LUZ COM TREVAS | Cabelo Cobra Coral faz LIVE dia 11/07
Apresentação ao vivo acontece em 11 de julho, às 18h, nos canais online da Cerveja Praya. Disco autoral, disponível desde 18 de junho nos aplicativos, é o primeiro solo do artista visual, poeta e músico, que esteve à frente da icônica banda Boato, nos anos 1990.
Ouça AQUI o álbum “Luz com Trevas”
Veja AQUI o lyric video “Luz com Trevas”
“Luz com Trevas” nasceu como uma exposição, se transformou em um show e virou um álbum. Agora é a vez de Cabelo Cobra Coral e seu primeiro disco solo estrearem no universo das lives: sábado, dia 11 de julho, às 18h, acontece a primeira apresentação ao vivo desde que o álbum foi lançado, em 18 de junho. A transmissão é pelos canais da Cerveja Praya no YouTube, Facebook, Instagram e Twitch. Neste formato, mais intimista, Cabelo vai ter a seu lado Maurício Negão (guitarras e cavaquinho) e o DJ Nado Leal, que são da formação da banda original.
SOBRE “LUZ COM TREVAS”
Por: Fred Coelho
Cabelo Cobra Coral faz arte para os cinco sentidos. Seu novo trabalho, “Luz com Trevas” (Som Livre / MP,B Discos), é a síntese sonora disso. A transformação permanente de papéis – de exposição a disco, de artista visual a músico – é sua marca autoral, refletida também nas faixas que inauguram novas dimensões de sua obra. Com mesmo nome do álbum que apresenta agora, a exposição, lançada em 2018 com curadoria de Lisette Lagnado, foi a manifestação fundamental para a existência deste primeiro disco solo, marcado pela sua diversidade de mídias, meios e mundos. Se na sua exposição ele convidou o xamã ianomâmi David Kopenawa, o músico, poeta e filósofo urbano Marcelo Yuka e o cineasta Emílio Domingos (além de ogans, barbeiros que “deixam na régua”, poetas de slam e dançarinos), no álbum Cabelo transforma essas conversas e estéticas em trilha sonora de um tempo que nos isola e nos obriga a pensar para além da rotina acelerada que sempre vivemos.
A trajetória musical de Cabelo passa pela banda Boato durante os anos de 1990 e se desenrola por diversos formatos. Para quem conhece sua obra visual, escutará (e enxergará), em suas letras, obras de arte que se tornaram canções, poemas que viraram letras de música e também se transmutaram em trabalhos plásticos como os ovos-bomba, esculturas-pinturas que anunciam a iminência da explosão-nascimento de outros seres em gestação. O disco “Luz com Trevas” segue essa troca constante de linguagens que sempre ocuparam o multiartista. Para ele – poeta, artista visual e músico – um trabalho como esse é fruto de sua relação orgânica com o ritmo e a poesia. Seu disco é mais uma marca da diversidade de gêneros, timbres, arranjos e dicções que povoam o imaginário verbi-voco-visual do artista.
Cabelo é um erudito popular, personagem das fronteiras cariocas, artista de amplo conhecimento, tanto em bibliotecas quanto em encruzilhadas. Se “Luz com Trevas” é fruto de uma longa trajetória, seu resultado sonoro resultou do encontro e parceria com Kassin e Nave, dois produtores destacados no meio musical brasileiro. Com seus teclados e programações, fizeram a poesia urbana de Cabelo ganhar qualidade e invenção no diálogo com diferentes sonoridades contemporâneas.
O disco, gravado por Mauro Araújo no estúdio Marini, mixado por Arthur Luna e masterizado por Ricardo Garcia, abre com a faixa “EXUberância”, um canto para Exu evocado pelos tambores e toques de santeria de Léo Leobons. Em seguida, Cabelo percorre vários caminhos dentre as batidas eletrônicas dos beats acelerados e graves nervosos de funks com “Conheci Você”, sobre um amor entre uma moça e um mototaxista, surgido numa corrida para um baile funk; a faixa-título, “Luz com Trevas”, traz a força da poesia contra os podres poderes do Império, entremeada por um o violão dedilhado e uma batucada hipnótica em transe; a poderosa “Raio de Amor”, parceria com os velhos amigos Pedro Luís e Beto Valente, dedicada a Davi Kopenawa; o rap “Ladainha do Morto”, poema de Gerardo Mello Mourão, pai do artista visual Tunga, grande amigo e parceiro de Cabelo, onde desfilam personagens históricos e anônimos, com a repetição do refrão “morreu por mim”, mais atual do que nunca. Na pegada pop de “A Perna da Boneca”, o autor propõe um passeio pelas ruas e quebradas cariocas, acompanhando as aventuras e desventuras de uma criança de rua, com direito a assovio impecável de Milton Guedes; na sequência, a crônica urbana de “Abusada”; o trip hop chapado e inspirado em “Je Vous Salue Marie”, com participação luxuosa de Nina Becker nos vocais; e, para fechar, o típico samba de partideiro com “Vovô Vai Voltar”, que traz o violão de Rogério Caetano e o cavaquinho e a percussão de Pretinho da Serrinha.
