MAÍSA MOURA lança seu novo álbum O AZUL DAQUI
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Maísa Moura iniciou sua trajetória como intérprete, em 2001, gravando canções do compositor Makely Ka, com quem trabalha há quase 20 anos. A cantora faz parte da geração de artistas independentes que despontou na cena mineira em 2002, idealizando e participando do evento Reciclo Geral – Mostra de Composições Inéditas, que foi considerado um marco pela imprensa. Em 2006, lançou o álbum “Danaide”, em parceria com Makely, tendo participado de inúmeros eventos culturais em diversas cidades brasileiras, como o Festival de Arte Negra, o Expresso Melodia (projeto da Fundação Clóvis Salgado em que os artistas percorriam cidades do interior realizando shows num caminhão-palco) e os festivais de inverno de Diamantina, Ouro Preto, Itabirito e Itabira, em Minas; o Festival Pré-Amp, na Rua da Moeda, no centro histórico de Recife; a Feira de Música de Fortaleza; o Independência ou Sorte, evento em homenagem a Paulo Leminski, no Teatro Paiol, em Curitiba; no projeto Pão & Poesia, do Sesc Vila Mariana, em São Paulo, entre outros.
Em 2009, Maísa lança seu primeiro álbum solo intitulado “Moira”. O disco, muito bem acolhido por artistas como Ná Ozzetti, Ivan Vilella, Gabrielle Mirabassi e Elomar, leva a cantora a se apresentar, no ano seguinte, em Portugal, no Teatro Municipal de Portimão e nas Fenacs Algarve e Cascais. De volta ao Brasil, Maísa é selecionada para se apresentar no projeto Prata da Casa, do Sesc Pompeia, quando também se apresenta na ainda pequena Casa de Francisca, em São Paulo, que se tornou referência entre as casas de show de música autoral no país.
Entre os álbuns “Moira” (2009) e “O Azul Daqui”, Maísa montou os shows “Sobre Telas” (sobre obra da irmã, a artista plástica Gisele Moura) e” Canção Extinta”, em parceria com o músico Rafael Azevedo, que está trabalhando na produção de outro álbum da cantora – “A Minha Voz Na Dela” – que reúne canções antigas do cancioneiro brasileiro, das décadas de 20 a 70 do século da canção.
Em “O Azul Daqui”, Maísa volta a gravar canções de compositores como Zé Miguel Wisnik (com Nelson Ferreira), Chico Saraiva (com Mauro Aguiar), Elomar, Mário Sève e Makely, com os quais a intérprete tem grande afinidade musical e poética e, através das suas composições, tece sua própria rede de significados para dar seu próprio recado. Compositores parceiros de geração, como Renato Villaça, Kiko Klaus, Rodrigo Torino, Renato Negrão e Gustavo Souza também estão presentes, com inéditas que a cantora garimpou entre tantas produções feitas em Minas. De Sérgio Andrade, cantor e compositor da Banda de Pau e Corda, de Recife, Maísa ganhou de presente a “Ciranda Longe do Mar”, com letra de Makely Ka fazendo a ponte entre o litoral e o interior, tema que permeia todo o disco. De Caetano e Moreno Veloso, Maísa gravou “Sertão” (tão impregnada de Minas) – que arremata a geografia do disco e com um fragmento da letra, empresta-lhe o nome – “O Azul Daqui”.
A sonoridade ao mesmo tempo densa e delicada do disco contou com o cuidado dos músicos Gustavo Souza (violões), Makely Ka (violões e viela de roda), Rodrigo Quintela (contrabaixo acústico), Rafael Azevedo (violão e guitarra) Felipe José (violoncelo), Paulo Sérgio Thomáz (violino), Yuri Velasco (percussão), Leo Dias (marimba de vidro), Alaécio Martins (trombone) e Rodrigo Torino (violão, em “O Grilo”). Avelar Jr., que também trabalhou com a cantora em seu disco anterior “Moira”, elaborou os arranjos de cordas de “Faz de Conta” e “Transeunte” e do contrabaixo de “Acalanto”; o pernambucano Zé Freire escreveu o arranjo para o trombone da “Ciranda Longe do Mar”. O álbum conta ainda com as participações especiais de Mário Sève (pífano, flautas e flautins do “Forró em Oeiras”); Otto Hanriot (bandoneon em “Valsa Azul” e “Valsa do Bom Buriti”); Rafael Martini (sanfona em “Forró em Oeiras” e “Na Beira do Tempo”); e do clarinetista italiano Gabrielle Mirabassi (clarineta em “Araripe Ararat” e “Comutação de Promessas”).
André Cabelo do Estúdio Engenho, de Belo Horizonte, foi quem gravou, mixou e masterizou os sons do álbum.
Gisele Moura fez as pinturas do encarte e é responsável pelo projeto gráfico do disco.
Makely Ka assina a produção e Maísa Moura, a direção artística de “O Azul Daqui”.
