Illy lança álbum pop e contemporâneo com repertório de Elis Regina
“Te adorando pelo avesso” tem participações de Baco Exu do Blues e Silva
Capa/Divulgação
O timbre de guitarra do solo que abre “Alô, alô, marciano” – primeira faixa do álbum “Te adorando pelo avesso”, que Illy lança no próximo dia 23 através do selo Alá em parceria com a Altafonte – já mostra que um som autêntico e impactante está por vir. O mesmo acontece ao dar play na segunda faixa, uma versão ultra moderna de “Como nossos pais” em ska, com componentes eletrônicos e uma divisão de cair o queixo.
Desde que anunciou o projeto, a cantora Illy já avisava que não faria mais do mesmo. De fato, ela ousou. Se uniu aos músicos Gabriel Loddo e Guilherme Lirio e juntos produziram um disco diferente de tudo que já se ouviu em tributos dedicados à Elis Regina. Na capa, uma alusão ao álbum “Elis – 1973”, só que com Illy virada de ponta-cabeça.
Os arranjos deram outra cara às canções. “Na Baixa do Sapateiro” virou rock pesado, guiado por um berimbau. “Trem azul” ganhou ares futuristas, com referência em Connan Mockasin. “Fascinação” ficou dançante e teve células do funk melody, “Querelas do Brasil” se tornou um samba-reggae. Tudo isso guiado pela voz doce, bonita e marcante da cantora Illy.
Te Adorando Pelo Avesso – Por Ronaldo Bastos
Nos últimos tempos, por vontade dos deuses ou por feliz conspiração do Universo, eu tive a sorte de ficar próximo de artistas novos que hoje fazem a minha cabeça. Illy é um talento que já chegou me trazendo alegrias.
A voz cool-expressiva dessa baiana da Cidade Baixa logo me conquistou com seu frescor e sua brasilidade. Illy está atenta a tudo e olha pra frente, mas não perde de vista as conquistas do passado, o que no caso da música brasileira sempre representou saltos para a modernidade. O Brasil que canta produziu desde sempre clássicos que ficaram eternos e estéticas até hoje revisitadas. Atualmente vemos aparecendo muitos artistas que acham que fazer algo novo é negar o passado, que é preciso cantar ou tocar com algum sotaque que ecoe a contemporaneidade de outros lugares, que é isso que faz a música brasileira soar mais ‘moderna’.
Sem deixar de sintonizar com o que há de mais interessante no som do planeta, TE ADORANDO PELO AVESSO vai no caminho contrário a esse modismo, no cantar e no batuque. É um disco moderno em todos os sentidos. As canções escolhidas por Illy e interpretadas com sensibilidade e muita personalidade – o mais difícil em se tratando de canções imortalizadas por Elis -, os arranjos, o envolvimento e a performance dos músicos, a produção impecável, as participações certeiras de Baco Exu do Blues e Silva, tudo faz da experiência de escutar o álbum motivo de celebração. Que bom esse disco nesses tempos! Que bom que existe Illy, uma cantora brasileira do século XXI que se assume intérprete e entende as canções.
Eu acredito que a forma de um artista se colocar no mundo define muito do que ele consegue transmitir. No último ano, eu e o Leo (meu trem azul, quem muito me ajudou com suas ideias e na redação desse texto) tivemos a felicidade de ficar amigos de Illy e Jorginho (seu companheiro, pai do Martim, o filho que eles trouxeram ao mundo na sua Bahia natal), e eu vi o quanto o afeto atravessa todas as escolhas de Illy. Músicos, compositores, produtores e outros parceiros de profissão são também amigos, família, parceiros de vida.
Nisso ela me lembra Elis, com quem eu tive um encontro profissional muito rico e também reforçado pela confiança e pela amizade. Eu tenho certeza que Elis ia adorar essa homenagem. Illy fez esse álbum fundamentalmente com dois elementos indispensáveis: coragem e amor. E, assim como a pimentinha, Illy não nega seu lado romântico nem deixa de fora as questões do seu tempo.
Como os versos de Belchior que Elis cantou, “o novo sempre vem”… Vamos escutar essa jóia, evocar Elis, descobrir Illy, viver o presente e mirar o futuro.
Ouça na íntegra:
https://www.youtube.com/playlist?list=PLwL8DrVAXD-ncEGybkeRRhW9pKCS6KKWX
Plataformas digitais:
https://ffm.to/teadorandopeloavesso
Sobre Illy
Desde bem pequena, Illy já entoava seu canto doce nos saraus da família na Ponta do Humaitá em Salvador. Os mais entendidos faziam questão de profetizar que aquela menina se tornaria uma grande cantora. O tempo passou, ela cresceu e o timbre suave tem chamado a atenção dos amantes da boa música.
Em 2016 a baiana radicada no Rio de Janeiro lançou o EP “Enquanto você não chega” produzido por Alexandre Kassin e emplacou “Só eu e você” na trilha da novela Sol Nascente. No ano seguinte ela disponibilizou no seu canal do youtube a websérie “Illy e a MPB de todos os sons” com episódios cantando ao lado de nomes como Caetano Veloso, Fagner, Chico César, Roberta Sá, entre outros.
