Relicário de Karnak traz show de 1999 com repertório de Estamos Adorando Tókio
Álbum conta com faixas queridas do público e que ainda não constavam nas plataformas de streaming
O Selo Sesc lança mais um volume da série Relicário, resgatando após quase trinta anos um dos shows da banda Karnak, realizados em dezembro de 1999 no Sesc Pompeia, o “Karnatal”. O álbum digital já está disponível nas principais plataformas de áudio.
O material traz o grupo liderado por André Abujamra em sua formação clássica apresentando uma prévia do álbum que viria a ser lançado no ano seguinte, “Estamos adorando Tokio” (2000) e revela um Karnak vibrante, inventivo e atual.
O público da época teve, assim, em primeira mão, boa parte do futuro álbum. O disco reúne 13 faixas, das quais oito eram inéditas, incluindo “Abertura russa”, “Juvenar”, “Mediócritas” e a própria “Estamos adorando Tokio”, que daria nome ao disco.
“Entrar em contato com essa gravação foi uma delícia. Uma das coisas mais legais é que a banda estava muito afiada, a gente estava tocando ao vivo e é um disco ao vivo assim, mas sem pistas. Então, quer dizer, a gente estava tocando bem mesmo, o som que sai do disco é o som que tava tocando ao vivo ali, uma banda gigantesca. Eu fiquei muito, muito feliz de mostrar para as pessoas que o Karnak é uma bandaça”, comenta André Abujamra.
Criado por Abujamra em 1992, o Karnak nasceu da ideia de formar uma banda numerosa e livre musicalmente. Na sonoridade da banda, o global e o regional se encontram sem fronteiras: ritmos árabes, ibéricos, russos, africanos, sertanejos, punk, pop e reggae convivem em um mesmo universo.
Essa linguagem própria, muitas vezes descrita como “leve e divertida”, sempre carregou, nas entrelinhas e para o bom entendedor, densidade poética e crítica. “A nossa linguagem é leve, mas falamos coisas sérias. Somos uma banda amorosa”, afirma Abujamra. Com humor, afeto e estranhamento, as músicas já abordaram temas como identidade, diferença, fronteiras e pertencimento.
O repertório
A abertura do álbum, Abertura russa, nasce da memória afetiva de Abujamra ouvindo discos soviéticos na infância, referência que, mais tarde, se desdobraria no “russo inventado”, idioma karnakiano que marca a trajetória da banda. Em seguida, vem O indivíduo, punk com pitadas de bebop, composta quando do nascimento do primeiro filho de Abujamra. Juvenar homenageia a vida simples da roça, enquanto Mediócritas nasce em resposta a um crítico que uma vez classificou o Karnak como uma “banda natimorta”.
Estamos adorando Tokio celebra a mistura cultural e questiona fronteiras, com humor típico do grupo. A faixa, que posteriormente dá nome ao álbum de 2000, traz uma memória afetiva:
“Muita gente acha que a gente conheceu Tóquio, mas a gente nunca foi para lá. A amiga da mãe da Ana Muylaert, que foi minha esposa, chegou em Tóquio e estava tão alucinada que chegou para o motorista do táxi na cidade e falou: ‘Estamos adorando Tóquio’, em português”. Imagina, o japonês não entendeu nada, e eu achei essa história tão maravilhosa que falei ‘nossa, parece nome de disco isso’. E a gente fez esse disco. E a capa dele é a Torre Eiffel, quer dizer, aquela loucura Karnakiana”, lembra Abujamra.
Segundo o músico, o disco é dos mais World Music do Karnak, inspirado nas muitas viagens que a banda vinha fazendo.
Momentos de delicadeza e absurdo convivem em músicas como Sósereiseuseforsó/Nuvem passageira, escrita durante uma separação, e em Zoo, que discute liberdade a partir do ponto de vista dos animais. A faixa Mómountueira traz influências de Prokofiev, enquanto Depois da chuva, com voz de Marcos Bowie, mistura soul e reggae com otimismo solar.
Nas faixas finais o álbum revisita canções dos discos anteriores. Alma não tem cor, sucesso do primeiro álbum, O mundo, primeira canção composta para o projeto, funciona como manifesto karnakiano; Universo umbigo traz humor, filosofia pop e colagens musicais. Fechando o álbum, Ai, ai, ai, ai, ai, ai, que com humor e franqueza, trata das dores da humanidade sem perder a sensibilidade.
Coincidentemente ou não, o resgate do registro que deu origem ao Relicário Karnak (ao vivo no Sesc 1999), após quase três décadas, soma-se ao recente lançamento da banda, Karnak Mesozóico, cuja narrativa parte do resgate de um material perdido.