Como um colecionador de fragmentos da vida material e espiritual, Cabelo injeta em suas letras uma densa trama de informações. Suas canções atuais constroem personagens para serem não só ouvidos, mas também incorporados. Eles são espectros que a poesia de Cabelo cria em som e palavra. Ouvindo cada uma delas, vamos de Cafarnaum a Copacabana, da subida do morro ao mundo do além. Atravessamos as ruas da cidade ligados nas suas entidades e personagens anônimos. Cabelo fala de sabenças populares, de vidas livres e abusadas, de crianças solitárias que saem todo dia “pra batalhar a janta”, dos aprendizados nos terreiros e com os povos da floresta contra o horror do “boi, bíblia e bala”, de visões em plena madrugada onírica “indo do nada pro lugar nenhum”, de uma vida em que “a água que o peixe nada é a mesma que bebe a égua”. Todos os mundos e seres relacionados, todas as ordens questionadas, todas as histórias contadas pelo seu olho-cinema atento durante a deriva.
Em “Luz com Trevas”, Cabelo evoca novamente sua presença performática, fazendo cada vez mais com que o corpo do artista seja também o do músico e o do poeta. Sem separações – na verdade, nunca as reivindicou – e sem limites para fazer sua obra funcionar, seu disco é parte ativa dos ambientes que ele vem montando nos últimos anos, assim como suas exposições sempre contam com apresentações suas e de convidados. O que ele canta reverbera o que se vê e vice-versa.
“Luz com Trevas” não é apenas o primeiro e mais do que esperado disco de Cabelo, porque ele vai além desse fato já por si histórico. Ele é um trabalho precioso e necessário para ser ouvido neste momento de perplexidade em que vivemos. Suas canções nos dão potência e poesia na mesma medida, nos fazem dançar e refletir, nos deixa acesos e sinistros. O brilho das trevas e o escuro da luz. Porque, para Cabelo, todo dia é do fim pra frente.
FICHA TÉCNICA
CABELO COBRA CORAL – CD “LUZ COM TREVAS”
FAIXAS
01 – EXUberância (Cabelo / Leo Saad / Léo Leobons)
Cabelo: voz
Kassin e Nave: programação e teclados
Nina Becker e Nave: coro
Léo Leobons: percussão e voz
02 – Conheci Você (Cabelo / Beto Valente / Gui Guimarães / Jean Beyssac)
Cabelo: voz
Kassin e Nave: programação e teclados
03 – Luz com Trevas (Cabelo / Leo Saad / Fabricio Oliveira)
Cabelo: voz
Kassin e Nave: programação e teclados
Milton Guedes: assobio
04 – Raio de Amor (Cabelo / Pedro Luís / Beto Valente)
Cabelo: voz
Kassin e Nave: programação e teclados
05 – Ladainha do Morto (Cabelo / Gerardo Mello Mourão)
Cabelo: voz
Kassin e Nave: programação e teclados
06 – A Perna da Boneca (Cabelo)
Cabelo: voz
Kassin e Nave: programação e teclados
Milton Guedes: assobio
07 – Abusada (Cabelo)
Cabelo: voz
Kassin e Nave: programação e teclados
08 – Je Vous Salue Marie (Cabelo)
Cabelo: voz
Kassin e Nave: programação e teclados
Nina Becker: voz
09 – Vovô Vai Voltar (Cabelo)
Cabelo: voz
Kassin e Nave: programação e teclados
Rogério Caetano: violão 7 cordas
Pretinho da Serrinha: cavaquinho e percussão
Tainá Machado: voz
Produzido por Kassin e Nave
Gravado por Mauro Araújo no Estúdio Marini
Gravações adicionais: Felipe Areas
Mixado por Arthur Luna
Masterizado por Ricardo Garcia no Magic Master
Direção de arte e design gráfico: Barrão e Merah Studio
Fotografia: Rafael Meliga
Desenhos: Cabelo
Produção executiva: João Mário Linhares / Rosa Melo (1ª fase das gravações)
Site: www.cabelo.etc.br
Instagram: @cabelocobracoral
ASSESSORIA DE IMPRENSA CABELO COBRA CORAL