As produções da cantora foram tão bem-vindas que colocaram Illy na lista do Google Play com vinte nomes de promessas com base em análise feita a partir de buscas, streamings e discussões em redes sociais.
Seu primeiro álbum, “Voo longe”, produzido por Alexandre Kassin e Moreno Veloso foi lançado em abril de 2018 e colecionou ótimas críticas em veículos de imprensa espalhados por todos o Brasil. No disco, Illy canta diferentes gerações de compositores como Chico César, Arnaldo Antunes, Djavan, J. Velloso, Quito Ribeiro, Jonas Sá, Alberto Continentino , Davi Moraes, Pedro Baby, entre outros.
No ano passado, a baiana cantou “Pelos ares” no disco “Nada ficou no lugar” com a nova cena interpretando Adriana Calcanhotto e lançou duas novas versões de “Só eu e você”: Uma em formato acústico, produzida por Moreno Veloso e com direito a um belo solo de ehru (espécie de violino chinês com duas cordas). E a outra intitulada “Só eu e você na pista” um dancehall com participação de Duda Beat e remix de Tomás Tróia que se tornou um grande hit na cena.
Outras parcerias importantes da cantora em 2019 foram com Silva, no single “Nós dois aqui”, lançado em fevereiro pelo capixaba e com Arnaldo Antunes e Baco Exu do Blues na versão “Devagarinho 2.0”.
O som de Illy é MPB, é POP, é versátil. Suas influências estão nas vozes de Gal, Bethânia, Elis, Amy E Laurin Hill Estão no mar de Dorival Caymmi, no groove de Djavan e na malemolência do Novos Baianos.
Ficha Técnica: Illy – Te Adorando Pelo Avesso
- Alô alô, marciano
(Rita Lee e Roberto de Carvalho)
Gabriel Loddo: Baixo, Synth;
Guilherme Lirio: Guitarras, Rhodes;
Pedro Fonte: Bateria;
Marcelo Costa: Afoxé, Pandeirola;
- Como nossos pais
(Belchior)
Gabriel Loddo: Baixo, Harmond;
Guilherme Lírio: Guitarras, Synth;
Pedro Fonte: Bateria, Bateria eletrônica;
Marcelo Costa: Congas, Pandeirola;
- Me deixas louca (participação Baco Exu do Blues)
(Paulo Coelho / Armando Manzanero)
Gabriel Loddo: Violão;
Guilherme Lírio: Baixo, Rhodes, Synth, Guitarra, Afoxé;
Pedro Fonte: Bateria;
Marcelo Costa: Bongo;
- Dois pra lá dois pra cá
(Aldir Blanc/ João Bosco)
Gabriel Loddo: Baixo, Coro, Falas;
Guilherme Lírio: Guitarra, Glockenspiel, Rhodes, Coro, Falas;
Pedro Fonte: Bateria;
Marcelo Costa: Congas, Bongo, Clave, Reco-reco;
- Atrás da porta (participação Silva)
(Chico Buarque e Francis Hime)
Illy: Voz;
Gabriel Loddo: Clarinete;
Guilherme Lirio: Baixo;
Pedro Fonte: Caixa;
- Trem azul
(Lô Borges e Ronaldo Bastos)
Gabriel Loddo: Baixo, Rhodes, Caixa clara;
Guilherme Lírio: Guitarras;
Pedro Fonte: Bateria; Marcelo Costa: Timbal;
- Fascinação
(Maurice de Féraudy e Dante Pilade “Fermo” Marchetti)
Guilherme Lírio: Violão, Guitarra, Baixo, Synth, Coro;
Gabriel Loddo: Atabaque, Prato, Coro;
Marcelo Costa: Atabaque;
Pedro Fonte: Bateria eletrônica, Caixa, Atabaque;
Antonio Neves: Trompete, Trombone;
- Vida de bailarina
(Dorival Silva e Américo Seixas)
Gabriel Loddo: Baixo;
Guilherme Lírio: Guitarra, Glockenspiel;
Pedro Fonte: Bateria eletrônica, Bateria;
- Na Baixa do Sapateiro
(Ary Barroso)
Gabriel Loddo: Baixo;
Guilherme Lírio: Guitarra, Rhodes;
Pedro Fonte: Bateria, Timbal;
Marcelo Costa: Berimbal, Timbal, Pandeirola, Afoxé;
- Ladeira da preguiça
(Gilberto Gil)
Gabriel Loddo: Baixo, Reco-reco;
Guilherme Lírio: Guitarra, Synth;
Pedro Fonte: Bateria;
Marcelo Costa: Congas, Caxixi, Ganzá;
- Querelas do Brasil
(Maurício Tapajós e Aldir Blanc)
Gabriel Loddo: Guitarra, Caixa, Pandeiro, Repique;
Guilherme Lírio: Baixo;
Pedro Fonte: Bateria, Timbal, Repique;
Marcelo Costa: Surdo, Timbal, Repique;
- Vou deitar e rolar
(Baden Powell e Paulo César Pinheiro)
Gabriel Loddo: Guitarra, Pandeiro, TanTan, Tamborim, Agogô, Garrafa, Reco-reco;
Guilherme Lírio: Baixo, Caixa clara;
Pedro Fonte: Bateria;
Marcelo Costa: Congas;
Com informações: André Cruz