bruma lisérgica, amparada por um baixo melódico e synths siderais comandados por João Cavalcanti. Antes mesmo de dizer uma palavra em seu quarto álbum, o pernambucano Tagore Suassuna já estabelece o clima de seu novo disco a partir da faixa que o batiza, “Maya”.

 

“É um disco sobre a saudade, sobre a falta que uma pessoa pode fazer”, me explica o cantor e compositor pernambucano, remontando ao início do disco, composto num jorro criativo ainda em 2018. “A saudade é um sentimento potente”, continua o músico, que se inspirou no título em sânscrito do livro de 1999 de mesmo nome do autor norueguês Jostein Gaarder para batizar sua nova viagem. Ele fala sobre o conceito milenar indiano de Maya, que diz que habitamos um mundo de ilusões e precisamos nos concentrar em nós mesmos para ultrapassarmos esta camada de aparências.

 

“Tudo é subjetivo, a própria matéria é subjetiva, os átomos nem chegam a se encostar, mas dão a ideia de que fazem parte de um todo concreto, e a partir disso comecei a entender como a saudade também é um sentimento quântico, porque você não sabe o que é real e o que é uma projeção sua”, continua o compositor.

 

A faixa-título dá uma breve pausa para que Tagore apresente este conceito com sua voz adocicada. “Dá um trabalho danado fingir que eu não me importo”, cantarola recepcionando o ouvinte em sua melancolia particular, “fingir que eu não sou louco por você”. O clima envolvente da primeira música conquista o ouvinte quase como um mantra – a repetição circular da letra e dos acordes acompanha um crescendo de paredes sonoras, que culmina com um solo dilacerante e apaixonado. O verso repetido ao final – “dá vontade de gritar com todo o meu amor” – enfatiza o clima do álbum, que Tagore descreve como “coracional”.

 

É um disco menos psicodélico e mais melódico que seus dois discos anteriores, “Movido a Vapor” (2014) e “Pineal” (2016), embora nunca abandone sua natureza technicolor. “O “Pineal” tinha uma roupagem etérea e uma espacialidade que tirava um pouco o ingrediente pop da nossa sonoridade”, lembra o compositor, que cita referências bem distantes de seu universo musical como influências nesta linguagem mais direta que o disco apresenta, como o rapper Criolo e o MC do grupo BaianaSystem Russo Passapusso, que em seus discos solo não se prendem a um determinado gênero musical, soando universais ao mesmo tempo em que são muito pessoais.

 

Produzido pelo ex-baterista da Nação Zumbi, Pupillo Oliveira (que já trabalhou com Lirinha, Otto, Gal Costa, Paulo Miklos, Edgar, Erasmo Carlos e Nando Reis), o disco começou depois que Tagore tocou no festival Psicodália, no Rio Grande do Sul, no início de 2017. Veio parar em São Paulo e trancou-se no estúdio da banda paulista Bike para começar a rascunhar as primeiras canções. “A solidão é muito frutífera”, explica Tagore, descrevendo o processo de maturação do disco que se tornaria “Maya”. Uma pessoa em comum colocou o cantor e compositor em contato com seu futuro produtor, que a partir de 2018 começava a ajudar o disco a tomar forma.

 

No estúdio Space Blues, em São Paulo, Pupillo não só ajudou o disco a ganhar corpo, como virou algumas músicas do avesso, puxando inclusive referências eletrônicas para “Maya” – não necessariamente literalmente -, mas em termos de atmosfera, como o duo francês Air e o disco dance de Céu, “Tropix”, também produzido por Pupillo.

 

Durante a gravação, que começou após a participação de Tagore no festival Lollapalooza em 2018, além dos integrantes de sua banda, como o  parceiro e  baixista João Cavalcanti e o  guitarrista Arthur Dossa (The Raulis) ele também convidou colegas de outros carnavais, como Dinho Almeida e Benke Ferraz dos Boogarins e o bateria do próprio Pupillo.

 

O disco estava previsto para ser lançado em 2020, mas a quarentena tornou o futuro mais incerto, Tagore então, sem poder fazer shows devido à pandemia, recolheu-se num sítio no interior de Pernambuco. Neste período introspectivo, reconectou-se com as artes visuais e o design, produzindo as peças que ajudariam a moldar “Maya” – desde a capa aos clipes.

 

Antes disso, lançou o single “Drama”, que gravou ao lado do guitarrista dos Boogarins, Dinho, como uma forma de manter o contato com o público. A música acabou integrando o repertório do disco, que finalmente vê a luz do dia em 2021.

 

Em “Maya”, Tagore abraça uma sonoridade mais ampla e direta sem perder seus vínculos psicodélicos. À exceção da etérea “Espaço-Tempo”, que encerra o disco, todas as faixas têm refrões e melodias que grudam no cérebro junto com versos, riffs e solos que fazem conexões musicais das mais diversas. “Olho Dela”, que celebra que “a vida se divide entre vida e ilusão”, acena para Jorge Ben enquanto “Tatu” foi feita pensando em Tom Zé.  “Areias de Jeri” e “Capricorniana” conversam com o udigrudi nordestino de autores como Alceu Valença e Ave Sangria, já “Colombina”, inspirada no show de Liam Gallagher no Lollapalooza, tem uma raiz Oasis que foi desconfigurada por Pupillo, em uma das faixas mais modernas do disco.

