Cantora e compositora mineira Juliana Stanzani lança álbum de estreia, “O avesso do não”

Ouça o álbum nas plataformas:  “O avesso do não”

 

A cantora, compositora e poetisa mineira Juliana Stanzani queria que seu trabalho de estreia solo fizesse justiça a si mesma e à sua história de compromisso com a música, que começou há quase 20 anos. A sua afinação, matemática, já era audível em dois trabalhos coletivos antes lançados, o belo álbum “Nossa toada”, tributo ao amor e à compreensão feito em parceria com outro mestre da afinação, o sambista Roger Resende, e o álbum “Patuá” (2015), com a Banda Matilda, formada ainda por Amanda Martins (flauta), Fabrícia Valle (percussão) e Bia Nascimento (violão), que marcou época em Juiz de Fora (MG). O trabalho reúne composições suas e com parceiros nos últimos 13 anos e conta a história musical dessa mineira de Leopoldina, radicada em Juiz de Fora desde 2007.

 

O álbum foi produzido por Rodrigo Campello, consagrado produtor e arranjador vencedor do Grammy Latino e responsável por arranjos, programações, sintetizadores, samplers e ainda guitarras, violões, baixos, cavaquinhos e vocais no álbum. O trabalho ainda conta com uma geração brilhante de músicos mineiros, como Caetano Brasil (clarone, clarinete), Nara Pinheiro (flautas), João Cordeiro (vibrafone), Gretel Paganini (cello) e os cariocas Chico Cabral (percussão), Alberto Continentino ( baixo), Leandro Braga (piano), Rafael Rocha (bateria) e Pedro Mibielli (violinos e violas).

 

Juliana tem uma franca preferência pelas valsas, como mostra, no álbum, em “Valsa Blues” (Juliana Stanzani, Laura Jannuzzi), com forte carga emocional e fusão de ritmos, e “Valsa pra Vó” (Juliana Stanzani, Cacáudio), afetiva e terna, e mais canções em três tempos, como o acalanto “Dundun” (Juliana Stanzani, Laura Jannuzzi) e “Resposta” (Juliana Stanzani, Renato da Lapa). Embora, na música popular, os compassos em quatro sejam os mais populares, Juliana desenvolveu este apreço pelos compassos ímpares, mais truncados, menos naturais, mas não menos interessantes. Apenas ímpares.

 

O trabalho com a poesia, que começou na internet, em blogs do gênero, aparece em “Hoje o sol não vem” (Juliana Stanzani, Bruno Baptista, Lucas Soares), bem da época que participava ativamente de fóruns de poesia online, que surge em torno do mote “Hoje o sol não vem, foi se arrumar pr’alguém”. Também fica visível sua habilidade com a poesia nas belas imagens da transmutação do corpo nos elementos natureza em “Os olhos de Ofélia” (Juliana Stanzani, Nathália Lãoturco, Cacáudio), com momentos como “o teu rosto de lama” e “no leito da minha mão”, a música mais bela e tocante do álbum. A força da palavra também está no jogo lúdico de “Resposta” (Juliana Stanzani, Renato da Lapa), com versos sugerindo o próximo enquanto resposta, mas também como pergunta, criando belíssimas imagens.

 

Também se destaca no repertório “Achei”, que Juliana compôs sozinha, de forma simples, usando os poucos recursos que tem ao violão, e que já se tornou uma das favoritas do público, que sabe o que é bom: sorver a doçura da poesia e da voz de Juliana. Essa é a única composição sem parceiros no álbum, que traz a artistas em conversas com Dudu Costa, Laura Jannuzzi, Cacáudio, Renato Da Lapa, Daniel Lovisi, Cris Aflalo, Lucas Soares Bruno Baptista e Nathália Lãoturco.