Senhora Janaína
Uma canção-oração. Ouvi pela primeira vez no meio do centro barulhento de BH, num dia qualquer que deixou de ser qualquer. Um canto à capela enviado pelo celular, o mar invadiu (meu) centro (de BH) e eu já não tive dúvida que ela viria abrindo o álbum novo. Um presente do Makely.
Caixa clara: Yuri Velasco
Violoncelo: Felipe José
Eu sou do mar
As histórias de muitas mulheres condensadas nesta personagem carregadinha de história do Brasil. O mar e o interior com seus respectivos orixás desenham uma geografia simbólica que permeia todo o álbum.
Violões: Makely Ka e Gustavo Souza
Contrabaixo acústico: Rodrigo Quintela
Marimba de vidro: Leo Dias
Moringa, vassourinha no reco de mola, tigelas, tambor de lata, caixa clara e snuj: Yuri Velasco
Acalanto
Ouvi pela primeira vez na voz de Diana Pequeno essa canção do imenso compositor que é Elomar. Pra me levar mais para o interior, ‘bem pra lá do São Francisco, ainda pra lá’ e contar histórias de outros tempos que habitam todos nós – um conto de fadas na caatinga.
Violão: Gustavo Souza
Contrabaixo acústico: Rodrigo Quintela
Arranjo para contrabaixo: Avelar Jr.
Valsa Azul
Uma letra do Zé Miguel Wisnik pra música de Nelson Ferreira. Namoro esta canção desde que foi lançado o álbum Pérolas aos Poucos do Wisnik. Ela traz imagens absurdamente lindas, entre elas a de ‘um poço sem fundo e lá no fundo, o céu’, que me remete ao poço das Danaides que deu nome ao meu primeiro trabalho como intérprete de canções – uma aventura psicocósmica (dantesca) na minha vida! Uma homenagem às travessias, a tudo que é sombra e luz.
Violão: Gustavo Souza
Bandoneon: Otto Hanriot
Contrabaixo acústico: Rodrigo Quintela
Faz de Conta
Renato Villaça me mostrou esta pérola lá no Estúdio Engenho, do querido Cabelo, há muitos anos, quando ele estava gravando um disco infantil que acabou não saindo da gaveta. Fiquei encantada pelo faz de conta e nunca mais o larguei. A canção achou seu lugar de pouso aqui n’O Azul Daqui, me ajudando a costurar a atmosfera de sonhos e vertigens presente na Valsa Azul e dos contos de fada que se apresentam em Acalanto e Transeunte. Buscando outros jeitos de melhor viver.
Violão e guitarra: Rafael Azevedo
Violino: Paulo Sérgio Thomaz
Violoncelo: Felipe José
Contrabaixo acústico: Rodrigo Quintela
Arranjo para cordas: Avelar Jr.
Transeunte
Canção ‘buarquiana’ do Makely, com construção poética sofisticada e surpreendente… Uma mulher que passou? A Felicidade? A atmosfera de faz de conta permanece aqui com princesas e castelos, depois de caminhar “pra lá do São Francisco” e “andar na lua de cometa ou na Rua da Bahia”, até virar a esquina e sumir. Canção de amor na paisagem da cidade grande com seus anonimatos. Soube de outros intérpretes que pretendiam gravá-la. O tempo passou e me foi favorável – adoro lançar pérolas inéditas!
Violões: Makely Ka e Gustavo Souza
Violino: Paulo Sérgio Thomaz
Violoncelo: Felipe José
Arranjo para cordas: Avelar Jr.
Valsa do Bom Buriti
Ouvi pela primeira vez no Galpão Cine Horto, aqui em BH, numa peça do GruPontapé, de Uberlândia, inspirado no conto Buriti, de Guimarães Rosa. Makely fez a trilha do espetáculo. Flor do pequi, buriti, colibri… O cerrado do Chefe Ezequiel, noroeste de Minas, Morada Nova da minha mãe, as brejeirices do amor. Irresistível. Peguei pra mim.
Violões: Makely Ka e Gustavo Souza
Marimba de vidro: Leo Dias
Contrabaixo acústico: Rodrigo Quintela
Bandoneon: Otto Hanriot (participação especial)
Grilo
Poema do Renato Negrão, primeiro poeta que conheci em carne e osso. Rodrigo Torino fez a música pr’O Grilo e ele saltou aqui pro disco… “Azul Zeus do meu ritmo” – irresistível…”. Assovio essa canção marota, novelo de sons nessa estrada rota” – poema-brinquedo necessário pra oitava faixa das trilhas pel”O Azul Daqui”.
Violão: Rodrigo Torino
Marimba de vidro: Leo Dias
Contrabaixo acústico: Rodrigo Quintela
Na beira do tempo
Canção do pernambucano Kiko Klaus e do piauiense Makely, ambos radicados em Minas. Ao ouvi-la pela primeira vez na voz de Kiko Klaus, a sensação foi aquela mesma quando a gente se derrete com certas canções de amor do Dominguinhos. Doçura no açude do sertão. Me remete a cenas lindas do Grande Sertão – Diadorim fazendo a barba de Riobaldo, lavando seus panos, desvelando os sinais dos passarinhos do cerrado. É cantar e morrer de amor. Acho que o álbum todo tem um jeito como se estivesse na beira do tempo… ou numa dobra de tempo, como diz o Elomar.
