Garotas Suecas lançam seu quarto álbum 1 2 3 4

Em seu quarto álbum, grupo paulistano faz um diagnóstico dos anos funestos que atravessamos e firma-se como cronistas da realidade brasileira, às vésperas de completar 20 anos de banda.

 

Ouça: https://distro.ffm.to/1234

 

Os acordes eletrônicos que Irina Bertolucci faz vibrar começam a abrir caminho, trazendo um clima ao mesmo tempo solene – pelo andamento – e irônico – pelo timbre sintético que tenta imitar cordas -, até que a bateria de Nico Paoliello entra junto com seu vocal e o emaranhado de cordas do baixo de Fernando Perdido e da guitarra de Tomaz Paoliello: “Sua linda, tire seus dedos da noite passada”, canta o baterista e dando início ao que pode ser o disco mais importante na carreira dos Garotas Suecas. A banda paulistana, prestes a completar 20 anos de atividade, é um dos agentes responsáveis pela consolidação da cena independente no cenário nacional, inclusive no que diz respeito ao mercado exterior, e abre seu quarto disco com “Tire Seus Dedos”, música que finge que este novo punhado de canções é só mais um disco e não um comentário sobre os anos pesados que atravessamos.

 

1 2 3 4 é o disco que o grupo estava preparando antes da pandemia de 2020 e que funcionou como bóia de salvação para o quarteto naquele primeiro momento em que era possível reencontrar-se com outras pessoas, depois da quarentena mais rígida que parte do Brasil se submeteu. Retomar os trabalhos do novo disco foi algo que fez o grupo prezar pela própria saúde mental e o processo criativo daquele período foi afetado pelas águas turvas que o país atravessava.

 

Também é o primeiro disco que o grupo se consolida como quarteto. Dez anos depois da saída de dois de seus integrantes – Sal e Sessa -, Tomaz, Nico, Perdido e Irina conseguiram perceber a unidade deste novo formato, algo que ainda estava sendo assimilado à época de seu disco mais recente, Futuro do Pretérito, de 2017, e que tornou-se ainda mais evidente no período de isolamento social. Essa nova consciência artística coincidiu com o momento de maturidade da banda e a saída de um vocalista abriu espaço para que todos os remanescentes pudessem cantar. A voz dos quatro é ouvida tanto individualmente como um uníssono coletivo no decorrer de todo este novo disco. Além deles, o disco conta apenas com participações de seu circuito interno, como o percussionista Matheus Prado, o produtor André Bruni (que co-produziu o disco com o baterista do Garotas, este também ficou responsável pela mixagem) e pelo masterizador Cassio Play.

 

Mas 1 2 3 4, título que reforça a unidade do quarteto e o lugar do novo trabalho na discografia da banda, também coloca os Garotas Suecas como observadores de seu tempo. Algo que já vinha sendo rascunhado no álbum anterior ganha ainda mais forças neste novo disco, mesmo sem que isso seja uma bandeira erguida. Pelo contrário, o grupo prefere mostrar canções que fazem dançar do que parecer que estão contando a tragédia que é a época em que vivemos. Mas estão. Como cantam no refrão da primeira faixa (“se você pudesse controlar seu instinto primitivo, talvez pudesse encontrar um amor de verdade”), o grupo consegue controlar-se e entender sua existência como o amor que os quatro dividem há quase duas décadas.

 

E, assim, pelo decorrer do álbum, se ouvirmos sem dar muita atenção, percebemos um punhado de canções de uma banda de rock brasileiro, que bebe tanto da cena psicodélica e garageira dos anos 60 e 70 quanto do pop rock dos anos 80 e 90, além de ter referências da história da música pop mundial. Mas quando ouvimos as canções animadas ou as baladas mais sérias do novo álbum com atenção percebemos que o grupo está fazendo um diagnóstico da época funesta que atravessamos enquanto cantarola melodias que grudam na cabeça.

 

Algumas se resumem nos títulos. “Não Tá Tudo Bem” e “Gentrificação” – os primeiros singles de 1 2 3 4 – retratam situações distintas que são reflexo da época em que vivemos. A primeira reforça a falsa sensação de normalidade que conduzimos depois de toda a tragédia que atravessamos (e volta quase duas décadas ao referir-se de forma antagônica ao primeiro single da banda, chamado “Tudo Bem”). A segunda descreve didaticamente como a especulação imobiliária destrói vínculos urbanos afetivos – além de (auto)criticar o papel da classe artística neste processo. “Veneno” e a raga indiana “Podemos Melhorar” também tocam nesta mesma tecla, mas sem serem tão literais. 

 

Neste sentido, as faixas da segunda metade do disco são explícitas ao dar o tom do que está sendo conversado. O groove macio de “What U Want” parte do verso em inglês para começar a dar uma série de cutucões em relação aos coadjuvantes que permitiram a tragédia política que abateu-se sobre o país nas eleições de 2018, mas que começou antes: “Vai se revoltar mais uma vez?”, afronta mais uma vez o baterista, “é tudo tão claro nesse tempo nublado o que fizeram com o país”. “Você sabe muito bem o que você fez”, a banda canta em uníssono, enquanto Nico responde, deixando tudo explícito: “Te falo desde 16”, citando nominalmente o ano do golpe que derrubou a presidenta Dilma Rousseff, reclamando de forma irônica: “Me diz o que sabe dono da verdade, onde foi que eu me confundi?”

 

”Como é que pode?” segue o mesmo tom para lamentar alguém ser obtuso – não especificamente em termos de política, mas é um assunto já dado: “Explicar já tentei, mas não quis escutar”, canta o baixista  Fernando Perdido . “Dá nojo, causa ânsia essa falta de noção”. “Bala”, também cantada pelo guitarrista, deixa claro de que lado da questão armamentista que a banda está: “Não quero ser alvo da violência que você põe nas ruas”.

 

A bossa nova elétrica “Todo Dia é Dia de Mudança”, cantada por Irina Bertolucci, também abre frentes que vão para além da política, mas o título acaba resumindo a vontade de transformação. “Todo dia é dia de mudar de ideia, desejo e lugar”, canta a tecladista, “todo dia é uma nova chance pra errar ou pra acertar”. A inversão de valores de “Marginais” e a romântica “Só Quero Você” (em que Tomaz Paoliello reforça o tom pessimista do disco ao cantar que “você me pergunta como estou, eu sempre minto”) apenas referendam esse marco na carreira do quarteto: um disco que não apenas conta sobre o que vivemos nos últimos anos como coloca o grupo, numa perspectiva histórica, no lugar de cronista da realidade em que vivemos.

 

O momento pós-pandêmico foi crucial para que os Garotas Suecas se entendessem mais do que como um projeto musical ou uma carreira artística, mas como uma só unidade, uma família, um coletivo, uma banda – essa entidade que parece ter caído em desuso no mercado fonográfico. E às vésperas de completar seus vinte anos, reforçam, num disco sem participações especiais, a importância de todos como uma coisa só. Não é um, nem dois, nem três – é 1 2 3 4.

 

Gravado no Freak Estúdio por Nico Paoliello e André Bruni

Mixado por Nico Paoliello

Masterizado por Cassio Play

Fotos: Fausto Chermont

 

Release acima por Alexandre Matias (www.trabalhosujo.com.br) é jornalista, curador de música e diretor artístico.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Com informações: Assessoria de Imprensa – FRANCINE RAMOS

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