 

A última faixa foi uma tentativa de Tagore colocar em imagens a apresentação do disco, trazendo “o ser que fez o disco, que sou eu mas não sou eu, se despedindo, de volta pra onde ele veio, depois de concluir o que ele tinha de fazer, retomando seu próprio lugar, que é menos direto, menos dançante, menos na cara… Com a mensagem final, de amor e saudade, só que de uma forma bem diluída, o regresso para o etéreo”, conclui Tagore, citando o desenho psicodélico Midnight Gospel como referência.

 

“Maya”, portanto, abraça a dor como processo de redenção, usando a falta do outro e a saudade como combustível para ir além – e suportar todo este processo, conversando de uma forma estranha com este pesadelo que o mundo foi submetido desde o início de 2020, que Tagore resume em um verso de “Olho Dela”: “Ferida de saudade veio pra curar”.

 

por Alexandre Matias

 

 

“Maya” é um lançamento do selo Estelita e estará disponível a partir de amanhã (17) nas principais plataformas de streaming.

 

Ficha Técnica

 

Produzido por Pupillo Oliveira

Mixado por Leo D
Masterizado por Felipe Tichauer

Todas as músicas compostas por Tagore Suassuna e João Cavalcanti, exceto * composta por Tagore Suassuna, João Cavalcanti e Fernando Almeida Filho

 

1 – MAYA

Voz: Tagore Suassuna
Bateria: Pupillo Oliveira
Baixo : João Cavalcanti
Guitarra: Tagore Suassuna/ Benke Ferraz
Synth: João Cavalcanti/ Tagore Suassuna
Violão: Tagore Suassuna

 

2 – OLHO DELA

Voz: Tagore Suassuna
Bateria: Pupillo Oliveira
Baixo : João Cavalcanti
Guitarra: Tagore Suassuna/ Arthur Soares/ Benke Ferraz
Synth: João Cavalcanti/ Tagore Suassuna
Violão: Tagore Suassuna

 

3 – TATU

Voz: Tagore Suassuna
Bateria: Pupillo Oliveira
Baixo : João Cavalcanti
Guitarra: Tagore Suassuna
Synth: João Cavalcanti

 

4 – AREIAS DE JERI

Voz: Tagore Suassuna
Bateria: Pupillo Oliveira
Baixo : João Cavalcanti
Guitarra: Tagore Suassuna
Synth: João Cavalcanti
Violão: Tagore Suassuna

 

5 – CAPRICORNIANA

Voz: Tagore Suassuna
Bateria: Pupillo Oliveira
Baixo : João Cavalcanti
Guitarra: Tagore Suassuna/ Arthur Soares
Synth: João Cavalcanti
Violão: Tagore Suassuna

 

6 – SAMBA CORAÇÃO

Voz: Tagore Suassuna
Drum Machine: Pupillo Oliveira
Percussão: Pupillo Oliveira
Baixo : João Cavalcanti
Guitarra: Tagore Suassuna/ Arthur Soares
Synth: João Cavalcanti
Violão: Tagore Suassuna

 

7 – COLOMBINA

Voz: Tagore Suassuna
Drum Machine: João Cavalcanti
Percussão: Pupillo Oliveira
Baixo : João Cavalcanti
Guitarra: Tagore Suassuna/ Benke Ferraz
Synth: João Cavalcanti/ Caramurú Baumgartner
Violão: Tagore Suassuna

 

8 – MOLENGUITA

Voz: Tagore Suassuna
Bateria: Pupillo Oliveira
Percussão: Pupillo Oliveira
Baixo : João Cavalcanti
Guitarra: Tagore Suassuna/ Arthur Soares
Synth: João Cavalcanti
Violão: Tagore Suassuna

 

9 – DRAMA *

Participação Especial: Boogarins

Voz: Tagore Suassuna
Bateria: Pupillo Oliveira
Baixo : João Cavalcanti
Guitarra: Tagore Suassuna
Synth: João Cavalcanti/ Tagore Suassuna
Violão: Tagore Suassuna

 

10 – ESPAÇO TEMPO
Bateria: Pupillo Oliveira
Baixo : João Cavalcanti
Guitarra: Tagore Suassuna
Synth: João Cavalcanti/ Tagore Suassuna
Violão: Tagore Suassuna

 

 

 

 

 

 

 

 

Com informações: Batucada Comunicação

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Joe Strummer – vocais, backing vocals, guitarra rítmica, piano
Mick Jones – guitarra solo, piano, harmónica, backing vocals
Paul Simonon – baixo, backing vocals, vocal em "The Guns of Brixton"
Topper Headon – bateria, percussão

Músicos adicionais

Mick Gallagher – órgão
The Irish Horns – metais

Tracklist 

1. London Calling
2. Brand New Cadillac
3. Jimmy Jazz
4. Hateful
5. Rudie Can’t Fail
6. Spanish Bombs
7. The Right Profile
8. Lost In The Supermarket
9. Clampdown
10. The Guns Of Brixton
11. Wrong ‘Em Boyo
12. Death Or Glory
13. Koka Kola
14. The Card Cheat
15. Lover’s Rock
16. Four Horsemen
17. I’m Not Down
18. Revolution Rock
19. Train In Vain

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