Mariá Portugal lança “Erosão”
Disco chega hoje (29/10) nas plataformas digitais pelo selo RISCO no Brasil e internacionalmente pelo selo alemão Fun in the Church
Ouça: https://smarturl.it/EROSAO
A baterista, cantora, produtora e compositora Mariá Portugal (Quartabê/Arrigo Barnabé) lança seu novo álbum EROSÃO em quatro formatos: digital, vinil, CD e fanzine, pelos selos RISCO (Brasil) e Fun in The Church (Alemanha).
Atualmente dividindo-se entre as cidades de Duisburg (Alemanha) e São Paulo, onde nasceu, Mariá possui fortes raízes na canção popular brasileira, especialmente na corrente paulistana de Arrigo Barnabé, Itamar Assumpção e Grupo Rumo. Além disso, possui grande interesse em música eletrônica e improvisação livre. O álbum EROSÃO (escrito assim mesmo, em caixa alta) é o cruzamento dessas três diferentes vertentes musicais. Tal como uma pedra constituída por diferentes materiais que se modificam uns aos outros através de processos mecânicos e químicos, em EROSÃO a canção, a improvisação acústica e a manipulação eletrônica se sobrepõem e se afetam continuamente.
Mariá Portugal atua no cenário musical brasileiro há mais de 20 anos. Já gravou e realizou turnês pela América do Sul, Europa, Ásia e Oceania com artistas como Arrigo Barnabé, Metá Metá, Fernanda Takai, Zélia Duncan e Pato Fu. Entre seus principais projetos atuais está a Quartabê, com a qual se apresentou em festivais na Áustria, Alemanha, Holanda, Japão e Argentina. Mariá também possui vasta experiência em composição para dança, teatro e cinema, trabalhando tanto na Alemanha como no Brasil com diretores como Felipe Hirsch (Ultralíricos), Cristiane Paoli Quito (Nova Dança 4), Diogo Granato, Patrícia Noronha (Panapaná), Antje Siebers (Teatro Dortmund) e Ulrich Greb (Schlosstheater Moers).
A artista vem progressivamente fortalecendo sua relação com a música improvisada europeia. Em 2020 morou na cidade de Moers como a 13a Improvisadora em Residência do Moers Festival, e no início de 2021 se juntou ao grupo de curadores do Soundtrips-NRW, projeto que promove o circuito de improvisação livre da região da Renânia do Norte-Vestfália.
O universo da canção popular é o principal alicerce da formação musical de Mariá Portugal, e é também a primeira camada e o ponto de partida de EROSÃO. A artista vinha colecionando canções próprias ao longo dos anos, e vinha buscando também uma maneira de gravá-las que fosse diferente do modelo mais tradicional da música pop. Algo que fosse mais próximo da maneira eletrônica de se fazer música, com alto poder de controle sobre o material, e que ao mesmo tempo incorporasse a liberdade e a cooperação características da improvisação livre. Influenciada pela experiência de uma sessão de gravação com Negro Leo, em que o compositor maranhense reuniu diferentes músicos em estúdio para improvisar livremente sobre suas canções, a artista decidiu então fazer o mesmo; mas, neste caso, o objetivo seria gerar um material bruto, gigas de arquivos de áudio que seriam depois intensamente editados e processados em pós-produção.
No início de 2019, reúne então em estúdio alguns colegas da prolífica cena experimental paulistana: Maria Beraldo, Joana Queiroz e Chicão da Quartabê, mais Thiago França (Metá Metá), Rui Barossi, André Bordinhon (Quarteto Solto), Filipe Nader, Arthur Decloedt (Música de Selvagem) e Paulo Braga (Arrigo Barnabé). Mariá priorizou na gravação instrumentos acústicos a fim de fazer contraste ao eletrônico, montando uma formação composta por saxofone, clarinete/clarone, guitarra, piano, baixo acústico e bateria. A gravação também contou com a participação do cantor Tó Brandileone (5 a Seco). Mais que um convidado especial, Tó acabou tornando-se uma segunda voz no disco, presente em quase todas as faixas.
Em 2020, Mariá levou este material resultante num disco rígido para Moers, Alemanha, onde foi passar um ano como a 13a Improvisadora em Residência do Moers Festival. Vivendo nessa pequena cidade provinciana durante a pandemia, Mariá editou e processou o material gerado pelas improvisações, adicionando também overdubs de sua voz às gravações.
Nesta terceira e última etapa do álbum, cada faixa foi editada seguindo uma única premissa de tratamento sonoro, que se relaciona intimamente ao conteúdo da canção. “Petróleo”, por exemplo, trabalha com filtragem; “O Grão da Voz”, com micro-samples; “Telepatía”, com sons “não-desejados” da gravação. O resultado são 6 diferentes níveis de erosão do material original gerado em São Paulo, que sofreu desde pequenas interferências (como “Dois Litorais”) a transformações totais (como “Telepatía” ou “O Grão da Voz”).
A arte gráfica de EROSÃO é assinada pela premiada designer Maria Cau Levy, responsável por toda a identidade visual do trabalho. Cau e Mariá trabalharam em paralelo com a criação do álbum, usando um processo de inúmeras e sucessivas camadas fotográficas e de projeção luminosa. No Brasil, EROSÃO será lançado pelo selo RISCO primeiramente no formato de fanzine. Pensada também como um poster, a zine contém ficha técnica, letras e um código QR que dá acesso ao disco.
Maria Cau Levy é designer, arquiteta e pesquisadora. Gosta de trabalhar na fronteira entre teoria e prática, desenvolvendo projetos autorais e em coletivo. Ganhadora do prêmio jabuti 2020 (projeto gráfico) e do prêmio profissionais da música 2019 (design), seus projetos já integraram bienais como a de Veneza, São Paulo, Madrid e Caracas. Em 2019 lançou seu primeiro livro, desenvolvido junto com o coletivo @gomaoficina, “Arquiteturas Contemporâneas no Paraguai”. Atualmente é mestranda na FAUUSP e co-fundadora do espaço de pesquisa @galpaocomum.
Para promover o lançamento do álbum, Mariá Portugal faz uma temporada de concertos em Duisburg, e também se apresenta na Berliner Festspiele em novembro deste ano. Ao vivo, busca construir mais uma camada do processo criativo, “erodindo” o material do seu álbum em um concerto altamente improvisado com músicos talentosos das cenas experimentais de Colônia, Bremen e Berlim. A EROSÃO continua- viva, irreversível.
selo RISCO
Selo fonográfico fundado em 2014 em São Paulo e hoje sob direção de Gui Jesus Toledo e João Bagdadi, atua como uma plataforma de suporte na viabilização fonográfica e difusão do trabalho de artistas da cena independente. Sua proposta é fomentar e investir na carreira desses artistas por meio da colaboração em duas frentes principais: a gestão dos processos produtivos e a articulação com outros atores das cadeias criativa e produtiva da música. É casa de lançamentos de diversos artistas como: Luiza Lian, O Terno, Tim Bernardes, Jonas Sá, Quartabê, Ana Frango Elétrico, Vovô Bebê, GIO, Sophia Chablau e Uma Enorme Perda de Tempo, entre outros.
Com informações: Francine Ramos