 

Faixa a faixa por Juliana Stanzani

 

1 – Achei (Juliana Stanzani) – Essa canção foi composta em 2010, e a letra veio ao acompanhar uma pessoa querida passando por um rompimento traumático, uma história dramática, triste, de abandono. Compus, originalmente, no violão, sobre uma linha de baixo simples. Eu fiz melodia e também a letra. Uma música simples, direta, mas com imagens e escolhas vocabulares interessantes. O Rodrigo Campello foi bastante delicado nos arranjos, deixando bem mais elaborado que o original. Ele fez uma orquestração com cordas para Gretel Paganini (cellos) e Pedro Mibielli (violinos e violas)

 

2 – Hoje o sol não vem (Juliana Stanzani, Bruno Baptista, Lucas Soares) – Essa é a música mais antiga do disco, nascida a partir de um poema de Bruno Batista, que é um dos parceiros na canção, ao lado de Lucas Soares. Nessa época, eu era blogueira de poesia e participava desse movimento de poesia e prosa on-line em vários canais. Fiquei muito próxima do Bruno, que é um cara genial e fazia haicais. Eu fiz um refrãozinho, “Hoje o sol não vem, foi se arrumar pra alguém”, que  tem um jogo de palavras “foi sea rumar pr’alguém”. Usei alguns versos de outros poemas dele e fiz o restante da letra. Meses depois, eu fazia aula de violão com o Lucas, e ele, que era meu professor de violão, sugeriu um refrão, uma terceira parte, harmônica, com harmonia e letra dele. É uma história de  encontros, intercâmbios, construção e trabalho com a palavra.

 

3 – Valsa Blues (Juliana Stanzani, Laura Jannuzzi) – Valsa Blues é uma canção mais recente, feita entre agosto e setembro de 2019, por isso é mais difícil falar sobre. É, como o nome diz, meio valsa, meio blues, tem essa estranheza interessante. E é mais uma das canções em três tempos do disco. Tem uma forte carga emocional. Eu estava realmente aflita, e o mundo estava com uma energia já muito pesada, pré-pandêmica, então a canção fala desses desencontros e da angústia do mundo, Bolsonaro tinha acabado de ser eleito. É uma canção bonita, emocional e muito sincera também. Sentimental, visceral, interna, vem do amor, vem do sexo, vem da amizade, vem dos desencontros, dos rompimentos e dos fechamentos. Tenho muito orgulho que ela por ela ter sido gravada pela Nega Lucas em “Vendaval” (2021), tem muito a ver com ela toda essa dramaticidade e o blues da canção. Ela tinha um show chamado Nega in Blue. E tem a participação do Caetano Brasil, que compartilha o protagonismo da voz com o clarinete e o clarone, uma conversa entre voz, melodia e letra. Ela faz uma menção sutil a “Todo Sentimento”, do Chico Buarque, uma das canções mais bonitas já feitas em língua portuguesa. A canção tem esse encontro da valsa, ritmo essencialmente branco e quase aristocrático, com o blues, negro e popular, um encontro de atmosferas e ritmos.

 

4 – Entre eu e você (Juliana Stanzani, Cris Aflalo) – “Entre eu e você” é uma das canções mais antigas, de 2010, uma parceria com a cantora e compositora de São Paulo Cris Aflalo. Ela sempre foi um ídolo nosso na época da Banda Matilda. Uma amiga fez uma ponte entre nós e nos demos muito bem e nos tornamos amigas. Comecei a ter esse privilégio de compor com a Cris e tenho algumas músicas com ela, como “A cor de ver morrer o Sol” e “Saltadinha”, que estão no álbum “Patuá”, da Matilda. Essa canção fala justamente desses encontros, das viagens que a gente fez, carregada desse clima fraterno, de amizade, amor, leveza. Um momento de admiração mútua e de troca. E ela foi feita assim: ela me mandou a melodia, e eu fiz a letra.