FAIXAS
1 – Abertura Russa (André Abujamra/Paulinho Moska)
2 – O indíviduo (André Abujamra)
3 – Juvenar (André Abujamra/Carneiro Sândalo)
4 – Mediócritas (André Abujamra)
5 – Estamos adorando Tókio (André Abujamra/Sérgio Bártolo)
6 – Sósereiseuseforsó/Nuvem Passageira (André Abujamra/Hermes Aquino)
7 – Depois da chuva (André Abujamra/Lulu Camargo)
8 – Zoo (André Abujamra / Theo Werneck)
9 – MóMontueira (André Abujamra / Hugo Hori/Zuzu Leiva)
10 – Alma não tem cor (André Abujamra)
11 – O mundo (André Abujamra)
12 – Universo umbigo (André Abujamra)
13 – Ai, ai, ai, ai, ai, ai (André Abujamra)
FICHA TÉCNICA
André Abujamra – guitarra e voz
Edu Cabello – guitarra
Kuki Stolarski – bateria
Hugo Hori – saxofone e voz
Marcos Bowie – trompete e voz
Sérgio Bártolo – baixo
Lulu Carmargo – teclados
Carneiro Sândalo – bateria, voz em “Juvenar”
Gravado no Teatro do Sesc Pompeia em 1999.
SOBRE KARNAK
Em 1992, André Abujamra, vocalista e guitarrista principal, após terminar seu duo Os Mulheres Negras, que formava com seu amigo Maurício Pereira, partiu para uma viagem por várias localidades do mundo, munido de um gravador de som. Através dele, coletou muitos tipos de música diferentes, pensando em criar uma banda com essas influências, mas também misturando sons brasileiros tradicionais e modernos, como rock, pop e música eletrônica. Um dos destinos da viagem foi o vilarejo de Karnak, um complexo de templos antigos no Egito. Maravilhado com a beleza do local, ele deu esse nome para sua nova banda.
De volta ao Brasil, ele chamou vários músicos para formar sua banda, sendo que a maioria eram amigos próximos, chegando ao ponto de ele manter dois bateristas na banda pois ele os considerava muito bons e era muito amigo dos dois, sendo impossível dispensar um deles. Com dez músicos, dois atores e um cachorro, o Karnak iniciou suas atividades.
Eles ensaiaram durante um ano inteiro antes de fazer sua primeira apresentação ao vivo. As apresentações ao vivo do Karnak têm um viés teatral, apresentando sempre esquetes e performances cômicas de improviso, além de figurinos diferenciados, frequentemente utilizando-se de chapéus chamativos, túnicas coloridas, etc. Na parte musical, destaca-se a habilidade de seus instrumentistas também na improvisação.
SOBRE O SELO SESC
Desde 2004 o Selo Sesc traz a público obras que revelam a diversidade e a amplitude da produção artística brasileira, tanto em obras contemporâneas quanto naquelas que repercutem a memória cultural, estabelecendo diálogos entre a inovação e o histórico. Em catálogo, constam álbuns em formatos físico e digital que vão de registros folclóricos às realizações atuais da música de concerto, passando pelas vertentes da música popular e projetos especiais. Entre as obras audiovisuais em DVD, destacam-se a convergência de linguagens e a abordagem de diferentes aspectos da música, da literatura, da dança e das artes visuais. Os títulos estão disponíveis nas principais plataformas de áudio, Sesc Digital e Lojas Sesc. Saiba mais em: sescsp.org.br/selosesc
SOBRE O SESC SÃO PAULO
Com 79 anos de atuação, o Sesc – Serviço Social do Comércio conta com uma rede de 42 unidades operacionais com atendimento presencial e 4 unidades operacionais com atendimento não presencial no estado de São Paulo e desenvolve ações com o objetivo de promover bem-estar e qualidade de vida aos trabalhadores do comércio, serviços, turismo e para toda a sociedade. Mantido pelos empresários do setor, o Sesc é uma entidade privada que atua nas dimensões físico-esportiva, meio ambiente, saúde, odontologia, turismo social, artes, alimentação e segurança alimentar, inclusão, diversidade e cidadania. As iniciativas da instituição partem das perspectivas cultural e educativa voltadas para todas as faixas etárias, com o objetivo de contribuir para experiências mais duradouras e significativas. São atendidas nas unidades do estado de São Paulo cerca de 30 milhões de pessoas por ano. Hoje, aproximadamente 50 organizações nacionais e internacionais do campo das artes, esportes, cultura, saúde, meio ambiente, turismo, serviço social e direitos humanos contam com representantes do Sesc São Paulo em suas instâncias consultivas e deliberativas. Mais informações em sescsp.org.br
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Com informações: Assessoria de imprensa Selo Sesc