Violões: Makely Ka e Gustavo Souza
Contrabaixo acústico: Rodrigo Quintela
Sanfona: Rafael Martini (participação especial)
Caixa clara: Yuri Velasco
Araripe Ararat
Foi Marcelo Pretto quem me apresentou essa canção de Chico Saraiva e Mauro Aguiar. Em 2010, fui selecionada pro Prata da Casa, um projeto do Sesc Pompeia, de São Paulo. Na mesma ocasião, a Casa de Francisca, ainda pequenininha, nos acolheu e tive o prazer de apresentar o meu trabalho ‘Moira’ lá. Convidamos o Pretto pra uma participação especial e ele me sugeriu esta canção. Rafa Azevedo teve o trabalhão de pegar o violão dela coladinho no violão magistral do Chico Saraiva. Do noroeste de Minas, chegamos ao Ceará. O monte Ararat onde a Arca de Noé se firmou emergiu na Serra do Araripe. Um pau-de-arara alado alça voo no azul do sertão do Cariri – sonho colorido, redenção.
Violão e viola de 10: Rafael Azevedo
Contrabaixo acústico: Rodrigo Quintela
Clarineta: Gabrielle Mirabassi (participação especial)
Forró em Oeiras
Numa viagem de bicicleta pelo sertão do Piauí, Makely chegou a Oeiras no dia da festa de Nossa Senhora da Vitória, padroeira da cidade. Ele conta que nos arredores de lá tem remanescentes de quilombo, congo, reisado, as Senhoras dos Bandolins, essas belezas que os nossos não representantes que estão no governo federal insistem em boicotar. A letra foi feita inspirada nesse contexto de sabores e manifestações da cultura popular e faz uma ponte entre os sertões do Nordeste e de Minas, geografias que permeiam todo o álbum. Mário Sève fez a música anos depois e tive a felicidade de poder gravá-la com arranjos lindos de flauta, flautim e pífano feitos pelo próprio Mário.
Violões: Makely Ka e Gustavo Souza
Contrabaixo acústico: Rodrigo Quintela
Flauta, flautim e pífano: Mário Sève (participação especial)
Sanfona: Rafael Martini (participação especial)
Pandeiro, surdo, caixa clara, triângulo, prato de choque: Yuri Velasco
Comutação de Promessas
O Forró em Oeiras termina com lembrança de Minas. Seguimos de volta em direção a Congonhas, onde a possibilidade de rompimento das barragens de rejeitos da mineração assombra o dia a dia da cidade barroca que abriga a obra do Aleijadinho e a fé nas tradições dos ex-votos e romarias. Nossa Senhora da Conceição (Oxum amorosa, Senhora das águas doces na tradição iorubá), São José, Bom Jesus e a Senhora Santana (a quem as costureiras peregrinas prestam devoção) são convocados nessa prece-canção. Makely escreveu a letra e cantou a melodia e Gustavo Souza inventou a harmonia no seu violão precioso. Um grito de Minas contra a mineração que nos assola.
Violões: Gustavo Souza
Violoncelo: Felipe José
Contrabaixo acústico: Rodrigo Quintela
Clarineta: Gabrielle Mirabassi
Ciranda Longe do Mar
Cresci ouvindo Ciranda Azul e Ciranda do Mar, ambas da Banda de Pau e Corda. Quando Sérgio Andrade me enviou, lá de Recife, a Ciranda Longe do Mar, chorei um monte pelo tanto de sentido que ela fazia pra mim. A melodia do Sérgio casadinha com a letra do Makely deu nessa canção que parece ter sido feita sob encomenda pro meu disco! O roteiro já estava fechado e acabei substituindo uma ciranda não inédita por esta ineditíssima que chegou assim como um presente – ‘a flor que o acaso nos dá’, (como na canção do Zé Miguel Wisnik e do Paulo Neves). Nada melhor que uma ciranda pra nos aproximar, pra exigir água limpa e rodar a saia no monte. Molhar os pés na bica e conectar com a mesma Senhora lá do começo do disco. Ganhei também o arranjo pra trombone escrito pelo Zé Freire lá de Recife!
Violão: Gustavo Souza
Contrabaixo acústico: Rodrigo Quintela
Guitarra: Rafael Azevedo
Pandeiro, surdo, caixa clara, xequerê, agogô, reco de mola: Yuri Velasco
Trombone: Alaécio Martins (Lalá)
Arranjo para trombone: Zé Freire
Sertão
Letra do Caetano Veloso e música do filho Moreno. “O Azul do azul daqui/desse mar/desse chão/sertão de não terminar/senão no coração”. Não havia melhor ponto final.
Violão: Gustavo Souza
Viela de roda: Makely Ka
Contrabaixo acústico: Rodrigo Quintela
Com informações: Bebel Prates Assessoria de Comunicação