 

5 – Dundun (Juliana Stanzani, Laura Jannuzzi)– “Dundun” é uma canção de amor e de ninar. “colo pra Dundun dormir”. Tenho muito carinho por ela, porque a Carol Serdeira, que estudou comigo na Bituca e é uma grande amiga, a gravou em seu álbum “Menina dos olhos” (2019). Ela gravou o disco em homenagem e amor à Maria, sua filha, que nos deixou ainda bebê. E essa canção virou dela. E ela tem realmente essa atmosfera infantil, ingênua, simples, acessível, amorosa. Essa música tem o vibrafone presente do João Cordeiro, flautas belíssimas que o Rodrigo Campello colocou, e a Nara Pinheiro gravou lindamente, uma atmosfera onírica, gosto bastante do arranjo.

 

6 – Olho d’água  (Juliana Stanzani, Dudu Costa, Daniel Lovisi) – “Olho D’água”, música composta em 2010 por mim, Dudu Costa e Daniel Lovisi quando viajamos juntos para um ano novo. Eu acordei, e eles estavam começando a compor na cozinha, eu sentei do lado, fiquei lá observando, e aí, eles me chamaram para pegar meu caderninho. Eu estava com sonos e ressaqueada, e aí, o Dudu colocou na música, meio que pra implicar comigo e me chamar pra composição: “Juliana deixa essa canção sair”, que é uma das frases mais marcantes da música. Eu entrei, e a gente fez o restante da letra juntos. Daniel é um violonista primoroso e virtuoso e compôs esse violão belíssimo. É uma música muito violonística, mineira. “Olho d’água” é a minha música mais gravada. A minha gravação é a quarta. Foi gravada, em versão instrumental, pelo Duo Nascente. Lívia Itaborahy gravou numa coletânea de compositoras mineiras em 2014, “Elas de Minas”. O Dudu Costa também gravou no disco dele, “Império do Sal” (2012). Apesar de não ter gravado, o Caetano Brasil tem um arranjo instrumental belíssimo dela, que tocou durante muitos anos nos shows. Eu gostei muito do arranjo que o Rodrigo fez, ficou com uma roupagem bastante diferente das anteriores, com sopros sensacionais, arranjo solto, as flautas, os sax do Caetano Brasil. Tem uma percussão muito presente e, no baixo, tive a honra de ter o Alberto Continentino.

 

7 – Resposta (Juliana Stanzani, Renato da Lapa) – “Resposta” é uma música minha com Renato da Lapa, em 2013, quando nos conhecemos mais proximamente, mais uma em compasso ímpar do disco. Só de valsa são três,no disco, e algumas músicas são no compasso três por quatro também. Eu realmente gosto dos compassos ímpares. Ela tem esse jogo lúdico, com a letra de um verso sugerindo o próximo enquanto resposta, mas também como pergunta. É uma música cíclica, com imagens instigando as próximas imagens, mas sem responder nada. Ele me mandou a melodia, e eu fiz a letra. Achei que o arranjo muito interessante, porque o Rodrigo conseguiu fazer com que ela soe quase par, sabe? Por conta da da atmosfera e do arranjo da bateria, meio bluseada.

 

8 – Os olhos de Ofélia  (Juliana Stanzani, Nathália Lãoturco, Cacáudio) – “Os olhos de Ofélia” é uma música de 2012, com a Nathália Lãoturco e o Cacaudio. A Natália me mandou um poema muito bonito dela do qual aproveitei alguns versos. Uma das estrofes é praticamente a transcrição desse poema, que eu complementei com outras estrofes com imagens afins, de natureza, do amor, da transmutação do corpo nos elementos naturais. “O teu rosto de lama”, “no leito da minha mão” e coisas afins. Depois de pronto o poema, mandei pro Cacaudio, e ele fez essa melodia belíssima rapidamente. É uma das músicas favoritas de muita gente que ouviu o disco e foi a última a entrar no repertório, por questão de encaixe mesmo. Tentei pincelar composições de várias épocas. Ela já foi gravada também pelo Cacaudio em seu álbum “Mantiqueira” (2020), do qual eu participo. Ela tem um arranjo belíssimo no disco dele, do qual eu participo, inclusive nessa música e também em  “Velho Chico, o Blues”.

