TIGANÁ SANTANA & BAIANASYSTEM se unem em Canto para Atabaque
Ouça aqui: https://links.altafonte.com/canto
Vídeo: https://youtu.be/Ly4a0hrvISA
O tambor traz em si uma poética ancestral que conecta muitas dimensões da formação de nosso povo e da identidade que construímos através dele. Unir poesia, música, imagem e pensamento em torno de algo tão simbólico nos leva para um lugar especial e necessário nesse momento de nossa história. Esse capítulo começa a ser escrito em 2019, quando a atriz Maria Marighella convidou o baiano Tiganá Santana para musicar um poema de seu avô, o escritor e político baiano Carlos Marighella. O poema escolhido foi o fundamental “Canto para Atabaque”, sobre o lugar do tambor e das africanias na constituição do Brasil. Logo após traduzir em harmonia e melodia as palavras de Marighella, Tiganá convidou o BaianaSystem e o músico Sebastian Notini para juntos construírem os arranjos e interpretarem a, agora canção, que ecoa da Bahia para o mundo.
Com a avassaladora chegada da pandemia do coronavírus, como se sabe, planos curvaram-se ao que determinou a virada dos tempos. Foi então já no segundo semestre de 2021 que a promessa de gravação foi retomada e agora, neste 05 de dezembro de 2021, quando se completam 110 anos de nascimento de Carlos Marighella, sai em todas as plataformas digitais “Canto para Atabaque”, em duas versões: original e aDUBada. Para mais essa viagem sonora, o BaianaSystem convidou o parceiro de longa data Buguinha DUB, que diretamente do estúdio Mundo Novo em Olinda, onde os tambores também cantam, mixou, masterizou e adubou as faixas. As gravações foram realizadas em Salvador no mês de novembro por SekoBass e Sebastian Notini, que juntos também editaram, gravaram efeitos, programações e trouxeram a timbragem da música.
A percussão conduz toda a faixa. Seguindo a tradição, o arranjo feito pelo músico Ícaro Sá ao lado de Sebastian, utiliza os três atabaques: Rum, Rumpi e Lé, junto com agogô, xequerê e caxixis, num toque de barravento, da tradição do candomblé de Angola. Essa ritmologia deu a linha do arranjo de base feito por Russo Passapusso e SekoBass, com grande referência de reggae. Russo desenha os vocais ao lado de Tiganá e aponta também para as influências arábico-sertanejas que nos levam para uma Bahia ainda mais profunda. Além disso, a presença da guitarra baiana de Roberto Barreto, instrumento criado na Bahia nos anos 40 e com grande identidade local, traz ares de uma África desértica em diálogo com os tambores.
Para ilustrar esse canto, Cartaxo, que é responsável pela identidade visual do BaianaSystem, convidou o artista baiano Pedro Marighella (neto de Carlos), com quem já havia trabalhado junto em outros projetos ligados à música e artes visuais. Pedro tem um grande trabalho em artes plásticas, design e música, com uma ligação muito forte com nossa cultura e suas relações entre política, entretenimento e mercado, muito ligado à cidade, sua gente, seus movimentos e expressões.
Entoar e homenagear, hoje, o tambor que protagoniza o texto de Marighella é tratar das presenças afrorreferentes no Brasil a partir de um lugar matricial, tomando o tambor não como objeto-instrumento, mas como entidade que nos informa sobre modos de existir no mundo; é combater o racismo religioso; é ir ao encontro de um conjunto negro de saberes que não dissocia estética de política, ética de conhecimento. O atabaque que intitula a canção e se faz presente na gravação é essa força presente nos candomblés e nas dimensões de encantamento.
Canto para Atabaque vem então nesse momento para celebrar, conectar, transcender e aproximar através da arte nossas dimensões humanas. Um encontro de pessoas e gerações que lançam mão do toque dos tambores e da força do verbo para falar de Brasil, de África, de tempo e de espaço.
POEMA DE CARLOS MARIGUELLA “CANTO PRA ATABAQUE”
Ei bum!
Qui bum-rum!
Qui bum-rum!
Bum! Bumba!
Ei lu!
Qui lu-lu!
Qui lu-lu!
Lumumba!
Ei Brasil!
Ei bumba meu-boi!
“Mansu, manseba,
traz a navalheta
pra fazer a barba
deste maganeta.”
Lá vem beberrão,
lá vem Bastião,
tocando bexiga
em tudo que é gente.
O engenheiro medindo,
empata-samba empatando,
cavalo-marinho
dançando, dançando.
O boi requebrando,
o boi ‘stá morrendo,
o boi levantando,,,
Ei Brasil-africano!
Minha avó era nega haussá,
ela veio foi da África,
num navio negreiro.
Meu pai veio foi da Itália,
operário imigrante.
O Brasil é mestiço,
mistura de índio, de negro, de branco.
Bum! Qui bum-rum! Qui bum-rum! Bum-bum!
Quem fez o Brasil
foi trabalho de negro,
de escravo, de escrava,
com banzo, sem banzo,
mas lá na senzala,
o filão do Brasil
veio de lá foi da África.
Ei bum!
Qui bum-rum!
Qui bum-rum!
Bum! Bumba!
Ei lu!
Qui lu-lu!
Qui lu-lu!
Lumumba!
Canto para Atabaque
Poema de Marighella musicado por Tiganá Santana
Intérpretes – Tiganá Santana e BaianaSystem
Composição (Carlos Marighella – Tiganá Santana)
Tiganá Santana – Voz
Russo Passapusso – Voz
Roberto Barreto – Guitarra e guitarra baiana
SekoBass – Baixo, programação, samples e edição
Ícaro Sá – Percussão
Sebastian Notini – Percussão, piano rhodes e edição
Arranjo de Base – Russo Passapusso e Sekobass
Arranjo de Percussão – Ícaro Sá e Sebastian Notini
Gravado por Seko Bass e Sebastian Notini
Mixado e Masterizado por Buguinha Dub (No Mundo Novo – Olinda)
Capa – Pedro Mariguella
Fonograma – Máquina de Louco/Tiganá Santana
Lançamento – Máquina de Louco
Canto para Atabaque – Versão Adubada
Intérpretes – Tiganá Santana, BaianaSystem e Buguinha Dub
Composição (Carlos Marighella – Tiganá Santana)
Tiganá Santana – Voz
Russo Passapusso – Voz
Roberto Barreto – Guitarra e guitarra baiana
SekoBass – Baixo, programação, samples e edição
Ícaro Sá – Percussão
Sebastian Notini – Percussão, piano rhodes e edição
Arranjo e edição – Buguinha Dub
Arranjo de Base – Russo Passapusso e Sekobass
Arranjo de Percussão – Ícaro Sá e Sebastian Notini
Gravado por Seko Bass e Sebastian Notini
Mixado e Masterizado por Buguinha Dub (No Mundo Novo – Olinda)
Capa – Pedro Mariguella
Fonograma – Máquina de Louco/Tiganá Santana
Lançamento – Máquina de Louco
Com informações: Bebel Prates Assessoria de Comunicação