 

9 “Valsa pra Vó” (Juliana Stanzani, Cacáudio)- “Valsa pra vó” é a música mais difícil de se falar sobre, também é uma música mais recente, é de dezembro de 2018. Fiz a letra dela a partir de uma melodia enviada pra mim pelo Cacaudio em 2013. A melodia se chamava “valsa em mi” e eu gostei muito,  todo mundo só me manda valsa, porquê eu amo valsa mesmo. Mas, quando ele me mandou eu falei, nossa, essa valsa tem uma uma cara de vó. Em 2018, eu acompanhei minha vó muito de perto. Minha vó já estava ficando um pouco debilitada. Eu fui criada pela minha avó e pela minha mãe. Eu considero que eu tenho duas mães, então nossa relação não é uma relação simplesmente de vó, que já é uma relação muito especial. Ela tomou um tombo e não se recuperou, hoje ela tem muito pouca consciência de qualquer coisa. Apesar de me causar muita dor, também é uma declaração de amor à minha velha e à nossa história juntas. Ela foi gravada com Leandro Braga, que é um dos maiores pianistas do Brasil. Gravamos no primeiro take. A gravação também foi bastante emocionante, pois ele ouviu a história e se emocionou.

 

Mais sobre Juliana Stanzani

 

Juliana foi vencedora do Festival de intérpretes do Festival do Conservatório Lia Salgado em 2016 e do Festival Canta São João, em Taruaçu, MG, em 2019, com melhor canção e como melhor intérprete. Participou de diversos álbuns e projetos: Saruê (com o violonista Filipe Malta, o pianista argentino Alejo Quiroga e o baterista Leandro Scio); O Tom da Bossa (junto à cantora Giuliana Giudice, o Maestro e pianista Silvio Gomes, o baixista Claudimar Maia e os bateristas Pedro Crivellari e João Cordeiro). Em 2016, lançou o disco Patuá, com a banda Matilda, projeto em pausa, formado por quatro mulheres, do qual é vocalista e compositora – o disco da banda recebeu Menção Honrosa nos melhores do ano do site Embrulhador e foi vencedor do Prêmio Grão de música, ed. 2016. Em novembro de 2020, durante a pandemia, Juliana lançou o álbum “Nossa Toada”, projeto que registra suas canções com o cantor, violonista e compositor Roger Resende.

 

Entre as participações em álbuns e gravações de outros artistas, como cantora ou como compositora, destacam-se; “Império de Sal” de Dudu Costa; “Zeroquarenta” e “Baobá” de Carlos Fernando Cunha; “Lembrete”, “Menina dos Olhos” e “Pra ver o sol” de Carol Serdeira; “Ondes” e “Sede da manhã” de Laura Jannuzzi; “Outra Canção” de Wesley Carvalho; “Mantiqueira” de Cacaudio; “Elas de Minas”, coletânea de compositoras de Minas Gerais; “Falas Perdidas” de Luizinho Lopes, “Ponto do Samba”, “Duo Nascente” de Bia Nascimento e João Cordeiro, “Temporal” de Nêga Lucas, “Tempo de vendaval” de Nara Pinheiro, entre outros.

 

*Fabiano Moreira é jornalista desde 1997 e já passou pelas redações de O Globo, Tribuna de Minas, Mix Brasil, RG e Baixo Centro, além de ter produzido a festa Bootie Rio. Atualmente, alimenta a página Sexta Sei e escreve sobre música pela ótica LGBTQIA+ na Revista Híbrida.

 

Release acima por Por Fabiano Moreira*

 

 

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Com informações:  FABIANO MOREIRA Assessoria de Imprensa

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